12 Abr 2019

Bolsonaro imita Dilma e intervém na Petrobras

Em mais um sinal de que o ideário liberal não lhe é tão querido assim, Bolsonaro interveio ontem para impedir que a Petrobras reajustasse em 5,74% o diesel nas refinarias. O presidente não gostou e mandou a Casa Civil dar um jeito. Horas depois, a estatal soltou nova nota dizendo que havia reanalisado o cenário e que havia espaço para adiar o reajuste. No ano passado, os aumentos quase diários do diesel foram o estopim de uma greve de caminhoneiros que parou o país. Por outro lado, o fim da ingerência política nos preços dos combustíveis havia sido fundamental para a recuperação da Petrobras.

Josias de Souza, “Jair Bolsonaro teve um surto à moda de Dilma Rousseff. A nova cotação, que vigoraria nesta sexta-feira, chegou a ser anotada na tabela exibida no site da estatal. Mas o Planalto mandou passar uma borracha. Caminhoneiros celebraram em grupos de WhatsApp a intervenção de Bolsonaro. Sob Dilma, o Brasil descobriu que o populismo governamental com o preço dos combustíveis é como fábula de gênio. Há mil histórias de gente tirando o gênio da garrafa. Mas não há nenhuma de gente obrigando o gênio a entrar de novo. Associado à roubalheira, o represamento dos preços levou a Petrobras à breca sem evitar a inflação.”

Os partidos que, em tese, formariam a base parlamentar do governo estão eles mesmos colocando empecilhos à tramitação da reforma da Previdência. O presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), sinalizou que vai, a pedido de colegas, retirar a urgência na tramitação da reforma, dando prioridade à PEC do Orçamento impositivo. Ele diz que o Planalto deu aval, mas o governo tentava antecipar a decisão da Previdência, que agora fica para depois da Páscoa.

Num movimento de maior impacto, o chamado Centrão quer tirar da reforma a proposta de capitalização, menina dos olhos do ministro Paulo Guedes. (Folha)

E um trecho da reforma torna mais difícil a obtenção na Justiça de remédios e tratamentos via SUS. Especialistas dizem que é inconstitucional. (Folha)

Identificados respectivamente em planilhas como ‘Botafogo’/’Inca’ e ‘Déspota’, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e seu pai, o vereador e ex-prefeito César Maia, teriam recebido repasses de até R$ 1,5 milhão da Odebrecht. A informação consta de relatório da PF enviado ao Supremo pela PGR. Pelo menos um dos repasses a Rodrigo coincidiu com a votação de uma MP que interessava a empresas do grupo Odebrecht. (Folha)

“Afinal, vocês fecharam com o amigo do amigo do meu pai?” Durante meses a equipe da Lava-Jato indagava quem seria esse personagem citado por Marcelo Odebrecht em mensagem a dois altos executivos da empreiteira em 2007. O “amigo do pai”, já sabiam, era Lula. Esta semana, segundo a revista Crusoé, Odebrecht contou aos investigadores que a pessoa mencionada era o então advogado-geral da União e hoje presidente do STF, Dias Toffoli. O empreiteiro, porém, não explicou o que foi “fechado” com o ministro, dizendo que cabe a Adriano Maia, um dos executivos, contar “a natureza e o conteúdo dessas narrativas”.

Um “céu de brigadeiro.” Foi com essa metáfora aeronáutica para situação tranquila que Jair Bolsonaro comemorou seus 100 dias na presidência. Para marcar a data, ele anunciou um pacote de 18 medidas nas mais variadas áreas. Entre elas, a concessão de 13º aos beneficiários do Bolsa Família, a nova Política Nacional de Alfabetização e um projeto que concede autonomia ao Banco Central. (Folha)

E o MEC recuou no recuo sobre alfabetização. Nos últimos dias da gestão de Ricardo Vélez, a ala militar havia alterado um polêmico decreto que determinava ênfase no chamado “método fônico”, criticado por especialistas. Ontem, Nadalim foi pessoalmente à Casa Civil, onde já estava o documento, desfazer a mudança. (Folha)

Preso em Londres na manhã de quarta-feira, Julian Assange, fundador do Wikileaks, enfrenta agora batalha contra a extradição para os Estados Unidos. O ativista australiano, de 47 anos, estava asilado desde 2012 na embaixada do Equador em Londres. Na época, ele era procurado na Suécia por estupro e abuso sexual, mas dizia que as acusações (depois retiradas) eram uma desculpa para enviá-lo preso aos EUA. Em liberdade condicional, ele obteve asilo com o então presidente equatoriano Rafael Correa, mas a mudança de governo no país latino-americano selou seu destino. O governo americano quer processá-lo pela obtenção de dados secretos militares, depois divulgados pelo Wikileaks, em 2010. A Anistia Internacional pediu ao Reino Unido que não extradite Assange.

Só lembrando. Em 2016, quando a organização de Assange divulgou em plena campanha e-mails de Hillary Clinton hackeados por russos, Donald Trump disse “Eu amo o Wikileaks”.  Hoje, porém, disse saber nada a respeito. Mais atualizações sobre o caso.

CULTURA

O argentino O Anjo (trailer) está entre as principais estreias nos cinemas. O filme conta a história de Carlos Robledo Puch, o maior serial killer da Argentina, e foi o representante do país para o Oscar 2019. Produzido por Pedro Almodóvar, o filme tem recebido boas críticas. Chino Darín, filho galã do astro argentino Ricardo Darin, também está no longa.

Entre os nacionais, destaque para o premiado Chuva É Cantoria Na Aldeia Dos Mortos (trailer). O filme conta a história de Ihjãc, um jovem da etnia Krahô que mora na aldeia Pedra Branca, no Tocantins. Após a morte de seu pai, rejeitando a ideia de se tornar um xamã, ele foge para a cidade onde terá que enfrentar as dificuldades de ser um indígena no Brasil contemporâneo. O longa fez sua estreia mundial na última edição do Festival de Cannes, onde ganhou o Prêmio Especial do Júri da mostra.

Já o germânico Em Trânsito (trailer), novo filme do diretor alemão Christian Petzold, aborda os fantasmas nazistas vividos por Georg, um homem exilado que tenta fugir da França durante a Segunda Guerra Mundial. Preso em Marselha, Georg assume a identidade de um autor falecido e acaba conhecendo Marie, uma jovem que está desesperada para encontrar seu marido desaparecido.

São Paulo – Nesta sexta, uma noite de improviso de guitarras na Festa Marafffo. Já o grupo pernambucano Magiluth estreia Apenas o Fim do Mundo, no Sesc Av. Paulista. Pra quem é do rap, tem festa de lançamento da Mixtape Matilha Vol. 2 na Patuá Discos. No sábado, a Osesp apresenta A Paixão Segundo São Mateus de Bach, enquanto o CCSP recebe o show Ascensão. A festa Capslock faz mais uma edição amanhã.

Rio de Janeiro – No Theatro Municipal, a orquestra Sinfônica Brasileira apresenta o Choro em Concerto. No Teatro Poeira, Pedro Paulo Rangel estrela um monólogo com direção de Fernando Philbert; a inspiração são textos de Antonio Lobo Antunes. Amanhã, Fabiana Cozza canta Dona Ivone Lara em show no Teatro Rival. E Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga estão no programa do concerto que Maria Teresa Madeira fará neste sábado na Sala Cecília Meireles.

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VIVER

A condenação de Danilo Gentili segue repercutindo nas redes sociais. Entre manifestações de apoio e críticas, a percepção geral é de que decisão foi exagerada.

O presidente Jair Bolsonaro, que saiu em sua defesa, acabou sendo cobrado pelo silêncio em outros eventos. “Pô @SF_Moro , me ajuda aí, irmão. Fico devendo uma”, ironizou o humorista. Gentili foi condenado a seis meses e 28 dias em regime inicial semiaberto por injúria contra a deputada federal Maria do Rosário.

O Papa emérito Bento XVI saiu de seu silêncio ao defender que escândalos de pedofilia envolvendo a Igreja são resultado da revolução sexual dos anos 1960, de grupos abertamente homossexuais em alguns seminários e do colapso da fé no Ocidente. No documento de 18 páginas, publicado ontem, Bento XVI defende que nessa época “a pedofilia também foi diagnosticada como permitida e apropriada”.

O texto foi alvo de inúmeras críticas nas redes sociais, inclusive de integrantes da Igreja Católica. “Tenho o maior respeito pelo Papa emérito Bento XVI, especialmente como teólogo. No entanto, discordo de grande parte de sua análise”, tuitou o padre jesuíta americano James Martins.

Foto da foto: a imagem de um grupo de jornalistas refletida pelos olhos de Donald Trump, durante uma coletiva, vale mais do que mil palavras. É um reflexo também sobre o atual contexto político e, surpreendentemente, não foi planejada pelo fotojornalista. “Também fiquei surpreso com o resultado. Trump se movimentava muito enquanto respondia as perguntas e a luz do sol não estava favorável pra mim. Minha preocupação era conseguir apenas uma foto utilizável”, disse. Pablo Martínez Monsiviáis cobre a Casa Branca desde o governo Clinton e trabalha há duas décadas com a Associated Press. Acompanhe seu trabalho também pelo Instagram.

Outra galeria: Ultranacionalismo na Ucrânia. A seleção exibe imagens da presença crescente de grupos de extrema direita no país. A influência desses grupos tem crescido constantemente desde 2014.

O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul invalidou ontem uma lei de 1953 que criminaliza o aborto. A corte considerou que a lei, que pune com até um ano de prisão as mulheres que abortam, é anticonstitucional e que deverá ser emendada pela Assembleia Nacional (Parlamento) antes do final de 2020 para que se permita o aborto em determinados casos.

E o número de brasileiras que abortam em Portugal aumentou 18% em um ano. Segundo relatório do Ministério da Saúde português, 447 brasileiras interromperam voluntariamente a gravidez no sistema de saúde luso, onde o aborto até as dez semanas de gestação foi descriminalizado em 2007.

Na semana passada, o ministro do STF Luis Roberto Barroso abordou o tema durante palestra promovida por alunos brasileiros das universidades de Harvard e MIT. Barroso é favorável à legalização e afirmou que a criminalização do ato impacta de forma negativa e desproporcional as mulheres pobres por não terem acesso ao sistema público de saúde.

COTIDIANO DIGITAL

Sabe aqueles simpáticos bate-papos com Alexa, a assistente digital das caixas de som inteligentes da Amazon? Pois é, milhares de funcionários da empresa em todo o mundo ouvem o que fica gravado no aparelho e tomam nota do que é dito, segundo revelou a Bloomberg. Os dados seriam realimentados no sistema para melhorar a compreensão de Alexa sobre o que dizem os humanos. A Amazon alega seguir “estritas salvaguardas técnicas e operacionais” e garante que os funcionários não têm como identificar os usuários cujas falas estão ouvindo.

Quem experimentou nos últimos dias digitar “enemy of the People” (inimigo do Povo) na busca do Twitter em computadores obteve como primeira sugestão a conta oficial do New York Times. Muita gente especulou que poderia ser ação de partidários do presidente Donald Trump, que frequentemente usa esse adjetivo para se referir à mídia, em especial ao NYT. Até descobrirem que “friend of the People” (amigo do Povo) ou mesmo o nome do grupo Village People também remetiam ao jornal. Segundo o Twitter, um erro no algoritmo faz com que a palavra People com p maiúsculo e várias outras fossem associadas ao diário americano.

Fonte: @Meio

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