15 de Janeiro de 2021

CULTURA

Quem aprecia a Música Popular Brasileira ganhou um tremendo presente. A obra do cantor, compositor e cineasta Sérgio Ricardo (1932-2020) está sendo inteiramente digitalizada e posta à disposição do público no acervo digital Sérgio Ricardo Memória Viva, dirigido por Mariana Lutfi, uma das filhas do artista. Autor das trilhas sonoras de alguns dos expoentes do Cinema Novo, Sérgio Ricardo era um artista permanentemente engajado, mas com uma presença firme nos temas românticos da Bossa Nova. Durante anos, porém, seu momento mais lembrado foi uma explosão de raiva no Terceiro Festival da Canção, feito pela TV Record em 1967. Impedido de cantar Beto Bom de Bola por uma vaia ensurdecedora, ele quebrou seu violão e foi embora (Youtube). No dia seguinte, o jornal Notícias Populares, cujo nome indicava a linha editorial, noticiou o fato com o histórico título “Violada no palco”. (Estadão)

Donald Trump deixa a Casa Branca no dia 20, se não for despejado antes por um impeachment. Já foi banido das redes sociais e perdeu parceiros de negócios. E agora corre o risco de ser privado do raro registro de uma boa ação. O ator Macaulay Culkin aderiu a um movimento que defende a alteração digital do filme Esqueceram de Mim 2, de 1992, para remover o então bilionário. Na cena (Youtube), Trump é a única pessoa no lobby de um hotel (dele na vida real) em Nova York a ajudar Kevin, o adorável sádico de dez anos vivido por Culkin, que está perdido na cidade. (Folha)

Para ler com calma. Quase 71 anos após sua morte, o escritor britânico George Orwell se tornou inspiração para a ofensa da vez nos Estados Unidos, especialmente entre pessoas ligadas à extrema-direita. Ao perder um contrato literário por ter apoiado a invasão do Capitólio, o senador republicano Josh Hawley classificou a decisão da editora como “Orwellian”, o mesmo adjetivo usado por Donald Trump Jr. para criticar o banimento de seu pai do Twitter. A inspiração, claro, vem da ficção distópica 1984, mais famoso trabalho de Orwell. O livro descreve uma sociedade totalitária e personalista baseada na violência, no controle da linguagem e na criação de verdades oficiais “alternativas”. Será que o Trumpismo, com tantos aspectos “Orwellianos”, pode usar impunemente esse adjetivo? (New York Times)

COTIDIANO DIGITAL

A Samsung apresentou a nova linha Galaxy: o Galaxy S21, S21+ e S21 Ultra. Como sua concorrente Apple, os aparelhos não virão acompanhados por carregador e fone de ouvido, por questões de sustentabilidade. No Brasil, porém, a empresa afirma que está estudando o cenário, já que o Procon-SP chegou a exigir que a Apple fornecesse os carregadores. Com ou sem, a Samsung segue apostando em múltiplas câmeras traseiras: os S21 (6,2 polegadas) e S21 Plus (6,7 polegadas) têm três câmeras e resolução máxima de 64MP. Enquanto o Ultra (6,8 polegadas) ganhou suporte à caneta da linha Note e vem com quatro câmeras, com resolução que chega a 108 MP e zoom de até 100 vezes. Os modelos estarão disponíveis no dia 29 de janeiro nos EUA, a partir de US$ 799, mas ainda sem previsão de data e preços no Brasil. (Estadão)

Em seu primeiro depoimento após suspender Trump, numa thread no Twitter, o CEO Jack Dorsey disse que não celebra ou sente orgulho pela decisão. Mas tinha que ser feito. “Enfrentamos uma circunstância extraordinária e insustentável, que nos obrigou a focar todas as nossas ações na segurança pública”, tuitou. No entanto, para Dorsey a decisão abriu “um precedente que acha perigoso”, citando o poder que um indivíduo ou corporação pode ter sobre a conversa pública ao redor do mundo. Ele ainda reiterou seu apelo por um padrão descentralizado para a mídia social que não seja controlado por uma única entidade.

Então… O Snapchat seguiu o Twitter e também baniu definitivamente Trump. Enquanto isso, a lista de empresas que estão paralisando doações políticas nos EUA só cresce, com nomes como Nike, Disney e Amazon.

VIVER

“Orem pelo Amazonas.” O apelo desesperado de uma técnica de enfermagem dá a exata medida da tragédia humanitária que se abateu sobre o estado, em especial em Manaus. Sem oxigênio nos hospitais, profissionais de saúde tentam evitar que pacientes com Covid-19 morram asfixiados fazendo ventilação manual. Diante do caos, 750 doentes começaram a ser transferidos em aviões da FAB para hospitais em outros cinco estados (Goiás, Piauí, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte) e no Distrito Federal.

Para tentar reabastecer os hospitais da capital, a White Martins, responsável pelo fornecimento, conseguiu enviar alguns cilindros e prometeu trazer oxigênio da Venezuela, onde também atua. Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), por sua vez, desembarcaram ontem com oxigênio vindo de São Paulo. Mas a demanda é diária nos centros de saúde de Manaus e hoje supera os 28 mil metros cúbicos que a empresa é capaz de produzir na sua unidade local. O governo federal também pediu ajuda aos Estados Unidos para o envio de aviões com tanques do gás.

Cientistas identificaram que uma nova cepa mais contagiosa do Sars-Cov-2, o vírus que causa a Covid-19, surgiu no Amazonas, o que pode explicar, em parte, o aumento nos casos. A média móvel de mortes nos últimos sete dias subiu 183% em comparação às duas semanas anteriores — o aumento médio em todo o país foi de 41%. Pela primeira vez foram registrados mais de 3.800 casos em um único dia, e somente ontem 51 pessoas morreram no Amazonas. Em todo o Brasil houve ontem 1.151 óbitos, elevando o total a 207.160. É o terceiro dia consecutivo com mais de mil mortes.

Na tentativa de conter as aglomerações e o contágio, o governador Wilson Lima (PSC) decretou toque de recolher na capital amazonense, entre as 19h e às 6h, exceto para trabalhadores de serviços essenciais. Farmácias só poderão atender a entregas, e todo o transporte de passageiros, inclusive fluvial, está suspenso.

Mas é importante lembrar: em dezembro, Lima baixou um decreto apertando a quarentena no estado. Ele recuou após uma onda de protestos de comerciantes, preocupados com as vendas de Natal. Na época, a desistência do governo em implantar o lockdown foi celebrada e incentivada pelas principais estrelas bolsonaristas, incluindo jornalistas, celebridades e políticos que falavam em ‘liberdade’ e acusavam o lockdown de não funcionar.

Pois é… Como sói acontecer, na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro culpou o governo do estado e a prefeitura de Manaus pelo iminente colapso no sistema de saúde local. “O governo estadual e municipal (sic) deixou acabar o oxigênio”, afirmou. (Globo)

E enquanto Manaus enfrenta o horror, o Brasil espera uma vacina. A três dias da reunião prevista para dar aval à CoronaVac e à vacina de Oxford/AstraZeneca, a Anvisa notificou respectivamente o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para que enviem novos dados. O Ministério da Saúde prometeu entregar 8 milhões de doses de ambos os imunizantes a prefeitos para início da vacinação no dia 20.

E o governo vetou a ideia de empresários que gostariam de comprar vacinas para imunizarem seus funcionários. A informação foi dada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Por conta da nova cepa identificada no Amazonas, o governo do Reino Unido proibiu todos os voos oriundos da América do Sul. Sobrou até para Portugal, por conta de seus “fortes laços de viagens com o Brasil”. O governo português classificou a medida como “absurda”.

O Enem vai acontecer mesmo no próximo domingo e no dia 24. O Tribunal Regional Federal da 3ª região negou o recurso da defensoria pública que pedia o adiamento do exame em função da Covid-19. Os desembargadores mantiveram o entendimento da primeira instância de que as medidas de segurança anunciadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) são seguras. O Inep, aliás, disse não garantir a reaplicação das provas onde forem adiadas por autoridades locais. A Justiça do Amazonas, por exemplo, suspendeu o Enem enquanto durar a situação de calamidade no estado. O governo federal está recorrendo da decisão.

ECONOMIA

lO presidente do BC teria convencido Bolsonaro a manter André Brandão no comando do Banco do Brasil, segundo o Valor. O presidente chegou a pedir a demissão a Guedes, mas Roberto Campos Neto, quem indicou Brandão para o cargo, alertou de que seria avaliada como interferência política em uma empresa com ações na Bolsa. No entanto, ainda não está claro se para permanecer na presidência do banco, Brandão terá que rever o programa de enxugamento e se terá que acolher indicações do Centrão para compor sua diretoria.

Mesmo assim… Bolsonaro já levantou junto com integrantes do Planalto possíveis nomes para suceder Brandão. Um dos cotados é Mauro Ribeiro Neto, atual vice-presidente corporativo do BB e apoiado pela família Bolsonaro. (Globo)

A troca de presidência, alertou o Goldman Sachs, vai elevar a incerteza e o risco à governança corporativa da instituição. (Globo)

Míriam Leitão: “Eu conto ou vocês contam ao ministro Paulo Guedes que o projeto dele acabou? Guedes embarcou numa canoa na qual não havia espaço para as ideias liberais. Não interessa mais se o presidente do Banco do Brasil fica ou não. André Brandão já foi informado que não tem qualquer autonomia de gestão, apesar de presidir um banco que tem acionistas privados e que atua num mercado que passa por imensas mudanças e aumento da competição. A lista da intervenção de Bolsonaro nos assuntos do Ministério da Economia é enorme. A reforma administrativa dormiu na gaveta do presidente até ficar bem aguada, irreconhecível. Paulo Guedes já sabe que não deu. Mas tentará terceirizar a culpa para o Congresso, a oposição, Rodrigo Maia, a imprensa, a social-democracia. Vai fazer vistas grossas para todo o autoritarismo do governo. Inclusive na economia.” (Globo)

Diferente do que foi dito pelo governo, o Bolsa Família vai começar o ano com menor cobertura após o fim do auxílio emergencial. Serão 14,232 milhões de famílias atendidas — 41 mil a menos do que tinha no fim de 2020. E o valor vai cair de R$ 201,58, em média, para R$ 190,57. Com esse novo repasse, no entanto, seria possível cobrir mais de 15,2 milhões de famílias, como previsto no projeto de Orçamento de 2021. No entanto, apesar de ainda não ser consenso, o governo chegou a dizer que aumentaria para um valor médio de R$ 200, o que ainda não cobre a inflação acumulada desde o último reajuste e só permite atender até 14,5 milhões de famílias. (Folha)

Solange Srour: “O impacto do auxílio sobre a massa de rendimentos, a pobreza e a desigualdade em 2020 foi extremamente significativo. No entanto, o auxílio não foi um programa desenhado para reduzir as desigualdades sociais. Um eficaz programa social deve ser focado, levando em conta a distinção entre as pessoas que já são pobres e não conseguem se encaixar no mercado de trabalho e aquelas que conseguem se sustentar, mas têm oscilação de renda. A extensão do auxílio tende a ter um impacto muito diferente na economia desta vez. A condição inicial das contas públicas é pior, e já nos revelamos incapazes de cortar despesas obrigatórias, mesmo por apenas dois anos. Ao invés de mais PIB, é muito provável que o auxílio traga menos PIB desta vez. E a inflação dificilmente não continuará alta com a taxa de câmbio permanecendo depreciada.” (Folha)

Mais nove chinesas entraram na lista de supostas empresas com ligações aos militares da China, segundo o governo americano. A lista incluiu a fabricante de telefones celulares Xiaomi. O decreto obriga investidores americanos a venderem participações nessas companhias até novembro.

Na expectativa com um novo pacote econômico de Biden, o Ibovespa fechou em +1,27%, aos 123.480,52. Também ajudou a afirmação de Jerome Powell, presidente do banco central americano, de manter a política de juros baixos. O dólar caiu para R$ 5,21. Nos EUA, no entanto, dados negativos do mercado de trabalho e recordes da pandemia no país pesaram: o S&P 500 ficou em -0,38% e o Dow Jones em -0,04% .

As Bolsas na Ásia fecharam sem uma direção clara. Enquanto Tóquio ficou em -0,62% e Coreia do Sul em -2,03%, Shangai fechou em +0,01% e Hong Kong em +0,27%. Na Europa, abriram em queda com o aumento de restrições por causa da pandemia. Pela manhã, Frankfurt estava em -0,37%, Londres em -0,50% e Paris em -0,62%.

Fonte: Meio

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