15 Abril 2020

COTIDIANO DIGITAL

Os robôs estão entrando na linha de frente contra a pandemia. O chinês Aimbot, da startup Ubtech, por exemplo, foi desenvolvido originalmente para monitorar ambientes. Agora, ganhou sensores para medir temperatura corporal e detectar uso de máscaras em grupos de até 15 pessoas, alertando quando alguém com febre não está vestindo equipamentos de proteção. Na Itália, profissionais de saúde têm usados robôs com câmeras para acompanhar e se comunicar à distância com os pacientes internados. O mesmo tem sido feito no Hospital das Clínicas de São Paulo. Robôs têm ajudado no processo de triagem para evitar contaminação dos profissionais. Uma pesquisa global da Pulse, descobriu que metade das cerca de 50 empresas em sua rede está usando algum tipo de automação para ajudar os funcionários da linha de frente. Os robôs, no entanto, ainda não são suficientes ou estão bem desenvolvidos para suprir a demanda atual. Mas especialistas concordam que a intensificação do uso vai abrir mais espaço para eles no futuro.

O Brasil é o primeiro país a testar o Stories do LinkedIn. Agora, profissionais e marcas poderão compartilhar por 24 horas fotos e vídeos de até 20 segundos com sua rede de contatos.

CULTURA

A Netflix anunciou a doação de R$ 5 milhões para ajudar trabalhadores do setor audiovisual brasileiro que foram afetados pela quarentena do novo coronavírus. O valor faz parte de um fundo criado pela plataforma, junto com o ICAB (Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros). A ideia é beneficiar até 5.000 pessoas com depósito único no valor do salário mínimo, R$ 1.045. A doação da plataforma faz parte do fundo US$ 100 milhões (cerca de R$ 505 milhões), anunciado no dia 20 de março, para ajudar pessoas do setor prejudicadas pela pandemia em vários países como o Brasil, que, segundo a plataforma, “é onde a Netflix tem uma grande base de produção”.

A indústria fonográfica está tendo bons resultados neste período de isolamento. No Spotify, por exemplo, de 13 de março até o último domingo, as 200 músicas mais ouvidas por dia no Brasil foram tocadas 953 milhões de vezes. No mesmo período do ano passado, foram 831 milhões.

VIVER

Medidas de distanciamento social talvez precisem ser empregadas até 2022 para evitar que o novo coronavírus coloque em risco os sistemas de saúde mundo afora. É o que indica um estudo assinado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos EUA. A pesquisa saiu ontem na revista especializada Science e foi liderada por Marc Lipsitch, do Departamento de Epidemiologia da instituição americana. Ele usou dados sobre o Sars-CoV-2 e sobre outras formas de coronavírus para tentar simular uma enorme variedade de cenários de evolução da Covid-19 ao longo dos próximos anos, chegando até 2025. A começar pelo fato de que ainda não está claro como ficará a imunidade das pessoas que já tiveram a doença e se recuperaram, as incertezas sobre o novo coronavírus são grandes. Considerando tudo o que sabe, a tendência é que o Sars-CoV-2 passe a circular todos os anos, ou a cada biênio, tal como outros coronavírus que hoje causam formas de resfriado mundo afora. Os pesquisadores simularam os efeitos das medidas de distanciamento social sobre o avanço da doença e a sobrecarga do sistema de saúde. A principal variável seria justamente o efeito sobre o número de reprodução básica correspondente a quantas novas pessoas alguém que carrega o vírus é capaz de infectar, em média (reduções de 60%, 40% ou 20% na quantidade de pessoas infectadas por cada doente, por exemplo).

Um dos indicativos importantes é que o distanciamento social radical, se realizado uma única vez e por um período relativamente curto, talvez traga resultados piores, porque ele acaba “reservando” uma grande população de pessoas suscetíveis, sem que haja chance de algumas delas desenvolverem defesas. Assim, quando o contato com o vírus retorna, o pico de casos pode ser mais abrupto. Nas simulações, fases de distanciamento social longas (20 semanas de duração) e com efetividade moderada (reduzindo o R0 do vírus entre 20% e 40%) são as que mais conseguem reduzir o tamanho total e os picos da doença. Os pesquisadores ressaltam que testar cada vez mais pessoas será crucial para determinar a presença de anticorpos contra o vírus e saber calibrar o “abre e fecha” do distanciamento social com base na proporção de novos casos e de leitos de hospital e UTI na população de cada país.

Os Estados Unidos registraram 2.228 mortes relacionadas à pandemia do novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo uma contagem feita pela Universidade Johns Hopkins na noite de ontem. A cidade de Nova York ultrapassou a marca de 10 mil mortos por covid-19. O número aumentou significativamente após autoridades passarem a incluir pessoas que não foram testadas, mas ‘presumivelmente’ portavam o novo coronavírus, na contagem oficial.

Já a Itália atingiu o menor crescimento diário de novos contaminados pelo coronavírus em um mês..

O NHS britânicosistema público de saúde do Reino Unido, funciona melhor que o SUS brasileiro? Para entender as semelhanças e diferenças, o Nexo conversou com o português João Nunes, doutor em relações internacionais.

João Nunes: “Esse é um sistema que tem diferença de funcionamento em relação ao sistema brasileiro pela forma como ele está desenhado, mas não só isso. O Brasil tem um perfil epidemiológico muito diferente do Reino Unido. Combina doenças de países em desenvolvimento, como as doenças transmitidas por mosquitos, as doenças de parasitas, as doenças tropicais, com doenças ditas de países desenvolvidos, como são as doenças respiratórias e cardíacas. Além disso, o Brasil tem uma imensa diversidade territorial e econômica. O SUS é bem descentralizado, o que tem vantagens e desvantagens. Ele depende da administração local para a gestão dos recursos e implementação das ações. Ele tem que ser um sistema descentralizado para responder às demandas, mas, ao mesmo tempo, isso torna o sistema muito dependente do nível local – depende então se há ou não há probidade política local, ou se a autoridade local gasta a verba em saúde ou em outras coisas. No Brasil depende muitas vezes da boa vontade do implementador local, portanto”.

Enquanto isso, na Alemanha, uma advogada que se tornou uma espécie de heroína dos negacionistas da pandemia de coronavírus foi detida no último domingo após agredir um policial. Ela foi posteriormente internada em uma clínica psiquiátrica.

Nenhuma terapia se mostrou efetiva até agora. É que afirma um levantamento recente feito por cientistas da Universidade do Texas analisando mais de 100 testes clínicos de medicamentos para combater a Covid-19. O trabalho, encomendado pela AMA (Associação Médica Americana), lista muitas iniciativas já fracassadas e algumas poucas que deixam cientistas ainda intrigados, sem esconder a frustração com falta de evidência para as drogas usadas até agora.

Sobre vacinas, as iniciativas em andamento segundo compilado da Nature. São 115 vacinas em desenvolvimento, 78 registradas. Dessas, cinco estão em testes clínicos. (Twitter)

O Brasil contabiliza 25.262 casos e o total de mortes chega a 1.532. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde na tarde de ontem. No último balanço do governo, na segunda-feira, o total de infectados chegava a 23.423, com 1.328 mortes confirmadas. Houve um recorde no número de mortos: 204 novos casos registrados nas últimas 24 horas, o que equivale a um incremento de 15% do total acumulado. O último pico ocorreu no dia 9 de abril, quando foram 141 óbitos registrados. Houve ainda mais 1.832 novos casos, aumento de 8%.

Sobre a chegada aos povos ameríndios, o Brasil é o país com maior concentração de contágios confirmados entre populações ancestrais. Até o momento, as autoridades sanitárias de três países da América Latina confirmaram 12 contágios e cinco mortos entre os povos originários, sendo dois deles residentes em cidades e os outros três em áreas rurais indígenas. Entre os mortos pela Covid-19 figura um adolescente yanomani de 15 anos, além de um integrante de etnia Mura, outra pessoa da etnia Kokama e um idoso dos Tikuna. Esta situação revela um risco triplo para os povos ameríndios: primeiro, uma possível vulnerabilidade física frente ao contágio; segundo, a exposição frente à chegada dos médicos externos às suas aldeias; e, em último lugar, o isolamento de muitos deles, que vivem em áreas muito distantes dos centros urbanos onde estão os hospitais.

O país deve receber uma remessa de 5 milhões de testes rápidos para a Covid-19 este mês. Confira como eles funcionam e a diferença entre esses e outros testes que são usados aqui.

ECONOMIA

O mundo enfrenta a sua pior crise desde 1929, segundo o FMI. Com o que chamou de a ‘Grande paralisação’, o Fundo prevê retração de 3% do PIB mundial este ano e recuperação ainda de forma parcial e incerta em 2021. No fim de 2019, a projeção do FMI era de crescimento de 3,4% em 2020 — o tombo de mais de 6% é muito maior do que o registrado na crise financeira de 2008. (Folha)

Para o FMI, o PIB do Brasil vai cair cinco vezes mais que média dos emergentes em 2020. A previsão é de queda de 5,3% em 2020, com crescimento previsto em 2,9% no ano que vem. Antes da pandemia, a expectativa era de crescimento de 2% neste ano. Os únicos países emergentes que fecharão o ano no azul são a China (1,2%) e a Índia (1,9%). (BBC Brasil)

Aliás, o FMI anunciou um alívio de US$ 214 milhões em dívidas para os países mais pobres. O G20 também planeja um acordo de suspensão muito mais amplo para os pagamentos da dívida dos países de baixa renda. (Financial Times)

No grupo dos países desenvolvidos, a projeção do FMI é de retração econômica maior que nos emergentes, com uma queda de 6,1%. Um levantamento da Associação Nacional de Economia Empresarial dos EUA, aponta que o país já está no negativo. A previsão é de queda de 26,5% no PIB neste trimestre, mas com recuperação na segunda metade do ano. (Globo)

O maior banco dos EUA se prepara para uma recessão severa. O lucro do JPMorgan Chase caiu em 69% no primeiro trimestre. A queda foi causada principalmente pela elevação de quase US$ 6,8 bilhões das reservas contra prejuízos com empréstimos. (Barron’s)

O cenário não é diferente na Europa, duas das maiores economias do continente devem sofrer suas piores recessões. O PIB da Alemanha vai cair 10% até junho — a maior queda desde 1970. Enquanto na França, a cada duas semanas de quarentena, a economia perde 1,5 ponto percentual, segundo o banco central do país. Após mais de três semanas de bloqueio, a taxa deve ser a pior desde a Segunda Guerra Mundial. (Financial Times)

Foi estendido o prazo para negativação de inadimplentes. Agora, o consumidor só passará a constar no cadastro de nome sujo após 45 dias de atraso nos pagamentos, em vez dos 10 dias tradicionais. A medida valerá, inicialmente, por 90 dias, mas pode ser estendida.

Os bancos também consideram estender para até mais quatro meses o prazo de carência para dívidas. Segundo a Febraban, os números de pedidos já somam dois milhões. E não param de crescer. As instituições já haviam concedido 60 dias de carência para diversas linhas de crédito voltadas a pessoas físicas e empresas. (Estadão)

Enquanto isso… Mais de um milhão de trabalhadores já tiveram suas jornadas suspensas ou reduzidas, previstas na MP trabalhista. A previsão do governo é de chegar a 24,5 milhões de pessoas. (Globo)

As bolsas operaram em alta. O Ibovespa fechou em 1,37%. Enquanto nos EUA, o Dow Jones ficou em 2,4% e S&P 500, em 3,06%. A alta foi motivada pela queda no número diário de mortes e contaminados pela pandemia na Europa e nos EUA. E pelos números mais positivos das exportações e importações chinesas. Em março, exportações tiveram queda de 6,6%, enquanto o mercado esperava tombo de 14%. Mas as as altas foram freadas pelo mergulho nos preços do petróleo, mesmo com corte na oferta. Em Londres, o Brent, a referência global, teve queda de 6,74%. Assim, o dólar fechou em alta em R$ 5,19.

Na Ásia as bolsas fecharam no vermelho hoje. Com Shangai caindo -0.57%, Hong Kong -1.36% e Japão -0.45%. Na Europa os mercados abriram em queda, depois de cinco dias seguidos de alta. Agora pela manhã o FTSE britânico caía -2.20%, o DAX alemão -2.11% e o CAC Francês -1.95%.

CRISE DE BOLSONARO COM MANDETTA CHEGA AO PONTO MAIS AGUDO

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta acordou hoje preso ao cargo por um fio. Ontem, de acordo com o Painel, avisou à equipe que o presidente Jair Bolsonaro já está em reuniões para definir o nome de seu substituto e que ele concordou em seguir no posto até esta definição. (Folha)

De acordo com a apuração do Radar, o deputado Osmar Terra tem a simpatia dos filhos do presidente. Presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein, o médico Claudio Lottenberg foi cogitado — mas suas ligações com o governador paulista João Doria criam resistência no Planalto. Uma saída conciliatória poderia ser João Gabbardo, secretário-executivo de Mandetta. Bolsonaro conta com o apoio dos generais no Palácio em sua decisão de demitir o ministro. (Veja)

Pois é… Guilherme Amado conseguiu um áudio enviado por Terra ao senador Flávio Bolsonaro. “A boa notícia é que a epidemia já está em declínio em São Paulo”, afirma o candidato a ministro. “Não está caindo, está desabando. É o momento de a gente comemorar.” Ouça. (Época)

São Paulo bateu ontem seu recorde de internações num único dia por Covid-19. Há, segundo números da terça dia 14, 1.111 pessoas em leitos de UTI no estado. Os hospitais públicos todos já passaram de 75% da capacidade de ocupação. (G1)

Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF: “É possível extrair da Constituição diretamente essa ordem de ‘fique em casa’. Sobretudo no artigo 196, que estabelece a saúde como direito de todos e dever de União, estados e municípios. É um direito a ser garantido mediante a adoção de políticas sociais e econômicas que se voltem ao combate da doença, para viabilizar o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde pública. Isto está escrito com todas as letras. Não há outro modo eficiente de administrar a crise senão pela política de quarentena. Há sustentáculos para essa política pública a partir da Constituição brasileira? Há. E legitimam, portanto, essas políticas que vem sendo adotadas, não só no Brasil.” (Globo)

Aliás… Hoje o Supremo realizará sua primeira sessão por videoconferência. (Poder 360)

Washington Post em editorial: “O novo coronavírus se tornou um teste global de qualidade em governança. A severidade da epidemia depende de quão bem — ou mal — governantes respondem a ela. Os melhores se mostraram os de Nova Zelândia, Taiwan, Coreia do Sul e Alemanha, que reduziram infecções e mortes usando testes, acompanhando como as pessoas se deslocam e instituindo quarentenas. O fundo do poço também chama a atenção: nele estão os da Bielorússia, Turcomenistão, Nicarágua e Brasil, que ignoram a seriedade do vírus e incentivam a população a agir como se nada estivesse ocorrendo. Deles todos, o caso mais grave é o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.” (Washington Post)

Os governadores do Rio, Wilson Witzel, e do Pará, Hélder Barbalho, anunciaram ontem estarem com o novo coronavírus. Witzel tem sintomas de Covid-19. Barbalho, por enquanto, não. Ambos seguem trabalhando, mas isolados e em casa. (Poder 360)

O ex-presidente americano Barack Obama endossou oficialmente seu vice, Joe Biden, como candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Aproveitou para fazer um discurso contundente sobre liderança em tempos de pandemia. (Twitter)

Fonte: @Meio

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