Uma semana de ataques à liberdade de imprensa
Um presidente que dá ‘banana’ aos jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada. Um deputado, também da família presidencial, que endossa ataques a uma jornalista. Uma rede de desinformação nas redes sociais que amplifica o linchamento virtual. Uma polícia que vigia e detém jornalistas durante investigação. 12 tiros perto da fronteira com o Paraguai. Mais um jornalista morto.
Esta edição da newsletter traz um compilado dos ataques à liberdade de expressão e de imprensa ocorridos na última semana, mas também mostra conquistas que têm origem na organização da sociedade civil e no trabalho íntegro de jornalistas brasileiros. Confira.
Léo Veras é assassinado no Paraguai
Jornalista brasileiro foi assassinado com 12 tiros na cidade paraguaia Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com a cidade sul-mato-grossense de Ponta Porã, em 12.fev. Veras noticiava a disputa do narcotráfico na região, e já havia recebido ameaças de morte. Vale ler o relato que o correspondente do The Washington Post no Brasil, Terrence McCoy, escreveu sobre o jornalista.
Uma equipe da Abraji está na região para averiguar se o caso se enquadra no Programa Tim Lopes, que investiga a morte de comunicadores no país.
Ataques a Patrícia Campos Mello
A jornalista da Folha de S. Paulo voltou a ser alvo de ofensas machistas e misóginas depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro reproduziu, em sua conta no Twitter, difamações contra a repórter por parte de um depoente à CPMI das Fake News. em 12.fev.
Jornalistas brasileiras organizaram manifesto em apoio a Campos Mello, que conta com quase 3 mil assinaturas. Sobre o tema, vale escutar a edição do podcast Café da Manhã, da Folha, que entrevistou a jornalista e o professor da USP Eugênio Bucci.
Jornalistas detidos pela polícia na BA
Repórteres realizavam apuração para reportagem sobre a morte do ex-capitão Adriano da Nóbrega e foram encaminhados para a delegacia do município de Pojuca.
Cada vez que agentes policiais intimidam jornalistas, a liberdade de imprensa é ameaçada e a democracia brasileira, enfraquecida.
Realidade latino-americana
Levantamento publicado pela plataforma Voces del Sur, que a Abraji integra, mostra que o cenário de agressões a jornalistas não é exclusividade brasileira. Somente no primeiro mês de 2020, 38 casos de violação à liberdade de imprensa foram contabilizados em nove países da América Latina. Confira na matéria quais foram os casos relatados.
Uma boa notícia
Após oito anos do assassinato do jornalista Valério Luiz em Goiânia (GO), o júri popular dos cinco acusados tem data marcada. A Abraji conversou com o filho de Luiz, que comenta os impasses institucionais enfrentados pela família e as expectativas. O caso faz parte da estatística de 25% de homicídios de comunicadores ocorridos no Brasil entre 1995 e 2018 que ainda estão sendo investigados.
Abraji recomenda.
Conteúdos sobre acesso à informação, liberdade de expressão
e que podem contribuir na formação do jornalista.
Monitorar ataques no Twitter é possível
Escola de Dados
Ferramenta gratuita, desenvolvida pelo Observatório de Mídias Sociais da Universidade de Indiana (EUA), cria um índice para sinalizar hashtags, links, contas e mídias com alta probabilidade de terem sido impulsionadas na rede social de forma coordenada, com a ajuda de bots. A Escola de Dados e a Abraji produziram um manual de como usá-la.
Uma nova relação com os leitores
eldiario.es (em espanhol)
Jornalista argentino Javier Borelli produziu pesquisa no Instituto Reuters sobre o jornal espanhol eldiario.es e o francês Mediapart. Os veículos superaram a crise no modelo de negócios do jornalismo. Quais as lições possíveis de tirar a partir de suas experiências? Parece que construir uma nova relação com os leitores é o caminho.
Para seguir
Jornalismo sob ataque
Após as violações à liberdade de imprensa registradas na semana, jornalistas criaram uma conta no Twitter para agrupar informações sobre ataques ao jornalismo, jornalistas e comunicadores.
Cadê a Abraji?
Um resumo quinzenal do nosso trabalho.
Quer saber mais? Associe-se à Abraji.
No dia 08.02.2020, foi realizada em São Paulo a reunião de transição da gestão passada para a nova diretoria da Abraji. Os diretores também se reuniram para debater o plano de ação para o biênio 2020-2021.
A Abraji está planejando outras formas de ação para proteger jornalistas difamados e ameaçados que vá além das notas de repúdio.
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
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