19 Fev 2020

Guedes ameaça entregar o cargo em dia de agressão

Foi um dia atípico o do Palácio do Planalto, ontem. Atípico, barulhento e confuso. De manhã, em sua tradicional parada à frente do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro ofendeu a jornalista Patrícia Campos Mello, autora das reportagens sobre os disparos em massa realizados por sua campanha no WhatsApp. O assunto renderia o dia todo nas redes. Porém, já no Planalto, o presidente aproveitou o momento da posse dos ministros Braga Netto, na Casa Civil, e Onyx Lorenzoni, na Cidadania, para surpreender novamente. “O que nós devemos aos ministros, em especial ao Paulo Guedes, é muito”, disse. “O Paulo não pediu para sair, tenho certeza que vai continuar conosco até o último dia.” Até ali, ninguém falava em saída do ministro da Economia. Para muitos, foi um susto — ampliado à tarde, quando Bolsonaro cancelou do nada o lançamento do programa Brasil Mais, mandou todos os assessores saírem, e se trancou por horas com Guedes, Augusto Heleno, da Segurança Institucional, e Luiz Carlos Ramos, da secretaria de Governo. Algo estava acontecendo. (Poder 360)

Guedes, de acordo com o Congresso em Foco, chegou a entregar o cargo. Estava irritado com o fato de a presidência estar segurando a reforma Administrativa e sentiu o peso das críticas, internamente, sobre suas declarações a respeito das domésticas. Alegou estar sendo bombardeado. O presidente tentou botar panos quentes. (Congresso em Foco)

Já segundo apuração de Claudio Dantas, o ministro também cobrou do presidente que reiterasse o veto ao artigo do orçamento pelo qual o Congresso retira do Executivo o controle sobre R$ 30 bilhões. O ministro não quer liberar o dinheiro para os parlamentares. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, avisa que pode manter o veto. Será caro. (Antagonista)

Daí que… O general Heleno foi flagrado por um microfone se queixando do Congresso e propondo enfrentamento. “Não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo”, declarou. “Foda-se!” (UOL)

Guedes saiu do Planalto à noite, acompanhado de Ramos mas sem Heleno, direto para a casa de Alcolumbre. Lá se encontraram, também, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia. O objetivo foi alinhar as agendas de Executivo e Legislativo para tocar a pauta econômica o mais rápido possível. O Planalto promete que enviará a reforma Administrativa. (Poder 360)

Pois enquanto corria atrás de apagar o incêndio na pasta da Economia, o presidente tacava fogo no país com o auxílio dos filhos Zero Um e Zero Três. Partiu agressivamente contra a repórter da Folha. “Ela queria um furo”, comentou perante a claque de fãs, “ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim.” No Congresso, ele encontrou o apoio do filho, Eduardo. O deputado foi à tribuna discursar. “Em nome das mulheres, uma banana”, bradou, fazendo o gesto. “Não vão nos calar”, continuou, enquanto oposicionistas o chamavam de fascista. “Pode gritar à vontade, mas só raspa o sovaco se não dá um mau cheiro do caramba”, completou, referindo-se às deputadas. (Folha)

O jornal respondeu em editorial. “Ao completar 99 anos de fundação, esta Folha está mais uma vez sob ataque de um presidente. Bolsonaro atiça as falanges governistas contra o jornal e seus profissionais, mas seu alvo final não é um veículo nem tampouco a imprensa profissional. Ele faz carga contra o edifício constitucional da democracia brasileira. Há método na ofensiva. Os atores agredidos integram o aparato que evita a penetração do veneno do despotismo no organismo institucional. Bolsonaro não tem força no Congresso nem sequer dispõe de um partido. Testemunha a redução de prerrogativas da Presidência, arriscada agora até de perder o pouco que lhe resta de comando orçamentário. Pistoleiros digitais, milicianos e uma parte dos militares compõem o contingente dos sonhos do presidente para compensar a sua pequenez, satisfazer a sua índole cesarista e desafiar o rochedo do Estado democrático de Direito. Não tem conseguido conspurcar a fortaleza, mas os choques vão ficar mais frequentes e incisivos caso a resposta das instituições esmoreça. A democracia é o regime da responsabilidade, o que implica a necessidade de punir a autoridade que se desvia da lei.” (Folha)

Pois é… O senador Flávio Bolsonaro fazia barulho doutro jeito. Publicou u vídeo terrível, afirmando que se tratava de parte da perícia do capitão Adriano. Segundo ele, o PM tornado miliciano foi torturado pela Polícia Militar baiana. Adriano era suspeito de participar do esquema de rachadinha no gabinete de Zero Um. (Twitter)

Então… Guilherme Amado ouviu o secretário de Segurança da Bahia, e ele desmentiu que o vídeo publicado pelo senador seja de Adriano. “As imagens não foram feitas nas instalações oficiais do Instituto Médico Legal. Então nós temos a clara convicção de que isso é para trazer algum tipo de dúvida, de questionamento, a um trabalho que ainda não foi concluído.” (Época)

O advogado de Adriano se queixa de que a questão política ao redor do caso está prejudicando os seus pedidos na Justiça. (Estadão)

Enquanto isso… o MP da Bahia requereu novo exame em corpo do miliciano para esclarecer a trajetória dos tiros feitos pela polícia. (G1)

Por 4 votos a 2, a Comissão de Ética decidiu arquivar o caso de Fábio Wajngarten. O chefe da Secom não será investigado por conflito de interesse por ser sócio de empresa que mantém contratos com emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pelo próprio órgão. A decisão é inusitada. A legislação proíbe que integrantes do governo mantenham negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. Em casos semelhantes, a Comissão aplicou advertência e até mesmo a demissão do funcionário público. (Folha)

Os petroleiros vão recorrer da decisão do TST, que declarou a greve da categoria, que já dura 20 dias, como ilegal e abusiva. Enquanto isso, a Petrobras tenta conter o movimento com o pagamento do prêmio por performance dos funcionários. Em e-mail interno, a petroleira promete pagar 30% do valor.

Michael Bloomberg se qualificou e participará hoje, pela primeira vez, de um debate democrata. Apesar da entrada tardia na corrida presidencial, o bilionário obteve um bom desempenho nas pesquisas de opinião. No levantamento da Rádio Pública Nacional, ele pulou de 4% para 19%, atrás apenas do senador Bernie Sanders, com 31%. Bloomberg tem investido uma fortuna na sua campanha: mais de US$ 300 milhões, a maior parte com anúncios na TV e influenciadores digitais. (New York Times)

Veja como acompanhar o debate, que começa às 23h, horário de Brasília.

CULTURA

Carnaval 2020 para quem vai ficar em casa, continuação… Na Globo Play, destaque para Killing Eve. Misturando comédia, drama e ação, a série de espionagem da BBC America mostra um jogo de gato e rato entre uma agente do serviço secreto britânico (vivida por Sandra Oh, a Dra. Cristina Yang de Grey’s Anatomy) e uma assassina profissional, interpretada por Jodie Comer. Foi escrita e produzida por Phoebe Waller-Bridge, de Fleabag. Na Netflix, Spectros estreia no dia 20. A história se passa no bairro da Liberdade, em São Paulo, e aborda um grupo de adolescentes em meio a uma disputa envolvendo forças sobrenaturais e espíritos japoneses. Na Amazon Prime, estreia no dia 21 a série Hunters (trailer) produção estrelada por Al Pacino e Logan Lerman. A trama conta a história de um grupo de caçadores de nazistas que age em Nova York, no ano de 1977.

E o décimo segundo álbum de estúdio de Ozzy Osbourne, Ordinary Man, será lançado na próxima sexta, 21, pela Epic Records. O cantor, no entanto, cancelou parte norte-americana da turnê “No more tours 2” para receber tratamento de Parkinson. Em anúncio em seu site oficial, a equipe de Osbourne diz que o ex-líder do Black Sabbath precisa se recuperar de “vários problemas de saúde que enfrentou no ano passado”. A turnê estava marcada para maio.

Por falar em Black Sabbath, um especial em comemoração aos 50 anos de um dos discos que mudou a música. Mais especificamente a história do heavy metal. Pra sempre.

David Bowie voltou. Através de um vídeo raro da terceira apresentação de Ziggy Stardust no Imperial College London, em 1972. O site Far Out Magazine encontrou um arquivo que mostra os primeiros experimentos do cantor no palco durante a performance de Suffragette City.

VIVER

O crescimento de vendas dos audiolivros, relatado por editoras no país vêm conquistando o tempo de executivos. Com a disponibilidade de conteúdo variado em aplicativos e acessível a um toque no celular, de qualquer lugar, profissionais da alta liderança ouvidos pelo Valor veem o audiolivro como uma ferramenta para estudar, se informar e se entreter. Leia os relatos de quem aderiu ao formato.

Portugal decide na quinta-feira se vai descriminalizar a eutanásia. Os textos propostos estabelecem a prerrogativa da morte assistida aos portugueses e também aos residentes no país, maiores de idade com doenças incuráveis e em fase de sofrimento duradouro e insuportável. Em janeiro, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) informou que o número de brasileiros vivendo legalmente em Portugal, e que, portanto, poderá se beneficiar da lei, em caso de sanção, era de 150.854 pessoas, representando 1 em cada 4 imigrante residente no país. A morte assistida também está em debate na Espanha e é permitida em estados americanos, no Canadá e em outros países europeus; no Brasil, não há projeto para legalizar a prática. (O Globo)

As prisões brasileiras seguem superlotadas e com déficit de vagas. Mas um novo levantamento exclusivo do G1 mostra que a superlotação diminuiu no país e o percentual de provisórios caiu, atingindo o menor patamar dos últimos anos. Os dados, do Monitor da Violência, têm como base informações oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. Há hoje 710 mil presos para uma capacidade total de 423 mil, um déficit de 287 mil vagas no Brasil – menor que o do último levantamento. O total não considera os presos em regime aberto e os que estão em carceragens de delegacias da Polícia Civil. Os presos provisórios (sem julgamento), que chegaram a representar 35,9% da massa carcerária há cerca de um ano, agora correspondem a 31%. O Ceará se manteve como o estado com a maior proporção de provisórios. E Roraima é agora o estado com a maior superlotação; no ano passado, era Pernambuco.

O Governo russo decidiu ontem suspender a entrada de cidadãos chineses no país devido ao coronavírus. O veto entra em vigor na próxima quinta-feira, 20 de fevereiro, e não afetará os viajantes em trânsito. Outros países impuseram restrições de viagem e de entrada, mas a decretada pela Rússia é por enquanto a medida mais rigorosa.

COTIDIANO DIGITAL

A Huawei manterá sua conferência em Barcelona. Só que virtual. É a primeira empresa a anunciar um evento na cidade depois do World Mobile Congress ter sido cancelado por causa do coronavírus. Marcado para o dia 24 de fevereiro, o evento da chinesa contará com um vídeo pré-gravado e demonstração local do seu novo smartphone com tela dobrável. A Huawei também deve lançar outros produtos durante a conferência.

O Adsense do Google está sendo usado para extorsão. Alguns usuários do sistema de anúncios têm sido ameaçados. Funciona assim: caso não paguem, os seus sites serão inundados com cliques falsos o que limitaria as fontes de receita via Adsense. Enquanto o Google diz que o esquema não deve ser levado a sério, o caso se junta a outros similares da empresa que evidenciam brechas de segurança nas suas plataformas.

E depois de quase um ano em fase de testes, a Microsoft lançou para Android o app Microsoft Office que engloba Word, Excel e PowerPoint.

Fonte: @Meio

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