10 de Agosto de 2020

ECONOMIA

Só em 2020, a pandemia vai custar R$ 700 bilhões aos cofres públicos. O valor equivale a quase 10% do PIB e representa quase seis vezes o déficit previsto para este ano antes da pandemia, de R$ 124,1 bilhões. A dívida pública bruta deverá subir neste ano, de 75,8% no fim de 2019 para 98,2% do PIB. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, a dívida poderá alcançar 100% do PIB já em 2022. Depois, seguirá em alta até 2030, quando chegará a 117,6% do PIB, e só então começará a diminuir. (Estadão)

Mesmo assim… Até agora, o governo só gastou 53,7% da verba liberada na pandemia. Alguns analistas têm questionado também a concentração: cerca de 75% dos recursos foram para medidas de impacto social e econômico, enquanto a Saúde recebeu menos de 10% do total. (Estadão)

Enquanto isso… Às vésperas do envio da proposta de Orçamento da União para 2021, os ministros pressionam para ampliar o limite de gastos desenhado pela equipe econômica. Eles apontam a possibilidade de paralisar atividades e até inviabilizar o Renda Brasil, novo Bolsa Família. (Estadão)

VIVER

O Brasil tem 101.136 mortes por coronavírus confirmadas até as 20h de domingo, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. O país registrou 593 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas, chegando ao total de 101.136 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.001 óbitos, uma variação de -6% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.035.582 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 22.213 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 43.137 por dia, uma variação de -7% em relação aos casos registrados em 14 dias.

No sábado, o país chegou à marca de cem mil mortos por Covid. Segundo a Constituição, a saúde é um direito de todos. E todos os governantes têm a obrigação de proporcionar aos cidadãos esse direito. Na edição de sábado, o Jornal Nacional abriu com um forte editorial para repensar as obrigações dos governantes perante as mortes pela Covid. (G1)

14 de maio é, até agora, o pico da pandemia no país quando consideram-se os registros pelo período de ocorrência. O Brasil teve ao menos 1.103 mortes por covid-19 neste dia.

Ícone do pensamento sistêmico, o físico e ambientalista austríaco Fritjof Capra, 81, interpreta a pandemia da Covid-19 como uma resposta biológica da Terra diante de emergências sociais e ecológicas negligenciadas. Autor de best-sellers internacionais como O Tao da Física e Ponto de Mutação (Cultrix), entre outros, Capra articulou a física moderna a uma visão holística da vida no planeta e dos fenômenos naturais, inserindo a humanidade e suas ações nos ciclos de transformação da vida no planeta.

Fritjof Capra: “Na minha visão, o coronavírus deve ser visto como uma resposta biológica de Gaia, nosso planeta vivo, à emergência social e ecológica que a humanidade criou para si própria. A pandemia emergiu de um desequilíbrio ecológico e tem consequências dramáticas por conta de desigualdades sociais e econômicas. Cientistas e ativistas ambientais há décadas vêm alertado para as terríveis consequências de sistemas sociais, econômicos e políticos insustentáveis. Mas até agora as lideranças corporativas e políticas teimaram em resistir a esses alarmes. Agora eles foram forçados a prestar atenção, já que a Covid-19 trouxe os avisos de antes para a realidade de hoje”.

A controversa ideia de infectar propositalmente pessoas com o coronavírus para acelerar os testes de uma possível vacina vem ganhando força na comunidade científica internacional e entre voluntários brasileiros. A organização americana 1DaySooner, criada em abril para advogar pela realização desse tipo de estudo, recebeu o apoio de mais de 150 cientistas, incluindo 15 ganhadores do Prêmio Nobel, já registrou também a inscrição de 32 mil voluntários de 140 países que se dizem dispostos a participar do teste. Ao Estadão, um representante da organização revelou que mais de 9 mil são brasileiros – segundo maior contingente, após americanos, com 15 mil. Especialistas críticos ao estudo destacam a implicação ética de expor voluntários a uma doença sem um tratamento comprovadamente eficaz. Mas os defensores do modelo dizem que ele poderia salvar milhares de vidas ao antecipar a descoberta de uma vacina eficiente. Professor e pesquisador de bioética da Universidade Federal de Uberlândia, Alcino Eduardo Bonella é o único brasileiro que assinou a carta aberta apoiando os estudos de desafio. “Se a gente aceita o risco de profissionais de saúde e entregadores trabalharem na pandemia, não tem sentido impedir o altruísmo de pessoas voluntárias totalmente esclarecidas”, defende. Estudos de desafio já foram realizados para outras doenças, como cólera e malária, mas, naqueles casos, havia tratamento para as enfermidades.

COTIDIANO DIGITAL

O Twitter estaria interessado no TikTok. Segundo a Dow Jones, ainda não está claro se buscará um acordo, que envolveria as operações do TikTok nos EUA. Mas como o Twitter é muito menor, a empresa concluiu que provavelmente não enfrentaria o mesmo nível de resistência antitruste que a Microsoft. Mesmo assim, a Microsoft, que vem negociando há semanas uma aquisição do app chinês, ainda é considerada a favorita em qualquer acordo possível.

A aquisição, no entanto, não será fácil, de acordo com Bill Gates. À Wired, o fundador da Microsoft chamou a possível entrada da empresa no mundo das redes sociais de “um cálice envenenado”, mas disse que é bom o Facebook ter um pouco mais de competição. Porém acha “bizarro” Trump estar matando o único concorrente.

Pois é… O TikTok planeja abrir, amanhã, um processo contra a decisão do presidente americano de proibir no país o aplicativo..

Enquanto isso… As restrições dos EUA à Huawei estão dando resultado. A maior fornecedora de smartphones do mundo disse que está ficando sem chips de processador. E de acordo com Richard Yu, CEO da unidade de negócios de consumo da Huawei, a partir do próximo mês a fabricante chinesa não poderá mais fazer seus próprios chipsets Kirin devido à contínua pressão econômica americana.

CULTURA

Chica Xavier, conhecida por papéis marcantes em novelas como Sinhá Moça e Renascer, morreu no sábado aos 88 anos de câncer de pulmão. O corpo da atriz foi enterrado na tarde de ontem no cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, Zona Oeste do Rio. Relembre sua trajetória.

BOLSONARO E TEMER, JUNTOS

O presidente Jair Bolsonaro convidou, e o ex-presidente Michel Temer aceitou liderar uma missão de ajuda ao Líbano que o Brasil enviará. “Nos próximos dias partirá do Brasil rumo ao Líbano uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com medicamentos e insumos básicos de saúde, reunidos pela comunidade libanesa radicada no Brasil. Também estamos preparando o envio, por via marítima, de 4.000 toneladas de arroz para atenuar as consequências das perdas de estoque de cereais destruídos na explosão”, afirmou o presidente. (Poder 360)

Então… Temer precisará de autorização da Justiça antes de sair do Brasil. Preso duas vezes, em 2019, está em liberdade sob determinadas condições. Uma delas é de que não pode deixar o país sem permissão especial. (Folha)

Mas este é resultado de uma parceria que vem sendo desenvolvida há alguns meses. O ex-presidente se tornou um dos principais conselheiros do atual, em questões de política. No início de julho, Temer falou ao Metrópoles. “Ele mandou uns interlocutores falarem comigo, trocar ideias, e repeti o que tenho dito. Primeiro, com toda a franqueza, essa coisa de ele falar naquela saída, naquele cercadinho, isso é péssimo. A palavra do presidente é uma palavra muito forte. Ela faz a agenda do país. E não dá para fazer a pauta do país às 9h30. Igual maneira, para preservar a democracia, você não pode participar de coisas que agridem o Congresso, o STF. Tem de dar o exemplo de que os poderes são fundamentais. Recentemente, ele acabou me telefonando. Reiterei o que tenho dito. E eu percebo que tem uns 10, 12 dias que ele parou de dar aquelas entrevistas. Não quero dizer que seja o meu conselho, né? Mas meu conselho, meu palpite, deve ter, talvez, ajudado.” Muito do apaziguamento recente vem deste diálogo. (Metrópoles)

André Singer, criador do conceito político do ‘Lulismo’: “Ainda não sabemos muito bem o que aconteceu. Olhando superficialmente ocorreu uma espécie de acidente. O governo fez uma proposta que foi inteiramente revertida pelo Congresso (governo previa auxílio emergencial de R$ 200, mas parlamentares elevaram para R$ 600) e acabou atingindo um eleitorado que nunca tinha sido base do bolsonarismo. Não sabemos a extensão e a profundidade dessa possível mudança. A mecânica do auxílio emergencial fez com que as pessoas tivessem que abrir mão do Bolsa Família. É como se as pessoas tivessem saindo do programa lulista e entrando num programa bolsonarista. O governo começou a pensar numa estratégia inteligente, mas depende de ter recursos, que é fazer com que as pessoas não voltem mais para o Bolsa Família, mas entrem direto no Renda Brasil. Este momento seria o começo de alguma coisa que, caso se desenvolva bastante, poderia, sim, ameaçar o lulismo. Mas é preciso fazer todos esse condicionamentos porque esse não é um processo dado. O lulismo não foi só resultado do Bolsa Família, fez parte de uma estratégia que envolveu também aspectos de política econômica. Ao aumentar o valor do salário mínimo e a implementar o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o governo ativou a economia local. Neste momento, é visível o esforço do governo em encontrar dinheiro pra fazer alguma coisa, o que já é uma novidade, porque nunca havia se preocupado com as camadas mais pobres. E tem mais um acontecimento importante que é o governo perdendo apoio na classe média. Possivelmente os militares têm uma perspectiva de médio e longo prazo e sabem que não há como seguir adiante, do ponto de vista político, sem a maioria da população. Se eles mudarem a política, vão mudar a retórica. O problema é analisar os quadros que estão colocados para esse governo, que tem uma associação muito forte com o chamado mercado, que não vê com bons olhos os gastos necessários para esse tipo de conversão. O que está em discussão é se governo continuará sendo ultraliberal.” (Globo)

Já era público que Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele deputado estadual do Rio, havia depositado cheques no valor de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. De acordo com o presidente, fazia parte do pagamento de um empréstimo no valor de R$ 40 mil. Pois não foi só. De acordo com o repórter Fabio Serapião, entre 2011 e 2018, Queiroz depositou na conta de Michelle pelo menos 21 cheques, que chegam ao valor total de R$ 72 mil. Em toda movimentação bancária de Queiroz, não há um único depósito de Jair Bolsonaro. (Crusoé)

Não é só… Em agosto de 2011, Queiroz fez um depósito de R$ 25 mil na conta de Fernanda, mulher do senador Flávio Bolsonaro. “Não sei a origem do dinheiro”, disse Zero Um em seu depoimento ao Ministério Público do Rio. “Mas dá uma checada direitinho que tenho quase certeza de que não deve ter nada a ver com Queiroz.” Flávio admitiu, porém, ter pago em dinheiro vivo por doze salas comerciais — um total de R$ 86,7 mil. (Globo)

Dom Pedro Casaldáliga foi nomeado bispo de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo 6º em 1971. Estava na região desde 1968, vindo de sua Catalunha natal. Nunca mais a deixou. Uma das vozes mais importantes da Teologia da Libertação, foi ativo nas denúncias de crimes de grileiros, garimpeiros, madeireiros e da Ditadura militar. Morreu no sábado, aos 92 anos. (BR Político)

Meio em vídeo: Uma reportagem sólida da revista Piauí descreve o momento em que Bolsonaro tomou a decisão de destituir, com auxílio do Exército, os onze ministros do Supremo. Golpe clássico. Foi dissuadido, mas quis. Essa é a história do dia em que Bolsonaro tomou a decisão de dar um golpe de Estado. Assista.

Fonte: Meio

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