01 Ago 2019

Selic atinge marca histórica de 6%

Foram 16 meses de juros estacionados. Mas, ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu reduzir em 0,50 ponto percentual a taxa básica da economia, Selic, que chegou a 6% ao ano. É um novo piso da série histórica, iniciada em junho de 1996. O BC enxerga possibilidade de recuperação da economia, embora num ritmo gradual. A inflação, com o IPCA de 2019 em 3,6%, está bastante abaixo do centro da meta — 4,25%. (Estadão)

Pois é… Os americanos também baixaram sua taxa básica. O Fed anunciou redução de 0,25 ponto percentual, chegando à faixa de 2% a 2,25%. (CNBC)

Celso Ming: “Em julho de 2015, a Selic era de 14,25% ao ano. Agora, está no início da fase de aterrissagem, processo vivido há mais tempo pelos países avançados, que hoje trabalham com juros muito perto do zero por cento ou mesmo negativos. Desta vez, inflação e juros rastejantes não foram obtidos por mecanismos artificiais, como congelamento de preços, subsídios ao consumo ou tabelamentos do câmbio, dos juros e da correção monetária. São efeitos estruturais sustentáveis. Como está no comunicado do Copom divulgado após a reunião, uma das razões pelas quais os juros agora podem cair é a fraca atividade econômica. A pergunta agora é se mais dinheiro no mercado provocará a ansiada recuperação.” (Estadão)

Josér Paulo Kupfer: “Até o fim do ano, os juros anuais terão caído para 5,5% ou 5% (e mesmo abaixo disso). Isso significa que os juros-base da economia adentrarão um terreno desconhecido, no qual a taxa de juros real, ou seja, descontada a inflação, ficará nas vizinhanças de 1%. Para quem toma dinheiro emprestado, não chegará a mudar muita coisa. O spread bancário se encarregará de manter altos os juros na ponta do tomador final do empréstimo. Mas, para quem investe, a novidade trará quase uma revolução na maneira como se está acostumado a aplicar economias. Será necessário sair da zona de conforto das aplicações puras em renda fixa e ingressar em áreas de investimentos que prometem recompensar melhor o investidor, mas que trazem com eles doses maiores de risco.” (UOL)

Ao identificar o ministro José Antonio Dias Toffoli como um obstáculo para a Lava Jato, o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, procurou investigá-lo sigilosamente. “Queria refletir em dados de inteligência para eventualmente alimentar vocês”, escreveu a um dos assessores do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Quando a Veja publicou uma capa sobre a reforma de uma casa de Toffoli cujas obras teriam sido pagas pela OAS, o Supremo reagiu e as negociações de delação com executivos da empreiteira foram suspensas por Janot. Naquele momento, Carlos Fernando e Dallagnol, os nomes mais proeminentes da força-tarefa, entraram em conflito. “Só devemos agir em relação ao STF com provas robustas”, argumentou Carlos Fernando. “O que está em jogo aqui é o próprio instituto da colaboração.” Ministros do Supremo só podem ser investigados pela PGR. (Intercept)

A Polícia Federal prendeu, ontem, Dario Messer, apelidado pelos procuradores da Lava Jato de doleiro dos doleiros. Ele estava foragido desde maio de 2018 e imaginava-se estar fora do Brasil. Foi encontrado em São Paulo. (Globo)

Então… Foi ontem às ruas a fase de número 62 da Lava Jato, com foco numa operação que, entre 2006 e 14, lavou R$ 329 milhões da Odebrecht na Cervejaria Petrópolis. Seu dono, o empresário Walter Faria, está foragido. (Estadão)

Rodrigo Jungmann, UFPE — um dos nomes mais conhecidos da direita nas universidades brasileiras: “Odeio o comunismo, acho a maior parte dos comunistas pessoas cegas, idiotas ou perversas, mas é simplesmente grosseiro e desumano supor que um comunista seja incapaz de amor filial. Não se tripudia, não se debocha, não se fala em tom de pouco caso da perda de um pai. Certa direita me terá na conta de traidor. Apenas não me furtei à tarefa de pensar. É que certa direita, em matéria de consciência moral, jamais vai além das quatro operações. Sou mais de direita do que jamais fui. Sou menos bolsonarista do que um dia julguei possível ser. Incorrem em erro patente e grosseiro todos aqueles que confundem essas duas categorias. Melhor dito, não sou mais bolsonarista em absoluto e me arrependo de um dia ter feito campanha para esse senhor. Quero uma outra direita. Uma direita que pense.” (Facebook)

Pedro Doria: “Precisamos voltar a nos sentar para conversar. Entre Sarney e Temer, o Brasil consolidou algumas políticas de Estado. Uma maneira de olhar para a cultura, para a educação, para o Meio Ambiente, para políticas relacionadas a minorias que, embora com variações, se mantiveram baseadas nos mesmos princípios. Bolsonaro manifesta o desejo de romper com este Brasil. Ele parece estar se consolidando na casa dos 30% de aprovação. Perante uma oposição dividida em guerras internas, sairá em vantagem para reeleição. Dois conjuntos maiores representam quem quer distância do bolsonarismo. A esquerda e os liberais. A esquerda tem convicção de que, quando os liberais celebraram a Lava Jato, apoiaram o impeachment, plantaram ali a semente para uma escalada do bolsonarismo. Os liberais têm convicção de que, somando o volume descoberto da corrupção e a inépcia econômica do governo Dilma, criou-se o ambiente para uma escalada do bolsonarismo. Estes pontos de vista não vão mudar. Liberais e as esquerdas discordarão a respeito da condução da política econômica. Discordarão, também, na forma como se conta a história do Brasil nos últimos anos. Tudo isto posto, há pontos nos quais são capazes de concordar. Exceção feita à turma que cultua aquele estranho híbrido liberal na economia, conservador nos costumes, esquerdas e liberais têm imensos pontos de contato. Política de legalização de drogas, de inclusão para mulheres e LGBTs, políticas ambientais incluindo-se, aí, a manutenção da dignidade dos povos indígenas. As diferenças são grandes o suficiente para que não escolham os mesmos candidatos no primeiro turno de uma eleição. Mas podem se unir num segundo. Para que isto aconteça, é preciso diálogo e respeito por discordâncias. Começa com uma mudança de tom e de vocabulário. Acusar o outro de ser responsável pela eleição de um autoritário não faz amigos. Termos como isentão ou esquerdopata, expressões como lambe botas ou passar pano, tudo faz parte do discurso de confronto. Agressividade, como regra de jogo, monta um tabuleiro no qual o bolsonarismo ganha.” (Facebook)

VIVER

Quatro detentos que sobreviveram ao massacre no presídio de Altamira foram assassinados durante a transferência. Eles morreram asfixiados e faziam parte de um grupo de 30 detentos a caminho até a cidade de Marabá, a 600 km de distância. MP e Polícia Civil investigam como foi possível uma briga, sendo que todos estavam algemados. No início da manhã de ontem, as transferências dos presos foram interrompidas.

Guardados de forma improvisada em um caminhão frigorífico sob o sol amazônico, os corpos estão se decompondo em meio à dificuldade para identificar as vítimas. Foram 16 pessoas esquartejadas e 41 carbonizadas. O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que as mortes de quatro presos durante deslocamento são problemas que “acontecem”.

O trabalho de Claudia Andujar, fotógrafa e ativista suíça naturalizada brasileira, é reconhecido no mundo inteiro e será tema de uma grande exposição na Fondation Cartier em dezembro. Desde a década de 1970, Claudia se dedica à defesa dos índios Yanomami acompanhando a lutas dos povos indígenas do Brasil. (Le Monde)

CULTURA

Filme de Martin Scorsese para a Netflix, O Irlandês ganhou trailer, levando o nome do cineasta para os principais assuntos do Twitter mundial. A grande aposta para o Oscar 2020 conta com um elenco de peso: Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci.

A trama narra um dos grandes mistérios não resolvidos da história americana — o desaparecimento do lendário líder sindical Jimmy Hoffa (Pacino) — e se transforma em uma jornada monumental pelos corredores do crime organizado: seus mecanismos, rivalidades e associações políticas. O longa é contado sob a perspectiva do veterano da Segunda Guerra Mundial Frank Sheeran (De Niro), um assassino profissional que trabalhou ao lado de algumas das personalidades mais marcantes do século 20. Efeitos digitais foram utilizados para mexer na idade dos atores ao longo das décadas.

Com um recorde de longas-metragens cearenses nas mãos dos curadores, nove no total, e mais de 100 curtas inscritos, o 29º Cine Ceará acontece de 30 de agosto a 6 de setembro, em Fortaleza. Quatro longas terão exibições especiais. Além de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz, outros dois diretores cearenses estarão no festival: Wolney Oliveira, com Soldados da Borracha, e Allan Deberton, com Pacarrete. A ficção Maria do Caritó, estrelada por Lilia Cabral e dirigida por João Paulo Jabur, também está na lista.

Várias versões das cartas do casal Fitzgerald já foram publicadas, mas Querido Scott, Querida Zelda (Amazon) afirma ter a coleção mais completa, da parte de Zelda, da correspondência. Os editores, Jackson R. Bryer e Cathy W. Barks, escrevem: “As novas cartas, colocadas cronologicamente com as coletadas antes, nos permitem ver a relação delas de uma maneira mais imparcial.” No caso de Zelda, houve uma completa apropriação — é sabido que Fitzgerald tirou passagens de suas cartas e diários para sua ficção. “Essa coleção foi organizada na esperança de reabilitar a reputação de Scott, retratá-lo como uma vítima também — de seu alcoolismo — e mais favorável a Zelda. Os editores e a neta dos Fitzgeralds, Eleanor Lanahan, querem absolvição para o escritor. Suas cartas são débeis e poucas, comparadas às de Zelda. Ele nunca foi um encanto como escritor de cartas – muito rabugento e carrancudo e sempre, você percebe, se preparando para pedir um empréstimo. Sua correspondência, disse Gore Vidal, deveria ser preservada, não publicada. (Estadão)

COTIDIANO DIGITAL

O Congresso americano está decidido a acelerar a adoção dos carros autônomos no país. Lhe falta, porém, os parâmetros para redigir uma regulamentação que não coíba a tecnologia sem a liberar excessivamente. Por conta, parlamentares tanto republicanos quanto democratas enviaram para as principais empresas do ramo assim como a ongs ligadas a segurança digital, cartas-convite com perguntas sobre como deveria ser a lei. Suas dúvidas abrangem temas como cibersegurança, privacidade e garantia de acesso a pessoas com deficiências. A tradicional Aliança Manufatureira de Automóveis (AAM, na sigla em inglês), que desde 1911 representa a indústria e inclui as principais marcas de Detroit assim como inúmeras europeias, quer começar a colocar seus veículos nas ruas. A tecnologia está chegando no ponto em que ficará pronta.

A Lyft, principal concorrente da Uber nos Estados Unidos, está se vendo obrigada a recolher suas bicicletas elétricas que havia espalhado pela cidade de San Francisco e vizinhança, no Vale do Silício. Em abril, a companhia já havia sido obrigada a retirar suas bicicletas de San Francisco e Nova York, por conta de freios que estavam reagindo de forma brusca. O problema agora é mais sério. Duas das bicicletas entraram em combustão instantânea, uma no fim de semana e, a segunda, ontem. Há algum problema nas baterias.

Pokémon Go, o popular jogo para smartphones, completou em julho três anos de idade. E cruzou a marca de um bilhão de downloads, para iPhones ou Android. Demorou. Os primeiros 500 milhões vieram logo, em dois meses, ainda em 2016. A outra metade foi ganha desde então. O faturamento no período foi de US$ 2,6 bilhões, segundo estimativas.

Fonte: @Meio

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