19 Nov 2019

Desmatamento da Amazônia chega ao pico em dez anos

A área desmatada na Amazônia foi de 9.762 km² entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Trata-se de um aumento de 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018) que teve 7.536 km² de área desmatada. Os números são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). Ele é diferente do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mostra os alertas mensais e já sinalizava tendência de aumento. Entenda em 6 tópicos (G1)

Os dados foram divulgados na manhã de ontem pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. O diretor interino do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Darcton Policarpo Damião, e Salles destacaram que o desmatamento está em tendência de alta desde 2012, a uma taxa média de aumento de 11,4% ao ano. O Estado com maior taxa de desmatamento foi o Pará, respondendo por 39,5% da perda observada em toda a Amazônia, seguido de Mato Grosso, com 17,2%. Os dois Estados, juntamente com Amazonas e Rondônia, representaram 84% de toda a devastação. Chamou a atenção também Roraima, que teve uma alta de 216,4% de desmate no período (Estadão)

O ministro do Meio Ambiente atribuiu o enorme aumento à ‘economia ilegal’, em referência às atividades ilícitas de mineradoras, madeireiras e invasores, que se apropriam das terras. Para as ONGs, o principal culpado pelo enorme aumento é o presidente e o ‘projeto antiambiental’ de Bolsonaro. O World Wild Fund (WWF) ressaltou que nunca foram aplicadas tão poucas multas ambientais como nos últimos meses (El País)

Em ano de alta do desmatamento, a pasta do Meio Ambiente perdeu quase 20% dos técnicos. O registro do Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Economia, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão mostra que o total desses servidores na pasta caiu de 476 em dezembro de 2018 para 395 em setembro de 2019, redução de 17%. Dados obtidos pela BBC News Brasil via Lei de Acesso à Informação diretamente com o Ministério do Meio Ambiente registram 144 saídas de analistas ambientais entre janeiro e julho e 15 entradas — ou seja, a perda líquida de 129 profissionais.(BBC)

Pois é… Com receio de represálias, pesquisadores de instituições federais brasileiras decidiram não assinar um estudo recentemente publicado sobre o aumento das queimadas sob o governo Jair Bolsonaro. “Alguns colaboradores recusaram a coautoria neste trabalho para manterem-se no anonimato. Lamentamos que isso fosse necessário e gostaríamos de agradecê-los por sua importante contribuição”, diz o estudo, em seus agradecimentos, publicado na revista científica Global Change Biology na sexta. (Folha)

O presidente do Supremo, Dias Toffoli, revogou ontem o pedido dos relatórios de inteligência financeira que o Coaf produziu nos últimos três anos referentes a 600 mil pessoas. De acordo com o ministro, as informações oferecidas pela UIF (nova sigla do Coaf) o satisfizeram tornando desnecessário consultar o material. (Globo)

Então… O jornalista Leandro Colon conta que Toffoli havia pedido os relatórios em papel. A equipe da UIF enviou o material, mas num sistema digital com login e senha. O papel não deixa qualquer registro de quem viu qual relatório. O sistema oferecido, deixa. (Folha)

No dia da eleição em segundo turno, em 2018, Paulo Guedes puxou o ex-ministro Gustavo Bebianno de lado para lhe informar que Sergio Moro era o mais provável futuro ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Guedes afirmou que já havia tido cinco ou seis conversas com o juiz da Lava Jato e que ele afirmara estar disposto a largar a magistratura para se juntar ao governo. Em entrevista ao jornalista Fábio Pannunzio, Bebianno afirmou que, candidato, Bolsonaro não teve conversas com Moro. Mas conversas em seu nome estavam acontecendo. Assista. (TV Giramundo)

Já era sabido que Guedes fizera uma primeira sondagem durante a campanha. O general Hamilton Mourão o disse. Mas é novidade que foram muitas as conversas. Dias antes do primeiro turno, Moro decidiu juntar por iniciativa própria uma delação do ex-ministro Antonio Palocci ao processo contra o ex-presidente Lula e determinou que seu conteúdo fosse tornado público. (Folha)

Editorial do Estadão: “O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem de ser demitido imediatamente. Sua errática gestão à frente de um dos mais importantes ministérios já seria razão suficiente para sua substituição por quadros mais qualificados, e estes não faltam no país. Mas há outra razão, muito mais séria, que torna a sua permanência no cargo uma indignidade. Até para os padrões do bolsonarismo – que estabeleceu novo patamar de insalubridade nas redes sociais – o ministro cruzou a linha vermelha. No feriado da República, Weintraub postou-se a defender a monarquia na rede social. A Constituição não o proíbe de ter a opinião que for sobre as formas de governo. Em se tratando de um ministro de Estado, no entanto, manifestar predileção pela monarquia é, no mínimo, uma conduta inapropriada. Mas Weintraub foi além. Acometido por algo próximo de um ‘surto antirrepublicano’, o ministro classificou como ‘infâmia’ a proclamação de 15 de Novembro de 1889. Uma pessoa que acompanha as postagens do ministro no Twitter respondeu que ‘se voltarmos à monarquia, certamente você (o ministro Abraham Weintraub) será nomeado o bobo da corte‘. ‘Uma pena. Eu prefiro cuidar dos estábulos. Ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe’, retrucou o ministro. Abraham Weintraub achou por bem classificar o marechal Deodoro da Fonseca como um ‘traidor’ da Pátria. Diante de uma estultice dessa natureza, na melhor hipótese, o ministro da Educação está absolutamente desinformado. Na pior, trata-se de alguém que se move por ressentimento, revanchismo e má-fé.” (Estadão)

HEALTHTECH

Oitenta projetos, 28 jurados — saíram os resultados do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, o principal brasileiro no setor. Um time do Instituto Laura Fessatto venceu com o Robô Laura, um software capaz de alertar a equipe médica se os dados de um paciente começarem a cair rapidamente, indicando septicemia. O grupo que inclui Anvisa, USP e o PNUD da ONU desenvolveu um sistema para acompanhar o caminho do medicamento do laboratório ao paciente, para evitar falsificações e contrabando. Uma trupe cearense descobriu que a pele do peixe tilápia, em geral descartada, é excelente no tratamento de queimaduras. Um time do Incor, de São Paulo, descobriu que um remédio a mais protege o coração em quimioterápicos contra câncer de mama. E um grupo de hemocentros brasileiros foi premiado por uma pesquisa sobre anemia falciforme no país.

Dois dos principais jornais americanosNew York Times e Wall Street Journal, acusam o Google de estar coletando informações delicadas de pacientes sem permissão expressa. Costurando inúmeros acordos de parceria para seu sistema de nuvem com empresas do setor médico, a companhia está armazenando cada vez mais informação. A informação vem servindo para desenvolvimento de tecnologias. Ferramentas para analisar dados de pacientes, reunir e organizar estes dados, desenvolver softwares que permitam a médicos buscar por informações específicas que possam plotar em gráficos, enquanto exploram possíveis empregos para inteligência artificial em diagnóstico, prognóstico e sugestão de tratamentos. Em essência, um sofisticado sistema de busca para profissionais de saúde. Há, porém, um dilema ético sério: a tecnologia está sendo desenvolvida sem consultar os donos dos dados.

A revista Time tem uma lista das doze inovações que vão revolucionar a medicina na próxima década. Encabeça uma trivial de tão simples: envio de medicamentos por drone. Em lugares pobres e de baixa distribuição demográfica, fará imensa diferença. Mas não é só. Uma cura para diabetes de tipo 1 baseada em tratamento com células tronco pode estar próxima. O ultrassom num chip está chegando — a máquina de US$ 100 mil é substituída por um aparelho de US$ 2000 mais um app de celular. É uma explosão de acesso, entre outros, a pré-natal. Diagnóstico de câncer baseado em inteligência artificial vai trazer a identificação da doença para mais cedo e para mais pessoas. Sem nenhum avanço em tratamento, só isso já faz muita diferença. Há outras.

VIVER

20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Amanhã é feriado em mais de mil cidades, incluindo todo o Estado de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro. A lista atualizada dos municípios. A data foi instituída pela Lei Federal nº 12.519, de 10 de novembro de 2011 e marca a morte de Zumbi dos Palmares, reconhecido pela luta de resistência contra a escravidão no Brasil e líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo da época do período colonial no país. No Estado de São Paulo, legislações municipais determinam o feriado em 106 cidades, incluindo a capital paulista.

Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, as secretarias municipais de cultura organizaram diversas atividades, entre palestras e shows, para celebrar a data. Na programação, nomes como Conceição Evaristo e Drik Barbosa. Não é feriado em nenhuma cidade dos Estados do Pará, Pernambuco, Ceará, Piauí e Distrito Federal.

Por falar em Brasília… o Plenário do Senado Federal promoverá sessão especial na sexta-feira para comemorar o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Um projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) propõe que a data seja oficializada feriado nacional.

E o 2º fundo de maconha estreia no Brasil hoje mirando pequenos investidores. A gestora Vitreo lança o fundo Canabidiol Light menos de um mês depois de apresentar o primeiro fundo brasileiro a investir na indústria da cannabis, o Vitreo Canabidiol FIA IE. A principal diferença entre eles é o tamanho da exposição ao mercado internacional. A taxa de administração é de 0,056% e o investimento mínimo é de R$ 5 mil.

CULTURA

A primeira ópera negra do Brasil e única produzida em português e iorubá – dialeto nígero-congolês – Lídia de Oxum estará em cartaz novamente, após 25 anos de sua criação, entre os dias 21 e 23 de novembro, no Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. A data foi escolhida em homenagem à Consciência Negra. Escrita pelo poeta baiano Ildásio Tavares em parceria com o maestro, também baiano, Lindembergue Cardoso, a base da ópera foi a peça Os Sete Poemas Negros. Ildásio a escreveu a pedido do músico Djalma Corrêa. Curiosidade: o ator Sebastião Prata, conhecido como Grande Otelo, foi um dos que pediu que Ildásio tentasse levar ao circuito comercial uma peça em que negros fossem protagonistas.

Keiji Nakazawa tinha 7 anos quando a bomba atômica atingiu Hiroshima, cidade onde morava com a família. Gen Pés Descalços – Volume 1 é o relato comovente, em mangá, de uma família japonesa, vítima da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Outras nove HQs  para quem gosta, ou quer conhecer, histórias em quadrinhos incríveis feitas no Japão.

COTIDIANO DIGITAL

O presidente Jair Bolsonaro recebeu, ontem, o CEO da Huawei no Brasil. A companhia chinesa quer acelerar a construção da rede 5G no Brasil, financiando a instalação da infraestrutura que terá de ser implementada pelas operadoras de telefonia celular. “Ele apenas mostrou que quer o 5G no Brasil”, afirmou Bolsonaro. “Não mostrou proposta.” Formalmente, a Huawei deseja apenas que o governo brasileiro não interfira na escolha das companhias de telecomunicações. “Estou sabendo que tem uma firma sul-coreana também em condições de operar 5G”, comentou o presidente. “A melhor oferta, né?” (Globo)

Em tempo… A Huawei vende equipamento para infraestrutura que as operadoras de telefonia compram e instalam. O governo não é cliente. Pode proibir a operação da companhia no Brasil, mas não compra seu equipamento. Três companhias concorrem pelo espaço 5G: a chinesa Huawei, a finlandesa Nokia, e a sueca Ericsson. Não há sul-coreana na disputa.

Aliás… O governo americano estendeu a licença provisória para que companhias americanas possam negociar com a Huawei. Os critérios não foram esclarecidos e o impasse sobre se a empresa pode ou não operar no país segue.

Fonte: @Meio

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