05 de Junho de 2020

BRASIL CHEGA A TERCEIRA NO MUNDO EM MORTES POR COVID

Cem dias completados ontem para que a gripezinha descrita por Jair Bolsonaro passasse a matar um brasileiro por minuto. Desde o 1º diagnóstico da Covid-19, em 25 de fevereiro em São Paulo, até este 4 de junho, 34.021 pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus. O saldo supera neste mesmo dia o da Itália. Com mais de 4.000 mortes ainda em investigação, é difícil dizer se o país atingiu um pico de óbitos diários e quando isso ocorreu. A métrica precária, mas possível, vem dos registros diários de novas mortes confirmadas, que bateram recordes nos dois últimos dias. Em homenagem às vítimas, o fundo do site da Folha está negro. De luto. O governo opera para segurar dano à imagem. Para evitar que o Jornal Nacional possa abrir com o número de mortes provocadas pela doença, o Ministério da Saúde pelo segundo dia seguinte atrasou para após o noticiário o anúncio do levantamento. O jornalismo da TV Globo passou a fazer a conta com a equipe do G1, que está se informando diretamente com as secretarias estaduais de Saúde.

O Ministério da Saúde negou atraso proposital na divulgação de dados sobre infectados e mortos. A divulgação tem sido feita cada vez mais tarde. No começo da pandemia, ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta, a situação epidemiológica era apresentada diariamente em entrevista à imprensa. Desde o começo de maio, os dados passaram a ser divulgados depois das 19h e são comentados por técnicos apenas em declarações a jornalistas no dia seguinte. (Estadão)

E daí? O Brasil passou a Itália, primeiro símbolo da tragédia, onde o vírus se instalou antes, em janeiro, e faz do país o 3º em óbitos na pandemia. Em número de mortes chegou a 3º no ranking. O Ministério da Saúde divulgou ontem, em boletim diário da pandemia do coronavírus no Brasil, que o país teve 1.473 mortes confirmadas em 24 horas e chegou a 34.021 no total. Os dados apontam, pelo terceiro dia consecutivo, o maior número contabilizado no período. O índice supera a alta de quarta-feira, quando foram registrados 1.349 óbitos Com os registros mais recentes, o país está atrás apenas do Reino Unido (39.987) e dos Estados Unidos (107.474), segundo ranking da Universidade Johns Hopkins. (Uol)

O balanço, que foi divulgado por volta das 22 horas, registrou também 366 mortes que aconteceram nos últimos 3 dias. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, há mais 4.159 suspeitas que estão sob investigação. A taxa para cada 100 mil habitantes aponta que o Brasil tem 14 mortes a cada 100 mil. Essa taxa mostra o efeito do vírus em países menos populosos, como o Reino Unido (66,6 milhões) e a Itália (60,3 milhões de habitantes), em comparação com os EUA (329,5 milhões) e Brasil (209,5 milhões). Nessa comparação, o país fica atrás dos Estados Unidos (32,9), da Itália (55,8) e do Reino Unido (59,9). Nestes países, o pico diário de mortes foi alcançado há mais tempo que no Brasil, e muitos já passam por um processo de desaceleração na contagem de mortos. (G1)

Enquanto cidades ensaiam a reabertura econômica, a pandemia do novo coronavírus ainda cresce no Brasil num momento em que praticamente todos os Estados ainda apresentam níveis de contágio elevados, com índice de transmissão superiores a 1. Isso significa que cada infectado transmite a Covid-19 para mais de uma pessoa, um índice superior à marca ventilada por especialistas para considerar desaceleração dos contágios. Ceará, Pernambuco e Espírito Santo começam a apresentar uma tendência de estabilização no registro de novos casos. Na contramão dessa possível desaceleração, está Goiás. Por enquanto, o Brasil segue com dificuldade de desenhar o tamanho e a intensidade da epidemia no país. (El País)

Em São Paulo, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e o Sindicato dos Advogados entraram na Justiça com ação contra o estado e a capital paulistas pedindo a suspensão do decreto que flexibiliza a quarentena. “O defendido ‘direito individual de ir e vir’ não pode prevalecer diante do interesse coletivo de proteção à saúde”, diz o documento. (Mônica Bergamo)

O periódico científico The Lancet anunciou na tarde de ontem que um artigo publicado em 22 de maio refutando os benefícios da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento para a Covid-19 foi retratado, ou seja, retirado da revista. O processo é semelhante ao de uma correção. Frequentemente, são os próprios autores que submetem ao periódico um pedido de retratação. A revista científica também publicou ontem sua própria nota, afirmando que o aviso de retratação será incluído em breve na página onde está o artigo, que com isso não poderá mais ser citado por outros autores em sua bibliografia. (BBC)

Enquanto isso, Bill Gates se concentra em garantir a capacidade de produção de uma vacina antes mesmo que esteja pronta. Seu plano é investir em fábricas em todo o mundo para produzir bilhões de doses garantindo assim que as regiões mais pobres não sejam deixadas para trás na corrida por vacinas contra a Covid-19. A Fundação Bill & Melinda Gates também está ajudando a comprar doses em potencial para países de baixa renda com US$ 100 milhões por um esforço liderado pela organização sem fins lucrativos Gavi, The Vaccine Alliance.

Não foi a geosmina que provocou gosto e cheiro ruins na água do Rio de Janeiro do início do ano. Segundo análises de pesquisadores da UFRJ exibidas pelo RJ2, um laudo do estudo encontrou uma forte presença de esgoto doméstico e também poluição industrial. (G1)

Miguel Otávio da Silva, de 5 anos, caiu após subir na área dos aparelhos de ar-condicionado, na ala comum de um edifício no Centro do Recife na última terça-feira. O garoto passava o dia com a mãe no apartamento dos empregadores, o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker, e a mulher dele, Sari Corte Real. Em entrevista coletiva transmitida pela internet, a polícia disse que tudo indica que Miguel sofreu o acidente quando procurava pela mãe, que tinha saído para passear com o cachorro dos patrões. Segundo perícia, ele caiu de uma altura de 35 metros. De acordo com o delegado, as câmeras do circuito interno do condomínio mostram o momento em que a mulher colocou Miguel sozinho no elevador. A Polícia Civil de Pernambuco autuou a patroa por homicídio culposo. (Extra)

Os EUA chegaram ao 10º dia de protestos antirracistas. O dia foi marcado por manifestações pacíficas e pelo primeiro funeral de George Floyd. Após Mineápolis, cidade onde ele foi assassinado, as homenagens se estenderão por seis dias, passando por Houston, onde Floyd foi criado, e Carolina do Norte, onde nasceu.

CULTURA

Em Quase Feliz, Sebastián apresenta um programa de rádio de grande audiência e chega a ser reconhecido na rua, mas isso não o satisfaz. Tudo o que ele quer é voltar com a ex-mulher, o que o impede de começar novos relacionamentos. Criada e estrelada pelo ator, roteirista e radialista argentino Sebastián Wainraich, a sitcom é um sucesso em seu país de origem, Argentina e entre os hermanos. Na série, Buenos Aires surge como uma cidade vibrante e de ruas lotadas. A produção é anterior à pandemia, mas sua trama se desenrola nos dias de hoje com seu protagonista vivendo dramas contemporâneos. Disponível na Netflix brasileira. Assista.

Na programação musical do Sesc Ao Vivo, que rola no YouTube e no Instagram, Teresa Cristina se apresenta hoje, Francis e Olivia Hime amanhã e, no domingo, Renato Teixeira. A escritora Bruna Beber e a cantora Leticia Novaes, a Letrux, conversam hoje sobre a relação entre poesia e música no YouTube da Biblioteca Mário de Andrade. Na mesma noite tem show de Marcelo D2 em live do Multishow e uma roda de samba virtual com Moacyr Luz no Instagram. Amanhã, às 11h, a artista e escritora Grada Kilomba  conversa no Instagram da Pinacoteca de São Paulo sobre as suas Desobediências Poéticas e os recentes protestos antirracistas nos EUA e no Brasil.  Para quem está sentindo das pistas, a festa ODD realiza hoje uma edição virtual pelo Twitch. Em parceria com a Spcine, o MIS-SP exibe amanhã o filme S. Bernardo, clássico de Leon Hirszman baseado em Graciliano Ramos, com um debate na sequência. É preciso se inscrever. Para mais dicas culturais, assine a newsletter da Bravo.

COTIDIANO DIGITAL

O Zoom deve ter ajuda do Google para aumentar a segurança. A empresa de videoconferência estaria em negociações avançadas com a divisão de nuvem do Google sobre o uso de um serviço de segurança da big tech que alerta os usuários sobre os perigos de clicar em links associados a sites maliciosos, segundo o Information. As críticas às brechas na segurança da plataforma levaram o Zoom a anunciar que implementará criptografia de ponta a ponta apenas para clientes pagos.

Por falar em segurança… O Google está sendo processado em US$ 5 bilhões por induzir os usuários a pensarem que sua navegação no modo anônimo é privada. A ação protocolada na Califórnia alega que, além de coletar abertamente as preferências de compras, restaurantes e entretenimento dos usuários, a empresa também mantém relatórios sobre o que é pesquisado.

E, em meio a críticas, o Facebook vai bloquear nos EUA anúncios pagos por agências de comunicação ligadas a governos. A medida vale para qualquer mídia estatal do mundo que direcionar publicidade aos usuários americanos no período eleitoral.

Enquanto por violação aos direitos autorais, o Twitter tirou do ar vídeo de campanha de Trump em tributo a George Floyd, assassinado por um policial branco.

ECONOMIA

O lucro dos bancos em 2019 bateu recorde. De acordo com o relatório do BC, se aproximou dos R$ 118 bilhões — o maior nível da série histórica desde 1994. A rentabilidade também aumentou 16,5%, contra 14,8% em 2018, e retornou a patamares registrados em 2011. Essa rentabilidade está entre as maiores do mundo, superando grande parte dos países desenvolvidos, como EUA, Itália, Reino Unido e Japão. Esses aumentos acontecem em um cenário de juros bancários elevados. Apesar de a Selic ter tido uma queda de dois pontos percentuais de 2018 para 2019, os juros bancários médios recuaram apenas 1,6 ponto percentual no ano passado. (G1)

Porém… A concentração de crédito entre os cinco maiores bancos teve uma pequena queda. O Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Caixa realizaram 80,7% das operações em 2019 — no ano anterior eram 82,2%. (Estadão)

Com a pandemia, o BC estima alta de 7,6% do crédito bancário neste ano, puxada por concessões a grandes empresas. Os bancos esperam que a inadimplência no crédito atinja 2,8% entre as grandes empresas e 4,9% entre as micro e PMEs. (Globo)

Já faz 70 dias que os estados aguardam a ajuda federal de R$ 60 bilhões para medidas contra a pandemia. Enquanto as mortes aumentam pelo país, a previsão do Ministério da Economia é liberar os recursos só semana que vem. Pelo menos 80% dos municípios e 17 governadores já abriram mão de entrar com ações contra a União — uma das exigências. Atrás de recursos, os estados pediram ao Congresso para derrubar o veto de Bolsonaro no repasse de R$ 8,6 bilhões, que estava em um fundo antigo. Maia afirmou que o veto surpreendeu os parlamentares, já que havia um acordo entre o Congresso e o Executivo sobre o tema. (Globo)

Míriam Leitão: “O veto faz parte do jogo do presidente Bolsonaro, que adia ao máximo qualquer tipo de ajuda a estados. O governo deveria tomar providências para agilizar o socorro. Até aqui, os recursos que os governadores e prefeitos já receberam partiu dos fundos de Participação dos Estados e o dos Municípios. A divisão ali beneficia mais os estados do Norte e do Nordeste. Para os estados que tiveram mais gastos, a ajuda é menor até este momento. O corpo mole é parte da estratégia do governo federal. O presidente pressiona os governadores para que reabram a economia, que sempre foi o grande objetivo de Bolsonaro. Os estados e municípios tiveram queda de arrecadação e aumento dos gastos. Eles não podem emitir dinheiro nem dívida, esse poder só o governo federal tem. É o momento de o governo federal cumprir sua função e ajudar solidariamente os entes federativos.” (Globo)

O Ibovespa fechou em +0,89%. O índice foi na direção contrária de Nova York que fechou sem uma direção clara. Pesou por lá o número de pedidos de seguro-desemprego acima do projetado pelo mercado. O S&P 500 fechou em -0,34% enquanto o Dow Jones ficou +0,05%. Nesse cenário, o dólar ficou em alta em R$ 5,13.

As Bolsas na Ásia fecharam em alta. Shanghai ficou em +0,40%, Hong Kong em +1,66%, Tóquio em +0,74% e Coreia do Sul em +1,43%. Na Europa, os índices também abriram em alta repercutindo o novo pacote de estímulos do Banco Central Europeu. Pela manhã, O FTSE 100 estava em +1,01%, o CAC 40 francês em +1,93% e o DAC alemão em +1,66%.

POLÍTICA

Há um impasse a respeito dos movimentos de rua convocados pelas torcidas organizadas em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro e marcados para o fim de semana. Partidos de oposição ao governo, que incluem PSB, PDT, PT, Cidadania e PSD publicaram nota pedindo que as pessoas não compareçam às manifestações de domingo. “Adiaremos à ida às ruas, pelo bem da população, até que possamos, sem riscos, ocupa-las, em prol da população.” Mas não é apenas por conta do isolamento social. Os políticos temem, igualmente, que ocorram confrontos com a Polícia Militar que possam ser operados politicamente pelo governo federal. (Folha)

O movimento virtual encampado por Eduardo Moreira, que se baseia na hashtag #somos70porcento publicou um vídeo promovendo a união de todos os braços da oposição. Assista.

Por sua vez, em sua tradicional live de quinta-feira, Bolsonaro também pediu a sua militância que não vá às ruas este fim de semana. Ele prevê que os protestos pró-democracia terminarão em violência. “Não é liberdade de expressão, é quebra-quebra”, afirmou o presidente. “Não é porque tem uma faixa escrito ‘democracia’ que os caras estão defendendo democracia.” Segundo Bolsonaro, os antifas são os novos blackblocs e os manifestantes são marginais. Ele incentivou governadores a reprimir as manifestações com a polícia. (Poder 360)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, depôs ontem na Polícia Federal no inquérito que estuda se ele foi racista em um tuíte no qual trocava os Rs por Ls ao mencionar os chineses. “O conteúdo da postagem foi pensado para que eu pudesse abordar um tema da maior seriedade sem ser enfadonho, na dinâmica própria das redes”, ele afirmou. Segundo o ministro, quando relacionou a China com a pandemia não estava fazendo uma ilação, mas uma afirmação. Em seu tuíte, Weintraub sugeriu que a o país sairia fortalecido politicamente por conta da doença, deixando sugerido que tudo poderia fazer parte de um plano. O ministro entregou seu depoimento por escrito, ficou trinta minutos na sede da PF, e à saída acusou o Supremo, que move o inquérito, de estar atacando sua liberdade de expressão. Foi carregado por militantes. (G1)

É consensual, entre os médicos ouvidos pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que não será possível realizar eleições municipais em outubro. Segundo Mônica Bergamo, o ministro do Supremo ainda não tomou qualquer decisão e planeja debater o tema com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. É do Congresso a decisão final. (Folha)

Fonte: Meio

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