Projeto na Capital discute a qualificação e o futuro das rádios em MS

Bosco Martins, Cristiano Flores (Abert) e Rosário Congro Neto (AER-MS), no lançamento do programa Rádio Inteligente. Foto: Humberto Marques.

Rádio Inteligente visa a preparar emissoras para o momento do veículo, que cresce em relevância; diretor-presidente da Fertel ressalta importância da modernização

Proprietários e diretores de emissoras de rádio de Mato Grosso do Sul deram mais um passo, nesta terça-feira (6), rumo à modernização e profissionalização do setor, com o lançamento do programa Rádio Inteligente.

A iniciativa partiu da AER-MS (Associação das Empresas de Radiodifusão de Mato Grosso do Sul), em parceria com o Sebrae-MS (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), cuja sede em Campo Grande abrigou o evento, visando a criação de novas oportunidades de negócio e a conscientização do novo momento do veículo, que cresce em alcance e credibilidade.

“Precisamos capacitar o empresário do rádio para novas práticas, tanto administrativas como em processos de gestão de finanças e marketing, bem como o setor de vendas e programação, porque as emissoras devem estar muito bem afinadas para prestar um serviço público ao ouvinte e dar uma resposta ao anunciante”, disse o presidente da AER-MS, Rosário Congro Neto.

Evento reuniu dezenas de diretores e responsáveis por rádios de Mato Grosso do Sul no Sebrae-MS nesta terça-feira. Foto: Humberto Marques.

Das mais de 120 empresas de radiodifusão do Estado, cerca de 40 participaram do evento, conforme o Sebrae-MS, a fim de participarem de palestras e workshops em áreas como vendas e plataformas digitais. Tito Estanqueiro, diretor de Operações do órgão, reforçou a importância do veículo graças a sua penetração nas diferentes camadas da sociedade.

“O rádio faz a diferença, por isso, quando nos procuraram questionando que alternativas tínhamos para sugerir, pusemos o Sebrae-MS à disposição”.

Momento

Cristiano Flores, diretor-executivo da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e presente ao evento, destacou a importância da capacitação diante da “convergência tecnológica” proporcionada pela internet, que reduziu custos e melhorou serviços.

O representante da Abert considera que o rádio vive “um momento muito especial”, no qual a profissionalização ajudará no alcance aos nichos de mercado. “O rádio é dinâmico e local. Embora haja veículos que queiram informar de forma global, ele trata da comunidade e, por isso, nunca deixará de existir”, considerou Flores, apontando o aumento da credibilidade do veículo, auferido em pesquisas de instituições como a XP Investimentos e o Ibope.

“O rádio se mostra mais confiável e, por isso, temos de aprender a explorar este aspecto”, ponderou. Congro Neto salientou que o veículo, a despeito de quem apostava em um encolhimento de sua relevância, vem ganhando espaço. “Pela própria mobilidade, ele está em todo o lugar: no carro, na cozinha, na sala. A audiência do rádio entre as 17h e 18h é imbatível, concorre com a própria TV”, afirmou.

Ele disse, ainda, que o alcance do rádio tende a crescer, caso seja aprovada a obrigatoriedade de telefones celulares fabricados no país mediante incentivos contarem com um chip para captação da faixa FM. “Não vai mais se sintonizar o smartphone pela internet, e sim pelas ondas de rádio, incrementando a audiência”. A proposta deve ser analisada pelo Congresso.

Palestrante Fernando Morgado falou sobre perspectivas nos setores de marketing e negócios para as rádios. Foto: Fertel.

Antenado

Presidente do Fórum Brasileiro das Emissoras Públicas de Rádio e Televisão e diretor-presidente da Fertel (Fundação Luiz Chagas de Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul), Bosco Martins reforçou o otimismo sobre o rádio. Ele citou estudo da consultoria internacional Deloitte Global, que previa para este ano que o alcance do veículo chegaria a 85% da população adulta do mundo, mesmo que semanalmente, “o que representa 3 bilhões de pessoas sintonizadas no rádio em algum momento”.

A receita estimada para o rádio ao redor do mundo é de US$ 40 bilhões, segundo a Deloitte, cerca de 1% acima do faturamento de 2018. “O mercado sabe para onde direcionar os seus recursos e, com base nesse grande público, voltou a ter um olhar mais atento para o rádio”, salientou Bosco, citando entre as características do veículo sua gratuidade, a identificação entre ouvinte e os apresentadores ou programas e o tempo real na divulgação de notícias.

“O rádio ainda é um fiel companheiro em casa, no trabalho ou nas horas de lazer. Informa e diverte com música e notícias ao redor do mundo até a sua vizinhança. Ele segue como um verdadeiro hábito da sociedade”, pontuou o presidente do fórum.

Pereira Guedes (Amambai FM) e Bosco Martins, durante evento da AER-MS. Foto: Humberto Marques.

Bosco, porém, atenta para a necessidade de modernização, já que o ambiente digital continua a avançar entre as mídias. Assim, aplicativos como o Spotify (que fornecem músicas mediante assinatura) e modelos de divulgação como podcasts vêm ganhando popularidade. “Em vez de pensar nesses novos formatos como concorrentes, devemos os enxergar como aliados e aproveitar as oportunidades que os mesmos trazem”, afirmou.

Como exemplo, o diretor-presidente da Fertel lembrou da modernização pela qual passa a Educativa 104.7 FM, que recebe investimento de R$ 200 mil para a digitalização de seu sinal, “nos moldes do que já conduzimos na TVE Cultura, dentro da determinação do governador Reinaldo Azambuja de otimizarmos serviços prestados”.

“Trabalhamos também na reformulação de nossa interface na internet, com a criação de novos portais para a rádio e a TV, de forma a permitir mais interatividade e possibilidades de acesso à nossa programação. Queremos não apenas acompanhar a modernização, mas participar desse futuro das telecomunicações”, finalizou Bosco.

Autor: Humberto Marques/Portal da Educativa

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