06 de Julho de 2020

VIVER

O Brasil teve 535 mortes registradas por conta do novo coronavírus em 24 horas e passou da marca de 1,6 milhão de infectados, mostra levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Com isso, são 64.900 óbitos pela Covid-19 no país no total.

Mesmo com recordes de novos casos de Covid-19 no Brasil e alto número de mortos pela doença, a pressão de setores econômicos e de alguns governantes parece ter se sobreposto às recomendações sanitárias no País. Nas últimas semanas, a maioria dos Estados anunciou planos de reabertura e, por mais que novas quarentenas não estejam descartadas, parte da população já retomou o trabalho presencial e atividades de compras e lazer, chegando a lotar vias de comércio popular, como a 25 de Março, em São Paulo, e até bares, como visto na cena que causou polêmica nesta semana no Leblon, zona sul do Rio.

No fim de semana viralizaram vários vídeos de bares abarrotados, com pessoas nas calçadas, sem máscara. Em um deles, clientes de um bar na Barra da Tijuca cantavam “Eu não vou embora”, enquanto se recusavam a deixar o local durante uma fiscalização da Vigilância Sanitária.

Mas algumas casas no Rio se recusam a abrir mesmo com o aval da prefeitura

Em São Paulo, bares e restaurantes e salões de beleza da capital paulista poderão abrir as portas a partir de hoje seguindo as recomendações da prefeitura. No sábado (4), o prefeito Bruno Covas assinou um protocolo que determina as regras a serem seguidas para evitar aglomerações e novos contágios da Covid-19.

Na Inglaterra, ficou “muito claro” que pessoas bêbadas são incapazes de cumprir as regras de distanciamento social, disse o chefe da Federação Policial após a reabertura de bares no país no último sábado. Diversas imagens veiculadas na imprensa e compartilhadas nas redes sociais mostraram aglomerações nas ruas do Soho, bairro boêmio da capital, Londres.

E a Índia ocupa agora a terceira posição no ranking de países mais afetados pelo coronavírus depois de registrar um número recorde de casos por dia.

A cura da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) está próxima, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trata-se do primeiro estudo, em escala global, a testar um supertratamento em indivíduos cronicamente infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O infectologista Ricardo Sobhie Diaz coordena a pesquisa juntamente com a sua equipe. Diaz vem trabalhando em duas frentes para a cura da doença. Uma delas utiliza medicamentos e substâncias que matam o vírus no momento da replicação e eliminam as células em que o HIV fica adormecido (latência); a outra desenvolve uma vacina que leva o sistema imunológico a reagir e eliminar as células infectadas nas quais o fármaco não é capaz de chegar. Para os integrantes do subgrupo que apresentou os melhores resultados até o momento, foram administrados mais dois antirretrovirais: o dolutegravir, a droga mais forte atualmente disponível no mercado; e o maraviroc, substância que força o vírus, antes escondido, a aparecer.

A Fórmula 1 voltou ontem com uma corrida cheia de alternativas, com várias quebras e o safety car entrando na pista em algumas oportunidades. No fim, domínio da Mercedes, com Valtteri Bottas vencendo o GP da Áustria. Lewis Hamilton chegou em segundo, mas recebeu uma punição de cinco segundos e caiu para quarto.

Antes da prova, os pilotos fizeram uma manifestação antirracista, usando camisetas pretas. Vários deles se ajoelharam, perfilados na linha de chegada. Seis, porém, preferiram não se ajoelhar: Max Verstappen, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Danil Kvyat, Antonio Giovinazzi e Kimi Raikkonen.

ECONOMIA

As fusões e aquisições globais chegaram ao seus menores níveis em mais de uma década. Foram fechados apenas US$ 485 bilhões em negócios desde abril — uma queda de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2019, segundo o Refinitiv. A maior queda foi nos EUA, de quase 90% em relação ao ano anterior. Até agora, os negócios acima de US$ 10 bilhões caíram 60% e o volume de transações atingiu o seu menor nível em sete anos. (Financial Times)

Mas… As startups no Brasil têm se dado bem. Entre janeiro e maio, tiveram mais aportes do que ano passado, segundo a Distrito. Para investidores, o segundo semestre não será melhor do que o de 2019, que fugiu da curva com aportes do Softbank nas startups Gympass, Loggi e Creditas. Mas oportunidades devem surgir em áreas como saúde, educação, agronegócio e e-commerce. (Estadão)

O risco de investir no Brasil voltou ao pior nível desde 2016. O risco país disparou 178 pontos desde o início da pandemia, indo de 210 para 388 pontos entre fevereiro e junho, segundo o índice EMBI+, do JPMorgan. Esse é o pior patamar desde o impeachment da Dilma, quando o índice bateu em 384 pontos. A estimativa da consultoria MacroSector é que o Brasil termine 2020 com média de 350 pontos, ante 241 no ano passado. (Estadão)

Míriam Leitão: “O segundo semestre não será fácil. Essa é a visão que se consegue ouvir no Congresso e entre economistas. O governo não tem um plano organizado para sair da crise, o país não tem espaço fiscal, a dívida subiu, os estados não têm capacidade de investimento, as empresas grandes terão resultados ruins, e muitas pequenas e médias terão quebrado. A conclusão é que é cedo para dizer que o pior passou, porque as famílias vão conviver por muito tempo com a queda na renda. A ideia de que basta retomar as reformas bate na pergunta: que reformas? A reforma tributária pode ser concluída, segundo se diz no Congresso, mas como foi iniciativa do parlamento e sem participação do executivo conseguirá apenas simplificar o sistema de impostos sobre consumo. O que é sem dúvida uma ajuda, mas a reforma administrativa não será apresentada, na convicção de líderes do Congresso, porque o presidente Bolsonaro não quer, e as corporações, também não. No Congresso, o que se diz é que no governo não ficou resolvida a disputa sobre como será a retomada, se seguindo o grupo dos militares, Tarcísio de Freitas e Rogério Marinho, que advogam uma presença maior do Estado na recuperação, ou segundo a direção do ministro Paulo Guedes. O cenário neste segundo semestre está assim, muita incerteza sobre a retomada e dúvidas sobre a evolução da pandemia. Os indicadores parecerão bons em termos de atividade quando comparados com a queda do segundo trimestre, mas há o risco de uma elevação muito forte do desemprego.” (Globo)

Mesmo em meio aos números crescentes da Covid-19, o mercado está mais positivo. As Bolsas asiáticas fecharam nos seus níveis mais altos em quase quatro meses com a expectativa de novos estímulos dos bancos centrais. Shangai ficou em +5,71%, Hong Kong em +3,81%, Tóquio em +1,83% e Coreia do Sul em +1,65%. A Europa também está mais otimista com uma recuperação econômica. Pela manhã, Londres estava em +1,85%, Frankfurt em +1,45% e Paris em +1,50%.

CULTURA

Antonio Bivar, escritor e dramaturgo, morreu ontem, aos 81 anos, no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. A morte ocorreu por complicações respiratórias, em decorrência da Covid-19. Em setembro do ano passado, lançou sua autobiografia, Perseverança, pela editora Humana Letra. Autor de livros como O que É Punk, Bivar foi figura importante da contracultura brasileira durante a ditadura militar. Em 1982, organizou o festival punk O Começo do Fim do Mundo, no Sesc Pompeia, com bandas que teriam carreiras longevas, como Ratos de Porão, Cólera, Inocentes e Olho Seco, e outras que acabariam esquecidas, como Estado de Coma, Passeatas, Hino Mortal e o grupo feminino Skisitas.

Martha Rocha, a primeira Miss Brasil, morreu aos 87 anos, no último sábado em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Nascida em Salvador, ela ganhou o primeiro concurso de Miss no país, em 1954. Conhecida como um ícone da elegância no Brasil, Rocha chegou a disputar o Miss Universo.

Ennio Morricone, um dos mais conhecidos compositores de trilhas sonoras de todo o mundo, morreu em Roma aos 91 anos. Um comunicado divulgado hoje pelo advogado e amigo Giorgio Assuma informou que o maestro italiano morreu “nas primeiras horas de 6 de julho no conforto de sua família”. Segundo a nota, ele “permaneceu lúcido e com grande dignidade até o fim” e “se despediu de sua amada esposa Maria”. Morricone compôs trilhas sonoras para quase 500 filmes, incluindo vários do gênero western, como o clássico Três homens em conflito (1966), de seu amigo Sergio Leone, e Os oito odiados (2016), de Quentin Tarantino, pelo qual ganhou o Oscar. Ele já havia sido indicado nessa categoria outras cinco vezes.

Manifestantes demoliram uma estátua de Cristóvão Colombo, considerado o descobridor do continente americano, na cidade de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos. Foi no sábado, num novo episódio da onda de ataques a monumentos ou estátuas de figuras históricas ligadas à escravidão e ao colonialismo.

COTIDIANO DIGITAL

A Microsoft anunciou uma iniciativa para preparar, até o final do ano, 25 milhões de pessoas ao redor do mundo para trabalhos dessa nova era mais digital. Os participantes terão acesso gratuito a programas da Microsoft, LinkedIn e GitHub, além de certificações e ferramentas para encontrar vagas. O programa se concentrará em canalizar os trabalhadores para funções sob demanda, incluindo suporte de TI, marketing digital e design gráfico. Segundo a Microsoft, até 2025, o mercado ganhará mais 149 milhões de trabalhos ligados à tecnologia.

Segundo um estudo de Stanford, a inteligência artificial já não impacta apenas os trabalhos mais operacionais, mas chega também às posições que exigem formação técnica, como cargos gerenciais.

O uso de tecnologia nos negócios tem crescido. Quase 80% das grandes empresas da América Latina usam IA, segundo o MIT Technology Review Insights. Em 2019, quatro em cada cinco empresas da região lançaram iniciativas de IA. E até 2022, a IA será usada em 21% a 40% dos processos de negócios em dois terços das organizações. Mas a falta de talento e o alto custo da tecnologia continuam sendo obstáculos na região.

BRASIL SEGUE SEM MINISTROS DA SAÚDE E DA EDUCAÇÃO

Na sexta-feira, parecia já tudo acordado. Mas, no domingo, o secretário da Educação do Paraná, Renato Feder, publicou em seu Facebook uma nota curta agradecendo ao convite para assumir o MEC — e o recusando. (Leia.) Nos dois dias anteriores, foi duramente atacado pela militância bolsolalivsta online. Concluiu que o desgaste não valia o cargo. (Poder360)

O Brasil está há 15 dias sem ministro da Educação. E, na mais grave crise sanitária em um século, há 51 dias sem ministro da Saúde.

Pois é. Há algumas semanas, o presidente Jair Bolsonaro pediu ao filho Carlos que baixasse o tom nas redes — principalmente contra o Judiciário —, informa Bela Megale. (Globo)

Pode ser. Mas a trégua é instável e há ruído, nas redes bolsolavistas, provocado pela postura de opção pelo diálogo que o presidente decidiu adotar — ao menos por enquanto. Carlos Bolsonaro avisou ao pai que os afagos que dirigiu aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, incomodaram, revela Guilherme Amado. (Época)

Os bolsolavistas radicais nas redes estão atacando também os militares. “O Feder é mais um episódio do Comando Maluco”, escreveu o blogueiro Allan dos Santos. “Ministro Luiz Ramos e Braga Netto conseguiram o impossível: fazer o povo ter pavor das Forças Armadas.” Este grupo considera o MEC área sua e quer indicar o novo ministro. (Globo)

João Moreira Salles: “Trump não interessa. Entrou na história por ser o modelo de que Bolsonaro se pretende imitador. A coisa é trazida de Washington e aqui piora um pouco mais, como a má tradução de um livro ruim. Uma das diferenças é que a ausência de empatia no norte-americano está associada ao solipsismo radical de seu narcisismo, ao passo que em Bolsonaro ela tem uma origem mais perigosa. É algo anterior a toda convenção, um impulso que corre por baixo, mais primitivo, mais perturbador, e que no entanto, quando se manifesta, parece lógico: a morte o excita. Não existe bolsonarismo, apenas bolsonaristas. Bolsonarismo implicaria um conjunto coerente de ideias e uma visão de mundo articulada. Bolsonaro investe mais em atos de destruição, não em visões de futuro. No campo propositivo, todas as suas ideias são tomadas de empréstimo. O liberalismo econômico foi o cavalo que passou selado num momento em que as elites econômicas desembarcavam da sociedade com o petismo. O lavajatismo serviu para fisgar o velho udenismo das classes médias locais. Os pobres estavam com os evangélicos, e Bolsonaro logo se fez batizar no Rio Jordão. Esse é o liberalismo de um nostálgico do intervencionismo da ditadura; o moralismo de quem declara afinidade com milicianos que vivem de extorsão e arreglos com o crime; o conservadorismo cristão do homem de 52 anos que no terceiro casamento esposa a moça de 25.” (Piauí)

Marcos Nobre: “O que Bolsonaro fez foi forçar um golpe. A posição que tomou desde o início da pandemia era, de fato, para obrigar contingentes armados em geral a se perfilarem com ele. Porque justamente o caos social é aquilo que impõe a ordem. Ele fez isso no começo impedindo que existissem medidas de política pública que pudessem compensar as medidas necessárias de isolamento. Ou seja, os governadores e prefeitos tomam medidas de isolamento, só que, para que elas funcionem, é preciso que você tenha medidas econômicas para proteger os pequenos negócios, as pessoas que estão na informalidade. Ele barrou isso, no início. O resultado seria caos social. E aí, o que acontece? O sistema começa a produzir compensação. O Congresso, que aprova o auxílio emergencial, que é fundamental; que aprova crédito para as empresas — não chegou, mas aprovou; aprovou uma atuação do Banco Central que é inédita. Houve uma série de aprovações para evitar o caos social. Houve também iniciativas da iniciativa privada mesmo, de doação de alimento, doação de produto, porque estava todo mundo olhando que, se fosse depender do governo, o caos social seria produzido mesmo. Não só porque o governo é inoperante. É porque o governo decidiu ser inoperante. É mais grave que isso. E, portanto, o que impediu o caos social foi a sociedade brasileira. O isolamento foi imposto a alguém? Não, mas quem pôde ficou em casa. Quem não pôde, não tinha jeito.” (UOL)

O senador tucano José Serra, ex-governador paulista, foi denunciado pela Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. As acusações também envolvem sua filha, Verônica. De acordo com os procuradores, entre 2006 e 07, Serra usou sua influência para receber pagamentos indevidos da Odebrecht. A empreiteira pagou a ele R$ 4,5 milhões neste período, que foi de campanha, e, depois, mais R$ 23,3 milhões enquanto era governador. Em contrapartida, o governo liberava pagamentos com rapidez pelas obras do Rodoanel. A Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões depositados na Suíça. (G1)

Fonte: Meio

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