08 de Julho de 2020

VIVER

O Brasil somou ontem 1.312 mortes causadas por conta do novo coronavírus, conforme revelou o consórcio de veículos de imprensa. Com a atualização, o total de óbitos pela doença em todo o país chegou a 66.868 desde o início da pandemia.

Os dados também mostraram que os novos casos confirmados de coronavírus nas últimas 24 horas foram 48.584. O total de infectados chegou a 1.674.655. O Ministério da Saúde contabilizou mais cedo em seu balanço diário novas 1.254 mortes por covid-19. Nas contas do governo, o total de vítimas chegou a 66.741. De acordo com a pasta, de ontem para hoje foram somados 45.305 casos confirmados, elevando o acumulado de diagnósticos de coronavírus para 1.668.589. Jair Bolsonaro entre eles.

Em pouco mais de um mês, o mapa dos principais indicadores do coronavírus na cidade do Rio revela que a pandemia está longe do fim. Um levantamento do Globo aponta que, logo depois do início do afrouxamento da quarentena, parte de cinco indicadores da doença — total de casos, óbitos, taxa de contágio, ocupação de leitos e índice de isolamento social — desacelerou na primeira semana, voltou a subir na segunda, ficou mais estável na terceira e, lentamente, começou a cair de novo. Para os especialistas, o cenário de sobe e desce de casos e mortes não dá garantias de trégua. Eles acreditam que pode acontecer outro crescimento exponencial e que, nesta hipótese, as áreas mais atingidas seriam as favelas.

E a OMS reconheceu “evidências emergentes” de transmissão pelo ar do novo coronavírus, depois que um grupo de cientistas cobrou um posicionamento da organização. “Temos conversado sobre a possibilidade de transmissão pelo ar e transmissão por aerossol como uma das modalidades de transmissão da Covid-19”, disse Maria Van Kerkhove, principal autoridade técnica da OMS para a pandemia de Covid-19, em uma coletiva de imprensa. A OMS havia dito anteriormente que o vírus que causa a doença se dissemina principalmente através de pequenas gotículas expelidas pelo nariz e pela boca de uma pessoa infectada que logo caem no chão.

Enquanto isso, nos EUA, as infecções cresceram 78% em meio à reabertura do país nas últimas duas semanas e à circulação de americanos durante as férias de verão. Mas Trump preferiu afirmar que o vírus é inofensivo e politizou a discussão sobre a reabertura de escolas.

Por falar em OMS e Donald Trump, o presidente americano iniciou formalmente o processo de retirada do país da OMS. A medida foi comunicada primeiramente por um senador do Partido Democrata, que disse que o Congresso americano foi notificado sobre o pedido de saída. À imprensa americana, um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que os EUA comunicaram a saída ao secretário-geral da ONU, António Guterres. Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, também confirmou que Washington deu seu aviso prévio.

Eliminar o HIV do organismo de um paciente soropositivo por meio de medicamentos. Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de São Paulo afirmam ter conseguido, pela primeira vez. O homem, um brasileiro de 34 anos diagnosticado com o vírus em 2012, é o primeiro caso em todo o mundo de um paciente que passa a ter o vírus indetectável, e por um longo prazo, depois de tomar um coquetel intensificado de vários remédios contra a AIDS. O estudo será apresentado na 23ª Conferência Internacional de AIDS, o maior congresso do mundo sobre o assunto, que teve início nesta segunda-feira e ocorre de maneira remota por causa da pandemia de coronavírus.

O médico brasileiro Ricardo Sobhie Diaz, doutor em infectologia e diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina, apresentou brevemente o caso em uma coletiva de imprensa virtual, disponível no YouTube e explicou que o paciente esteve sob tratamento regular com antirretrovirais e, além do uso “deste coquetel, foi colocado aleatoriamente em um grupo (no experimento) que recebeu também, por 48 semanas, dolutegravir, maraviroc e nicotinamida”. O tratamento adicional com dolutegravir, maraviroc e nicotinamida foi recebido pelo homem em 2016; depois do período de 48 semanas, ele voltou a usar somente o coquetel regularmente utilizado para controlar a Aids.

ECONOMIA

Abril também foi o fundo do poço para os investimentos. Depois de quedas consecutivas de 13,4% em março e de 27,5% em abril, o indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 28,2% em maio — maior alta mensal desde o início da série em 1996. Mas ainda não recupera as perdas. Em relação a maio de 2019, o indicador teve queda de 19,6%. Segundo José Ronaldo de Castro Souza Junior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, os investimentos não conseguirão sair do vermelho neste ano: devem encolher 9,7%. E em 2021, a recuperação deve ser parcial, de crescimento de 6,8%. (Valor)

Indicadores recentes têm apontado para uma retomada da economia, como alta no consumo de energia e vendas ao consumidor. Mas economistas concordam que a recuperação será lenta e dependerá do controle da pandemia e medidas do governo. (Globo)

Os exportadores brasileiros de carne de frango e suína estão propondo testar todos os embarques que chegam à China. A medida é para provar que as cargas são seguras para consumo e evitar mais proibições do país asiático. Cinco frigoríficos do Brasil que tiveram casos registrados do novo coronavírus, incluindo instalações da JBS e da BRF, já foram barrados pela China e um pelo próprio Ministério da Agricultura. Mas, até o momento, as suspensões parecem ter pouco impacto nas exportações brasileiras. (Globo)

A demanda chinesa foi a principal causa que puxou a economia do Centro-Oeste. A região foi a que menos sofreu no país: teve uma retração de 6,16% em março e abril, frente a uma retração nacional de 15,29%. (Estadão)

Depois de meses do lançamento das linhas, o crédito começou a chegar para as MPEs, segundo o governo. O secretário especial Carlos da Costa disse que aumentou a procura desde junho e o risco é que acabe em breve os R$ 15,9 bilhões disponíveis — já foram usados R$ 3,3 bilhões pelo Pronampe. (Globo)

Pois é… Nos três primeiros meses de isolamento a demanda não atendida por crédito seria de R$ 57 bilhões. Segundo a FGV, a demanda das MPEs deve crescer 75%, para R$ 472 bilhões, em relação ao concedido em todo o ano de 2019. (Folha)

Grandes empresas como Vale, Renner e Bosch têm antecipado pagamentos por meio de linhas de crédito para os seus fornecedores de menor porte. (Estadão)

O Reino Unido deu quatro anos para Deloitte, EY, KPMG e PwC dividirem seus negócios de auditoria e consultoria. A diretriz é para melhorar os relatórios corporativos produzidos pelas quatro grandes consultorias, responsáveis por mais de 95% das auditorias das empresas do FTSE 350, após uma série de escândalos financeiros nos últimos anos. (CNN Brasil)

O Ibovespa fechou em -1,19% com a confirmação de que Bolsonaro está com Covid-19. Também pesou o receio mundial pelo avanço de casos. Assim, dólar subiu para R$ 5,38 e, nos EUA, o S&P 500 ficou em -1,08% e Dow Jones em -1,51%.

O temor pelos novos casos do novo coronavírus também derrubou hoje as Bolsas asiáticas e europeias. Com exceção de Shangai que fechou em +1,74% e Hong Kong em +0,59%, Tóquio ficou em -0,78% e Coreia do Sul em -0,24%. Na Europa, Frankfurt abriu em queda em -0,72%, Londres em -0,47% e Paris em -1,07%.

CULTURA

O documentário Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado entrou hoje no catálogo da Netflix. Os diretores Cristina Costantini e Kareem Tabsch revisitam a trajetória do consultor esotérico de Porto Rico que fez muito sucesso nos anos 1990 e no início dos anos 2000 e que ficou conhecido no Brasil pelo bordão “ligue djá” nos comerciais de TV. O trailer.

Entre os artistas com lives programadas para esta quarta-feira, estão Sepultura, às 16h, e Mumuzinho, às 19h. A apresentação do cantor carioca vai ser transmitida diretamente de um show em um drive-in no Rio.

COTIDIANO DIGITAL

O encontro entre Mark Zuckerberg e os ativistas que organizaram o boicote ao Facebook não deu certo. Para os organizadores do movimento #StopHateForProfit, a empresa não está levando a campanha a sério. Eles pedem 10 mudanças na plataforma, incluindo auditorias regulares e independentes para avaliar conteúdos de ódio e desinformação. Segundo uma recente auditoria, a política atual do Facebook é um passo para trás na questão de direitos civis.

Novidade do Uber. Agora, as compras de supermercado podem ser feitas pelo app de transporte e pelo Uber Eats. A função está disponível em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Recife, Goiânia e Campinas.

O TikTok vai parar de operar em Hong Kong. A sua controladora chinesa ByteDance disse que não compartilha dados com o governo chinês, e nem o faria, uma posição que agora a nova lei de segurança exige. A nova lei pode levar as empresas que possuem operações em Hong Kong considerarem mudar suas operações para Taiwan para ainda ficar perto da China ou para outros lugares da Ásia. Por enquanto, Google, Facebook, Microsoft, Twitter e Zoom só pararam temporariamente de compartilhar dados dos usuários com as autoridades. Desde o início dos protestos, do primeiro semestre para o segundo semestre de 2019, os pedidos de retirada de conteúdo digital mais do que duplicaram para mais de sete mil.

Por falar em big techs… Os CEOs Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Sundar Pichai e Tim Cook já tem data marcada para se apresentar (provavelmente virtualmente) no Congresso americano: 27 de julho.

COM COVID-19, BOLSONARO FAZ CAMPANHA POR CLOROQUINA

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que tem Covid-19, ontem, e afirmou que está tomando hidroxicloroquina desde domingo — a eficácia do remédio não tem comprovação científica. “Estou bem”, disse no início da tarde, no Alvorada, a um grupo de jornalistas. “Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas não vou por recomendação médica.” Em um momento, se afastou alguns metros dos repórteres e tirou a máscara para comprovar disposição. Bolsonaro despachará de sua residência oficial no Alvorada, por videoconferência, durante esta semana. Ele tornou público um exame do Laboratório Sabin com seu nome real. Retirar a máscara em público expõe as pessoas próximas a um risco, mesmo que afastado. As gotículas com vírus, por vezes não visíveis ao olho nu, flutuam no ar. Bolsonaro afirmou que voltará a se encontrar com pessoas em uma semana. O isolamento recomendado é de 14 dias. (G1)

Míriam Leitão: “O presidente usou até a sua infecção pelo novo coronavírus como parte da campanha de desinformação que vem mantendo desde o início desta pandemia. Jair Bolsonaro tem obsessão pelos seus erros, fica com eles contra toda a evidência factual e científica. Em nenhum momento entendeu qual é o papel do presidente nesta crise, qual é a força do exemplo e a função da representação. Quando começou a ter sintomas, deveria ter se afastado de qualquer atividade presencial. Esse é o primeiro movimento do princípio da precaução. Viajou para Santa Catarina, foi à embaixada americana, carregou ministros militares e civis para essa comemoração, abraçou o embaixador. Na segunda-feira, manteve contato com vários ministros. E já estava tendo febre. Bolsonaro não entendeu a primeira lição dos médicos nesta pandemia: a preocupação de cada pessoa consigo mesma é uma forma de ter cuidado em relação aos outros.” (Globo)

O ministro da Justiça, André Mendonça, requisitou abertura de inquérito na Polícia Federal contra o jornalista Hélio Schwartsman, baseando-se em uma lei da Ditadura Militar. O colunista da Folha de S. Paulo publicou um texto no qual argumenta que a morte de Bolsonaro, por Covid-19, faria bem ao país. “As liberdades de expressão e imprensa são direitos fundamentais”, escreveu o ministro no Twitter, “tais direitos são limitados pela lei. Diante disso, quem defende a democracia deve repudiar o artigo ‘Por que torço para que Bolsonaro morra’. Assim, com base nos artigos 31, IV; e 26 da Lei de Segurança Nacional, será requisitada a abertura de inquérito.” (Twitter)

Hélio Schwartsman: “Jair Bolsonaro está com Covid-19. Torço para que o quadro se agrave e ele morra. Nada pessoal. Embora ensinamentos religiosos e éticas deontológicas preconizem que não devemos desejar mal ao próximo, aqueles que abraçam éticas consequencialistas não estão tão amarrados pela moral tradicional. É que, no consequencialismo, ações são valoradas pelos resultados que produzem. Como todas as vidas valem rigorosamente o mesmo, a morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas. Estamos? A crer num estudo de pesquisadores da UFABC, da FGV e da USP, cada fala negacionista do presidente se faz seguir de quedas nas taxas de isolamento e de aumentos nos óbitos. Bônus políticos não contabilizáveis em cadáveres incluem o fim (ou ao menos a redução) das tensões institucionais e de tentativas de esvaziamento de políticas ambientais, culturais, científicas etc. Dá para argumentar que a morte, por Covid-19, do mais destacado líder mundial a negar a gravidade da pandemia serviria como um cautionary tale de alcance global. Ficaria muito mais difícil para outros governantes irresponsáveis imitarem seu discurso, o que presumivelmente pouparia vidas em todo o planeta. Bolsonaro prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida.” (Folha)

Nos EUAnão haveria qualquer investigação. A manifestação do desejo de que o presidente Donald Trump morra foi feita bem mais de uma vez, em público e por pessoas conhecidas como o ator Johnny Depp e a cantora Madonna. As declarações são protegidas pela Primeira Emenda à Constituição, que garante liberdades como a de religião, expressão e imprensa. O desejo de morte do presidente, cabe ressaltar, não é o mesmo que ameaçá-lo de assassinato. (BBC)

Desde que assumiu o Planalto, Bolsonaro concedeu 102 entrevistas exclusivas a 83 pessoas que representavam 51 veículos de comunicação e sete canais de YouTube. De acordo com levantamento do Poder360, seu veículo preferencial foi a TV — 64 entrevistas —, seguida do rádio (18 vezes). A emissora favorita foi a Band (18), depois a Record (14). José Luiz Datena, da Band, teve 10 conversas com o presidente. (Poder 360)

Via teleconferência, o senador Flávio Bolsonaro prestou depoimento ontem ao Ministério Público do Rio na investigação da rachadinha em seu gabinete na Assembleia Legislativa. O MP vinha pedindo para ouvi-lo desde dezembro de 2018, mas só com uma mudança de estratégia por sua Defesa, nos últimos dias, é que a interlocução se tornou possível. (Globo)

Fonte: Meio

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