13 de Maio de 2020

CULTURA

A TV Cultura estreia hoje uma série inédita. Dirigida pelo cineasta Ricardo Elias, Modernistas, que vai ao ar às 22h45 na emissora paulista, contará histórias sobre nomes importantes desse movimento que tem relação direta com a Semana de Arte Moderna. Ao todo serão quatro episódios, começando pela pintora Tarsila do Amaral, e seguindo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Victor Brecheret. De acordo com o diretor, o público verá uma versão mais pessoal e humanista dos modernistas, com histórias trazidas por pessoas próximas e também por especialistas.

COTIDIANO DIGITAL

Elon Musk abriu a fábrica da Tesla mesmo sem permissão do governo da Califórnia. O bilionário chegou a entrar com um processo contra as autoridades locais que o proibiram de retomar as atividades durante a quarentena. Para ele, a Tesla está sendo tratada injustamente, enquanto outras montadoras como Ford, GM e Fiat-Chrysler reabriram suas fábricas na segunda-feira. Em meio ao embate, Musk ameaçou mudar sua produção para o Texas ou Nevada. A fábrica da Tesla na Califórnia é considerada a mais importante da empresa. Emprega mais de 10 mil pessoas e é a única instalação dos EUA que produz os modelos S, Y e 3.

Enquanto isso… A empresa tem caminhado também para o setor de energia. A Tesla solicitou uma licença para se tornar fornecedora de energia elétrica no Reino Unido por meio de suas baterias, segundo o Telegraph. Na Austrália, a Tesla já projetou a maior instalação de armazenamento de energia de íons de lítio do mundo, capaz de abastecer 30 mil residências.

VIVER

São 12.400 mortes pelo novo coronavírus no Brasil, com 881 óbitos registrados, o maior número em um dia desde o início da pandemia segundo o último levantamento do Ministério da Saúde. No dia 12 de abril, um mês atrás, foram 1.223 mortes. Do total de óbitos confirmados, 206 ocorreram nos últimos três dias — há outros 2.050 em investigação. O balanço da pasta também contabiliza 177.589 casos confirmados da Covid-19 no país. De ontem para hoje, foram 9.258 novos diagnósticos de pessoas infectadas pelo vírus.

O Brasil se tornou o sétimo país com mais casos confirmados de Covid-19 no mundo, ultrapassando a Alemanha (173.034), um dos principais epicentros do coronavírus na Europa. (O Globo)

Até então, o recorde no país era de 751 mortes notificadas em 24 horas. Na terça-feira passada, o governo confirmou 600 mortes em decorrência da doença. Os números de diagnósticos e óbitos confirmados nas últimas 24 horas não necessariamente ocorreram no último dia. Segundo o Ministério da Saúde, a fila de testes faz com que os óbitos sejam confirmados, em média, uma ou duas semanas após terem ocorrido. O Uol identificou atrasos de até 51 dias para a oficialização de mortes. Por conta dessa atualização retroativa, no início da pandemia o número real de mortes ocorridas até uma certa data chegava a ser o dobro daquela divulgada pelo Ministério da Saúde.

Com 82% dos leitos ocupados, a Prefeitura de São Paulo publicou um edital de chamamento público em que solicita 100 leitos de internação em Unidades de Terapia Intensiva a hospitais privados que operam na cidade. A estimativa é que cerca de 800 leitos sejam necessários para evitar mortes por falta de vagas na cidade. (Estadão)

A Covid-19 avança por todo o interior dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que registram níveis alarmantes de propagação. O avanço preocupa pela baixa capacidade hospitalar de cidades menores. Até meio de março, havia casos do vírus apenas na região metropolitana da capital paulista. Em menos de 45 dias, ele avançou para todas as regiões do estado. Entre 3 de abril e 1º de maio, o número de infectados no interior cresceu 2.532%. No Rio de Janeiro, especialistas  pediram que seja realizado o lockdown, modalidade rígida de quarentena. A medida também é defendida pela Fiocruz. (Nexo)

E povos originários somam seus mortos à lista de vítimas numa velocidade assustadora. Já foram registrados 77 óbitos entre povos de 34 etnias indígenas do país — com 308 casos de infecções confirmadas —, de acordo com os números da Secretaria Especial de Saúde Indígena) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Cerca de 81 mil indígenas de 230 territórios estão ameaçados pelo novo coronavírus, de acordo com esses órgãos. (El País)

Pois é… Jair Bolsonaro afirmou novamente que o novo coronavírus contaminará 70% dos brasileiros, repetindo o número que vem dizendo nos últimos dias. Segundo pesquisadores, na hipótese de 70% das pessoas se contaminarem, o país pode ter 1,8 milhão de mortos e isso deveria ser um argumento a favor das medidas de isolamento social, para evitar que a mortalidade da epidemia se acentue com um colapso do sistema de saúde. (G1)

Natural da BahiaJosé Roberto dos Santos foi para São Paulo há pouco menos de 20 anos e ajudou a construir a casa de dois quartos onde morava com a companheira, Maria, as três filhas (de 18, 17 e 9 anos) e um casal de netos (de 2 e 4 anos). Pedreiro, ele trabalhava de maneira informal. Nas últimas semanas estava em casa, por conta da pandemia de coronavírus, saindo muito pouco. Estava reformando o local, colocando gesso no teto da sala. O processo parou pela metade. Maria o levou ao hospital pela primeira vez no dia 18 de março, um sábado. Recebeu medicamento para asma e voltou. Na noite do dia seguinte, retornaram, porque ele quase não conseguia respirar. Ela voltou para cuidar das filhas. No dia seguinte, de manhã, o marido ligou, avisando que seria internado. Ela nunca mais o viu. (Folha)

Zé Roberto não é o primeiro trabalhador da construção civil a morrer. O IBGE estima que para cada trabalhador com vínculo formal (CLT), existem dois informais, o que faz com que os operários do setor atuem em condições mais precárias em termos de direitos e garantias trabalhistas. O setor foi enquadrado como essencial no estado de São Paulo: 88% de suas obras foram mantidas durante o isolamento.

Especialistas usam expressões como “apagão de dados” e “voo cego” para descrever a situação atual do país na pandemia, que sofre com a escassez de testes laboratoriais que serviriam para um retrato mais fiel da realidade. Atualmente, quase não há mais leitos de UTI no sistema público de saúde de parte dos Estados, os casos e as mortes estão aumentando, há cada vez mais cidades pequenas atingidas e as pessoas têm respeitado menos o distanciamento social. Segundo o físico Roberto Kraenkel, professor da Unesp e membro do Observatório Covid-19 (iniciativa independente de 43 pesquisadores do país), a taxa de contágio brasileira estava próxima de 3 no início da pandemia no país. Ou seja, cada pessoa infectada transmitia a doença para outras 3. Atualmente, Kraenkel estima que essa taxa transite de 1 até 1.1. Para ele, isso significa que as medidas adotadas têm funcionado, mas não o suficiente para manter o número abaixo de 1, patamar que indica o recuo da pandemia. Numa taxa de 0.5, por exemplo, 10 infectados transmitem a doença para 5 pessoas. Manter-se abaixo do patamar de 1 é a condição que a Alemanha adotou, por exemplo, para flexibilizar as medidas de distanciamento social. Mais gráficos para entender a situação atual do Brasil. (BBC)

ECONOMIA

No primeiro mês sob a pandemia, o setor de serviços teve queda recorde: 6,9% no mês de março — o pior da série histórica desde 2011, segundo o IBGE. Todos os segmentos registraram queda, mas o maior tombo se deu no de serviços prestados às famílias, que recuaram 31,2%. Os mais afetados foram restaurantes e hotéis. Essa é a segunda queda consecutiva do setor, que já havia recuado 1% em fevereiro. O setor de serviços tem forte peso sobre o PIB, com participação acima de 60%. (Folha)

Segundo o IBGE, a recuperação vai demorar. Para especialista, o Brasil vai enfrentar prejuízo duplo: muitos empresários não conseguirão restabelecer seus negócios e o poder de compra das famílias também estará deprimido em função da redução de renda e desemprego. (Valor)

Para Armando Castelar, coordenador de pesquisa do Ibre/FGV, a demanda deve aumentar no segundo semestre e no próximo ano, mas não irá se recuperar totalmente até meados de 2022. Em artigo, o economista diz ainda que os investidores estrangeiros deveriam evitar a “casa em chamas” do Brasil principalmente por causa da crise política. “No momento, é melhor deixar o Brasil para especialistas, malucos, oportunistas de longo prazo e aqueles sem outras opções”, afirma. (Info Money)

O governo negou que tornará permanente o auxílio emergencial. No entanto, estaria avaliando uma renda básica menor que os R$ 600. Segundo fontes ouvidas por Ana Flor, a ideia é ampliar em R$ 30 bilhões o Bolsa Família, com valores maiores, para pelo menos dobrar a quantidade de beneficiários. Hoje, o programa custa R$ 30 bilhões por ano ao governo e paga até cerca de R$ 200. Para encaixar a mudança no Orçamento, cortaria benefícios tributários dados a setores, como redução do limite que enquadra empresas no Simples Nacional, que custa cerca de R$ 70 bilhões por ano ao governo em renúncias de impostos. (G1)

Aliás… A extensão das medidas contra a crise pode levar a um rombo de R$ 1,2 trilhão com dívida acima de 100% do PIB em 2020, cerca de dez vezes o projetado no início do ano. Segundo estudo do economista Marcos Lisboa, se chegar a esse nível, pode demorar pelo menos uma década para ficar novamente abaixo desse patamar. (Folha)

Na temporada de balanços… A Saudi Aramco teve uma queda de 25% no lucro líquido do primeiro trimestre do ano, sob impacto da queda do preço do petróleo e da pandemia. Enquanto a receita recuou 16%, para US$ 60 bilhões. A maior petrolífera do mundo anunciou recentemente um corte adicional ao feito pela Opep de um milhão de barris por dia para lidar com a crise. Também informou que vai cortar os investimentos para o ano. (Valor)

O receio de uma segunda onda de contágio nos países mexeu novamente com o mercado. O Ibovespa fechou em -1,51%. E em Wall Street, o S&P 500 ficou em -2,05% e o Dow Jones em -1,89%. Enquanto o cenário interno político influenciou a alta do dólar. A repercussão do vídeo da reunião entre Moro e Bolsonaro levou a moeda americana a fechar em R$ 5,86 — novo recorde nominal. Também pesou a ata do Copom que sinalizou novo corte na Selic.

Na Ásia, as Bolsas fecharam sem uma direção clara. Enquanto Shangai ficou em +0,22% e o Kospi coreano em +0,95%, o Nikkei japonês fechou em -0,49% e Hong Kong em -0,31%. A perspectiva de uma nova onda de contágio também levou os índices europeus abrirem em queda. Pela manhã, o DAX na Alemanha estava -1,8%, o CAC 40 da França em -1,9% e o FTSE do Reino Unido em -1,1%.

VÍDEO INCRIMINA BOLSONARO, SEGUNDO QUEM VIU

Após a sessão fechada em que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril foi assistido por pessoas ligadas ao inquérito para apurar as acusações do ex-ministro Sérgio Moro, seu conteúdo começou a vazar por toda a imprensa. É, segundo mais de uma fonte, muito ruim para o presidente Jair Bolsonaro. “Não vou esperar foder alguém da minha família”, ele teria afirmado, com grande exaltação. “Troco todo mundo da segurança. Troco o chefe, troco o ministro.” Segundo quem assistiu, o contexto geral era de um presidente obcecado com mudar o comando da Polícia Federal no Rio. Ele afirma que queria ‘saber das coisas’ que se passavam em seu estado e manifestou preocupação com a família e também com seus amigos. Se as descrições estiverem precisas, a acusação de Moro de que houve interferência política, que é crime, se confirma. (G1)

Mas Bolsonaro nega. Em entrevista dada rapidamente do alto da rampa do Planalto, afirmou ontem à tarde que em momento algum citou as palavras ‘Polícia Federal’ ou ‘superintendência’. (Poder 360)

Os generais-ministros Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, que depuseram à tarde no inquérito, também negaram interferência. Segundo Ramos, durante a reunião Bolsonaro se queixou da qualidade geral dos relatórios de inteligência produzidos e, durante sua fala, não se referia à Polícia Federal. A ameaça de demissão seria na verdade a Heleno e a preocupação era com a segurança pessoal. (Globo)

Mas… Diferentemente do que disse o presidente, ambos confirmaram que Bolsonaro se queixou da Polícia Federal quando tratou dos relatórios de inteligência que desejava. (Folha)

Pois é… De acordo com Bela Megale, tanto o presidente quanto outros, no Planalto, assistiram ao vídeo de duas horas mais de uma vez para terem certeza de que nada havia de incriminador. (Globo)

O decano da Corte, ministro Celso de Mello, decidirá nos próximos dias se torna o vídeo público. Aí o dilema estará com o procurador-geral da República, Augusto Aras: é ele quem decide se pedirá ou não o indiciamento do presidente. Na semana passada, o Planalto fez circular a sugestão de que Aras poderia ser indicado à vaga do próprio decano, quando ocorrerá sua aposentadoria obrigatória, no fim deste ano. “O procurador deve estar apoplético, cioso que deve ser da sua reputação”, escreve Thais Oyama. Ela também lembra da frase do ministro Sérgio Moro para a deputada Carla Zambelli, quando ela sugeriu que ele poderia ocupar esta mesma vaga. “Prezada, não estou à venda.” (UOL)

Então… O próprio Aras ficou surpreso com o conteúdo do vídeo. (Antagonista)

Ou não. Ao Planalto, de acordo com Lauro Jardim, Aras mandou informar que ‘o vídeo é fraco’. E o esforço do Palácio é de afirmar que o vídeo não prova nada. Os ministros passarão a repetir esta leitura e se iniciou uma guerra de narrativas. (Globo)

Igor Gielow: “A serem confirmados os relatos do que disse Jair Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril acerca do real motivo para querer trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio, o presidente terá fornecido um casus belli barulhento para quem o quer ver derrubado por improbidade administrativa. O fato é que, salvo algum desvio nos relatos disponíveis, Bolsonaro está enrolado. Uma coisa é querer um novo diretor da PF porque o anterior não estava alinhado a suas ideias, sejam lá quais forem. Isso é péssimo do ponto de vista republicano, mas ainda navega dentro de um escopo de legalidade. Outra coisa é dizer que precisa cuidar dos interesses de seus filhos e amigos. O acirramento da crise tríplice do país, sanitária, econômica e política, ganhou mais um elemento na sua disputa contra as forças de contenções que sustentam Bolsonaro. Mais concessões ao centrão e novos episódios de enfrentamento institucional para agradar sua base radical e assustar o establishment estão no preço dessa dinâmica. O problema, para Bolsonaro, é que seu padrão se tornou previsível e, no limite, insustentável sem ruptura real. Ou, na ilusão do bolsonarismo raiz, a solução.” (Folha)

Daí que… O preço de uma base de apoio no Congresso está aumentando. O Centrão já quer indicar alguns superintendentes da PF, conta Guilherme Amado. (Época)

Enquanto isso… A Advocacia-Geral da União entregou ao Supremo os exames de Bolsonaro que, de acordo com o Planalto, deram negativo para o novo coronavírus. Os exames foram pedidos pelo diário O Estado de S. Paulo, que está no terceiro recurso para conseguir vê-los. No STF, o relator é o ministro Ricardo Lewandowski. (Estadão)

Aliás… Na reunião, ainda de acordo com fontes, Bolsonaro também teria afirmado que não entregaria o exame por risco de levar ao impeachment. (Estadão)

Fonte: @Meio

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *