15 de Maio de 2020

VIVER

O teste de anticorpos desenvolvido pela Roche teve um resultado “muito positivo”, informou a Public Health England, órgão que cuida da saúde pública no Reino Unido. Fontes disseram à BBC que o teste da farmacêutica suíça é o primeiro a identificar com 100% de certeza se alguém já contraiu o novo coronavírus. Uma especificidade de 100% significa que não há a probabilidade de haver um exame com um resultado falso positivo.

O principal objetivo de um teste de anticorpos é descobrir quantas pessoas foram infectadas. Os números oficiais são apenas uma fração do número total – nem todo mundo está sendo testado e algumas pessoas estão sendo infectadas sem desenvolver sintomas. Os testes de anticorpos ajudarão a responder perguntas como até que ponto e com que facilidade o vírus se espalhou e, crucialmente, quão mortal é. O segundo objetivo é altamente controverso. Encontrar anticorpos que atacam o coronavírus não é prova de que a pessoa recuperada está protegida. Nem significa que você não possa transmiti-lo. Os cientistas da Organização Mundial da Saúde desaconselham o uso dos chamados “passaportes de imunidade” devido à falta de evidências.

São 13.993 mortes e 202.918 casos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 844 novas mortes e 13.944 novos casos. Só nos primeiros 14 dias de maio foram contabilizadas 57% de todas as mortes incluídas em aproximadamente dois meses de balanço.

Na cidade de São Paulo, que lidera nos números, aumentou as chances de ser decretado o lockdown — isolamento radical. Segundo Lauro Jardim, já teriam estudos e um planejamento avançados para um decreto a partir de segunda-feira. A justificativa será a diminuição do isolamento social na capital nas últimas semanas. A medida também deverá abranger alguns municípios da região metropolitana. (Globo)

No Estado do Rio de Janeiro a fila de mortes suspeitas aumentam. Do dia 1º de maio até o dia 13, as mortes em investigação quase triplicaram: no primeiro dia do mês eram 311, enquanto na quarta-feira, pulou para 907 óbitos na fila. As mortes suspeitas tem levado até três dias para serem solucionadas, e, para a Fiocruz, a tendência é que a fila aumente mais. (Globo)

Ainda sobre o Rio, na capital, 900 pessoas têm enfrentado filas para a internação mesmo com leitos disponíveis. Nos três hospitais de campanha, até ontem, tinham 231 leitos vazios. Na rede pública, 758 pessoas aguardam transferência, sendo 320 para UTI. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 91% na rede pública do município, e a de enfermaria é de 80%.

E um estudo da Universidade Federal do Amazonas aponta que o Amazonas passou o pico da pandemia. Mas o governador Wilson Lima estendeu até o final do mês a quarentena por temer uma nova onda de contaminação. (Valor)

Pois é… O isolamento caiu para menos da metade em todos os estados do país. (Estadão)

Enquanto… Tem crescido os casos nos presídios. No Estado de São Paulo, 62 das 176 unidades prisionais tem casos confirmados ou suspeitos. Até quarta, foram registrados 19 mortos, sendo 10 presos e nove servidores. Em Brasília, um em cada quatro presos e agentes penitenciários são testados com o novo coronavírus, somando 652 casos. O complexo da Papuda é o sistema prisional que mais tem realizado testes e deverá ganhar um hospital de campanha.

Com a crise da Covid-19, pacientes oncológicos, gestantes e doentes crônicos não estão sendo atendidos. Um levantamento das Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica e de Patologia mostram que houve redução de até 90% de exames nos hospitais. De 11 de março a 11 de maio, pelo menos 50 mil pessoas deixaram de ser diagnosticados com câncer, segundo os órgãos. (G1)

Para o tratamento da Covid-19, o governo só deve receber pouco mais da metade dos 7.880 respiradores que estavam previstos para abril e maio. O governo encomendou mais de 15 mil respiradores por empresas nacionais, mas menos da metade desses equipamentos podem ser utilizados em UTIs. (Folha)

Em fotos, a pandemia no Brasil.

E em vídeo, o modelo mais preciso até hoje do coronavírus em 3D.

Pelo mundo, as mortes por coronavírus chegaram a 300.074, segundo a Universidade Johns Hopkins. Mas uma boa notícia: elas vêm desacelerando. Entre 2 e 10 de abril, o número de mortes dobrou de 50 mil para 100 mil em apenas oito dias. Para que a marca dobrasse de 100 mil para 200 mil óbitos, foram necessários 15 dias. E, entre a marca de 150 mil e 300 mil mortes, foram 27 dias. (Folha)

A China já está há um mês sem reportar uma morte pela Covid-19. O número de casos também está baixo. Registrou quatro novos casos do vírus na província de Jilin. (The Guardian)

CULTURA

Rick Riordan, autor dos livros de Percy Jackson, confirmou o desenvolvimento de uma série do personagem no streaming Disney+. Ele anunciou o desenvolvimento através de um vídeo postado no Twitter. Percy Jackson e o Ladrão de Raios chegou aos cinemas em 2010, com Logan Lerman no papel principal.  As mudanças em relação ao material original não agradaram aos fãs mais antigos e mesmo aqueles que não conheciam a história não gostaram muito do resultado. Em agosto de 2019, fãs lançaram uma campanha nas redes sociais para que a Disney investisse em um remake.

COTIDIANO DIGITAL

Graças à uma licença temporária emitida pelo Departamento de Comércio dos EUA (que foi prorrogada várias vezes durante o ano passado), a Huawei não foi completamente proibida de fazer negócios com empresas americanas. A Reuters informou que o Departamento de Comércio deve prorrogar essa licença novamente nesta sexta-feira, quando a licença atual expirar. Nesta semana, o presidente dos EUA prorrogou a ordem executiva que proíbe várias empresas estrangeiras, incluindo a Huawei, de usar tecnologia americana em seus dispositivos.

E a Huawei não parece querer desistir do segmento de celulares dobráveis tão cedo. De acordo com o CEO da Display Supply Chain Consultants (DSCC), Ross Young, a fabricante chinesa apresentará um segundo dispositivo dobrável neste ano.

A Apple comprou a NextVR. A empresa é mais conhecida pelo seu trabalho com a NBA envolvendo jogos de basquete e realidade virtual. Não está claro o que a Apple planeja fazer, mas um relatório do 9to5Mac diz que os engenheiros da NextVR devem mudar para Cupertino. O mesmo relatório diz que a Apple pagou US$ 100 milhões para adquirir a NextVR. Procurada, a empresa deu à CNBC sua declaração usual quando faz uma aquisição: “A Apple compra empresas de tecnologia menores de tempos em tempos, e geralmente não discutimos nossos propósitos ou planos”. (Engadget)

O TikTok foi acusado mais uma vez de violar as regras de privacidade infantil nos EUA. Grupos em defesa da privacidade apresentaram ontem uma denúncia ao órgão de fiscalização dos EUA, dizendo que acreditam que a plataforma de mídia social está “ignorando” os termos do acordo de 2019. O TikTok, que pertence ao grupo de tecnologia chinês ByteDance, foi multado em 5,7 milhões de dólares em fevereiro do ano passado por coletar ilegalmente dados de crianças. No mês passado, o aplicativo alcançou 2 bilhões de downloads.

ECONOMIA

O setor automotivo é um dos que poderá mudar significamente com a pandemia. Antes do coronavírus, montadoras já estavam sofrendo com queda nas vendas e já era esperado um ano difícil. Para especialistas, um dos primeiros efeitos da pandemia será o fechamento de fábricas e cortes de empregos. As montadoras já operavam com, no mínimo, 20% a mais da capacidade necessária. Enquanto a demanda por carros tradicionais diminuem, os elétricos podem aumentar. Veículos movidos a baterias aumentaram 23% em março na Europa. Para analistas, não se pode afirmar ainda se esse aumento é uma tendência ou uma anomalia. Mas essa mudança poderia dar mais espaço para startups e pressionar ainda mais as montadoras procurarem parcerias e aquisições para expandir seus programas de carros elétricos e outras novas tecnologias. (New York Times)

Por aqui, as empresas têm apostado em novas estratégias para estimular o consumo. A GM, por exemplo, criou uma loja virtual no Mercado Livre. Enquanto a Mercedes criou cupons de pontos para participar de um sorteio. Em abril, o setor registrou queda de 99,3% na produção — a pior em 63 anos. Os bancos já começaram a negociar com a Fiat e GM um pacote de ajuda. Segundo a Anfavea, setor precisa de aproximadamente R$ 40 bilhões em financiamento. (Estadão)

Por falar em produção industrial… A indústria nacional teve queda em todos os 15 Estados pesquisados, segundo o IBGE. Essa é primeira vez em oito anos, quando teve a crise de 2008. O local onde se concentra mais de um terço da indústria nacional, São Paulo foi a região que mais influenciou o resultado nacional (-9,1%), com queda de 5,4%. (Folha)

Mesmo assim, o número de falências e recuperações judiciais caiu em abril. Foram registrados 75 pedidos de falência, 43% a menos que no mesmo período de 2018, segundo o Serasa. Nos pedidos de recuperação judicial, a retração foi de 3%. Para especialistas, no entanto, o isolamento está causando um represamento temporário nas estatísticas, e o número vai aumentar. (Folha)

O governo vai reduzir as exigências de manutenção de empregos para as empresas que tomarem empréstimos para pagar salários. A linha não fez tão sucesso quanto esperado e só desembolsou R$ 1,5 bilhão de R$ 40 bilhões previstos. (Estadão)

Na temporada de balanços… A Petrobras registrou um prejuízo de R$ 48,523 bilhões no 1º trimestre – o pior resultado na história da companhia. No mesmo período do ano passado, companhia registrou lucro de R$ 4 bilhões. O resultado foi devido a queda no preço do petróleo. No primeiro trimestre, a receita líquida da estatal caiu 7,7%. (G1)

A Azul teve um prejuízo de R$ 6,1 bilhões no 1º trimestre. Segundo a companhia, o resultado se deu principalmente por causa da variação cambial e da queda do valor de mercado da empresa portuguesa TAP, que tem participação. A Azul disse ter caixa suficiente para até mais um ano. O seu plano de recuperação tem como base uma projeção de demanda para cerca de 40% até o final de 2020. (Estadão)

O Ibovespa passou o dia oscilando, mas fechou no azul em +1,59%. A subida acompanhou Wall Street, onde o S&P 500 ficou em +1,15% e o Dow Jones em +1,62%. A alta nos índices foi motivada pelos ganhos das ações dos bancos americanos, em dia de recuperação de perdas recentes. Nesse contexto, o dólar caiu e fechou em R$ 5,82.

Na Ásia, as Bolsas fecharam sem uma direção clara. Enquanto Shangai ficou em -0,07% e Hong Kong em -0,14%, Tóquio fechou em +0,62% e Coreia dos Sul em +0,12%. Na Europa, os índices abriram no azul com os resultados de Wall Street e dados de produção industrial chineses melhores que o esperado. Pela manhã, o DAX na Alemanha estava +1,3%, o CAC 40 da França em +0,9% e o FTSE do Reino Unido em +1,2%.

JAIR BOLSONARO PEDE GUERRA CONTRA GOVERNADORES

O presidente Jair Bolsonaro, ontem, pediu a empresários que entrem em guerra com os governadores de seus estados — principalmente, São Paulo. Aumentou o fogo na frigideira do ministro da Saúde, Nelson Teich, dizendo que exigia que o ministério recomendasse ativamente o uso de cloroquina. Acusou Rodrigo Maia de querer “ferrar o governo”. Depois se reuniu com o presidente da Câmara e a ele pediu paz. “Voltamos a namorar”, afirmou Bolsonaro. “É meu papel institucional, principalmente num momento de crise e de perdas de tantas vidas, o mais importante é sempre o diálogo, ver de que forma o governo federal vem atuando, conhecer o gabinete e toda a sua estrutura”, afirmou o deputado. Para políticos ouvidos pelo Painel, é indício de quanto o presidente está desnorteado. (Folha)

O pedido de guerra foi contra todos os governadores, mas um em particular foi pinçado. “Um homem está decidindo o futuro de São Paulo”, afirmou o presidente. “Está decidindo o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria. É guerra.” Bolsonaro voltou a se queixar das medidas de isolamento social. “Então, pressionem os governadores, pressionem os governos a quem de direito. A Presidência da República está com vocês. O presidente Bolsonaro trabalha para vocês. O governo trabalha para vocês, a Presidência, aqui em Brasília. Pressionem a quem de direito, por favor.” O governador João Doria respondeu. “Lamento que o presidente da República, ao invés de defender vidas de brasileiros, esteja mais interessado em atender a um pequeno grupo de empresários vinculados à Fiesp.” (G1)

Em Brasília, todas as atenções hoje estarão direcionadas ao ministro Nelson Teich. Ele vem afirmando que não recomendará um remédio contra o consenso da comunidade científica. Pode se demitir. Segundo o Radar, seu número dois, o general Eduardo Pazuello, já foi convidado a assumir o cargo. (Veja)

Comentarista de política do Valor, Maria Cristina Fernandes aponta para o auxílio emergencial de R$ 600, que expira ao fim deste mês, como um dos principais motivos que mantém o Congresso inerte perante a pressão de Bolsonaro. Uma quantidade muito grande de pessoas está recebendo o dinheiro, que faz imensa diferença. Prefeitos e vereadores, principalmente nas regiões mais pobres, percebem o grande valor eleitoral deste recurso. E são estes que formam a base política de muitos deputados. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que o auxílio não será renovado. (Twitter)

A Advocacia-Geral da União entregou ao Supremo uma transcrição dos trechos que considera que podem ser divulgados da fatídica reunião que resultou na demissão do ex-ministro Sérgio Moro. Em um, Bolsonaro se queixa de que Polícia Federal, Forças Armadas e Abin não oferecem a ele informações de inteligência o suficiente. “Vou interferir”, ele diz. “Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade.” O trecho seguinte divulgado ocorre apenas 50 minutos depois. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio e não consegui. Isso acabou. Não vou esperar foderem minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.” Em manifestações à Corte, tanto a AGU quanto o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediram que apenas os trechos que consideram relevantes para a investigação sejam divulgados em vídeo. (Poder 360)

E… A deputada Carla Zambelli foi ao Ministério da Justiça no último dia de Moro. Segundo a troca de mensagens entregues à PF, ela dizia que estava atuando em nome do Planalto para evitar a demissão. Chegou a escrever que Bolsonaro cairia caso ele saísse — mas depois apagou do WhatsApp este pedaço. (Globo)

Então… A pressão pública de Bolsonaro para troca do comando da Polícia Federal, no Rio, ocorreu duas semanas após um juiz eleitoral enviar um inquérito contra Flávio Bolsonaro para a PF do estado. (Globo)

Um grupo hacker invadiu o sistema de informações do Exército e, de lá, tirou quatro exames médicos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro no Hospital das Forças Armadas entre o ano passado e este. Em nenhum Bolsonaro usou pseudônimo. O presidente havia justificado que seus exames para detectar o novo coronavírus estavam com nomes falsos porque sempre agia assim, de forma a manter sua privacidade. (Época)

Meio em vídeo: Esta semana, conversamos com uma das mais influentes jornalistas políticas do Brasil. Vera Magalhães. Ela fala sobre as dificuldades do jornalismo na cobertura de um presidente extremamente agressivo contra a imprensa em geral, contra mulheres da imprensa em particular. O que sustenta a popularidade de Jair Bolsonaro? Como fica a biografia de quem escolhe continuar neste governo? E a democracia — ela resiste? Assista.

Aliás… Vera estreou seu canal no YouTube.

Fonte: @Meio

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