Foi assinado na tarde desta quinta-feira (26) um acordo entre os cinco países que compõe o Brics da Agricultura – Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul – denominado Carta de Bonito, que trata, entre outros pontos, da inovação e a tecnologia para o setor, que resultem no aumento e qualidade da produção. O documento possui sete itens, divididos em 27 parágrafos e conforme a ministra do Brasil, Tereza Cristina, foi concluído após uma série de discussões e analises, que tiveram início ainda em junho.
“Nós tratamos da inovação e a tecnologia para o setor da agricultura nos nossos países. Isso é muito importante, vem caminhando muito rapidamente e foi uma das coisas que todos tiveram um consenso; nesse trabalho de biotecnologia, nanotecnologia, das startups. E também tratamos das empresas de startap, que hoje na agricultura são importantíssimas para melhorar o processo, dar mais segurança, mais transparência, mais governança”, afirmou a ministra.
Tereza Cristina também destacou que o ‘comércio entre os países terá como embasamento a ciência. “E não às vezes como a gente tem visto aí pelo mundo, algumas indagações sobre os nossos produtos, que nem sempre são indagações que retratam a realidade. Então que sempre sejam baseados na ciência. A ciência é que vai dar o tom no comércio entre nós”.
O documento, segundo a ministra, também trata sobre os princípios da precaução ou regionalização, que deve agilizar a agricultura, dando segurança para os países envolvidos e seus parceiros comerciais e sobre as questões sanitárias, que deverão ser tratadas através dos organismos internacionais, ‘que regem as regras do mundo’.
A sustentabilidade foi o último ponto destacado pela ministra, mas ponderado como essencial. “Acho que em todos os países hoje é o assunto que o momento requer e é uma preocupação do mundo todo. Enfim, produzir mais, produzir de maneira sustentável, usar a tecnologia e usar a ciência como base para tudo que nós vamos fazer daqui para frente”, finalizou.
O ministro da Rússia, Sergey Levin destacou que o documento abarca todas as áreas da cooperação que são importantes para os cinco países. “Abrange desde a digitalização da Agricultura até outras áreas de cooperação e eu acho que essa declaração será nosso guia nos próximos meses de trabalho”.
O vice-ministro da Índia, Bimbadhan Pradhan, por sua vez, ressaltou a força dos países do Brics por meio do conhecimento, expertise, pesquisa e ferramentas de pesquisas e capacidades na área da agricultura. “Nós somos 42% da população mundial, fazemos parte de 26% da área geográfica do mundo e contribuímos com mais ou menos 27% do PIB mundial. A agricultura é um dos pilares fundamentais dos nossos países e a agenda dos países Brics aumentou muito nos últimos anos. A Índia atribui uma grande importância ao Fórum Brics, para promover crescimento global econômico, paz e estabilidade”.
Já o ministro da China, Taolin Zhang, reforçou a admiração com as práticas agrícolas do país e de Mato Grosso do Sul. “Ficamos muito impressionados com tudo que vimos, principalmente na fazenda que visitamos aqui em Bonito. Ela une agricultura, pecuária e turismo, mostrando um desenvolvimento sustentável”.
O ministro da África do Sul, Mcebisi Skwatsha, encerrou a explanações, brincando com a paixão dos seus conterrâneos pelo futebol brasileiro. “Quando disse que viria para o Brasil aos meus amigos, eles na hora pediram – falem com o time brasileiro”. Já em relação ao Brics, o ministro destacou que além de contribuir, eles têm muito a aprender com a forma de produção dos demais, principalmente porque seu país ainda passa por uma reestruturação econômica, após um longo período de domínio de minorias, visando uma qualidade de vida para todos de forma homogênea.
Os ministros do Brics estiveram reunidos em Bonito, interior de Mato Grosso do Sul, durante os dias 25 e 26 de setembro para a 9ª reunião anual. O evento foi realizado no Observatório Socioambiental EcoSesi Bonito, e incluiu visitas a um atrativo turístico e uma propriedade rural que alia agricultura, pecuária e turismo no mesmo espaço.
Autora: Kemila Pellin/Portal da Educativa