22 Abr 2019

Censura no STF

O ministro Alexandre de Moraes revogou no final do dia, quinta, a decisão de censurar a revista Crusoé e o site-irmão, Antagonista. A menção que Crusoé fez a um documento envolvendo o presidente do STF, Dias Toffoli, havia sido considerada por Moraes ‘típico exemplo de fake news’. Voltar atrás se tornou inevitável após o MP confirmar que o documento existia. Moraes e Toffoli estavam também sob pressão. O primeiro a se manifestar publicamente contra a censura foi Marco Aurélio. Depois o decano, Celso de Mello. Os dois ministros mais experientes da Corte. E Fachin, em cujas mãos caíram as queixas a respeito da investigação contra ‘fake news’ deslanchada por Toffoli, começou a pressionar. (G1)

Não ficou neles. Também a ex-presidente Cármen Lúcia se manifestou. “Toda censura é mordaça”, ela afirmou, “e toda mordaça é incompatível com a democracia.” (Globo)

De acordo com o repórter Severino Motta, Toffoli desconfia que os procuradores da Lava Jato forçaram Marcelo Odebrecht a citar seu nome em depoimento como forma de pressão para evitar que a prisão após segunda instância fosse derrubada pelo Supremo. Pelo menos um ministro com o qual o repórter conversou falou na possibilidade de prisão dos procuradores. (BuzzFeed)

Pois é… no PT, conta Alberto Bombig, estão preocupados que a confusão tenha azedado de vez o clima entre os ministros, jogando para longe a análise da segunda instância. (Estadão)

Então… São, afirma o colunista Guilherme Amado, pelo menos três os ministros que apoiam o inquérito contra ‘fake news’. Além de Toffoli e Moraes, também Ricardo Lewandowski. Na parte que investiga pessoas ligadas à direita que criticam o Supremo nas redes sociais, está a convicção de que empresários pagam a agitação bolsonarista online. O STF seria um dos alvos preferenciais. (Época)

Elio Gaspari: “Dias Toffoli conflagrou o tribunal, confrontou-se com a Procuradoria-Geral da República e tornou-se um defensor da censura com argumentos conceitualmente desastrosos e factualmente inconsistentes. Graças aos ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, a piromania foi contida. Alexandre de Moraes revogou a censura e é de se esperar que Toffoli sossegue em sua pregação desconexa. Fica faltando limar a truculência de um inquérito escalafobético que saiu por aí apreendendo computadores nas casas dos outros. A crise do Supremo teve uma peculiaridade. Pela primeira vez ela saiu de dentro do tribunal, contaminando o meio externo. Em todas as outras a encrenca, grande, vinha de fora. Agora havia um mal estar lá dentro e a partir dele criou-se a crise. Não se pode dizer que fosse um problema dos 11 ministros. Seriam três ou quatro, no máximo. Em algum lugar há uma fonte emissora de radioatividade. Nada melhor que a luz do Sol para procurá-la.” (Globo ou Folha)

E… Na nova edição de Crusoé, os nomes de Moraes e Toffoli estão tarjados. (Crusoé)

Há grande resistência, na Esplanada, ao plano de privatização do ministro Paulo Guedes. Empresas priorizadas na lista de venda continuam contratando, com os ministros autorizando. Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, mantem-se na defesa dos Correios. Tereza Cristina, da Agricultura, quer continuar controlando a Conab. O próprio Planalto, que cogitou extinguir a EBC, voltou atrás. (Estadão)

Diga-se… Bolsonaro já autorizou colocar os Correios na lista de à venda, conta Cristiana Lobo. (G1)

Sem explicar o porquê, o Ministério da Economia decretou sigilo sobre estudos e pareceres técnicos que embasaram a Reforma da Previdência. (Folha)

Seis explosões simultâneas por volta das 8h45, no Sri Lanka, atingiram três hotés de luxo, uma igreja da capital, outra em Katana, e uma terceira em Batticaloa. Quase 300 já foram reconhecidos como mortos no ataque de Domingo de Páscoa. O governo identificou o Thowheeth Jama’ath, um pequeno grupo de terrorismo islâmico, pelas explosões. (New York Times)

No país, Facebook, WhatsApp, Instagram, YouTube, Viber, Snapchat e Facebook Messenger estão fora do ar. Autoridades dizem que intenção é evitar disseminação de notícias falsas. (G1)

VIVER

Vinte campeonatos estaduais de 2019 já distribuíram títulos. O Corinthians levou seu 30º Paulistão e, o Flamengo, o 35º Carioca. Em Minas, o Cruzeiro chegou ao topo invicto. A eles se juntam Bahia e, em Pernambuco, o Sport. Veja a lista completa.

Um dos mais interessantes experimentos para o futuro do varejo começou sem muito alarde esse mês. Já faz algum tempo que Amazon oferece entre seus resultados produtos de marcas próprias. Agora a empresa parece ter ambições maiores e mira o mercado de cosméticos. Quer usar seus algoritmos junto com os dados sobre o que os clientes buscam para montar uma linha de produtos genuínos, ambientalmente corretos e sem testes em animais.

Os ingredientes são velhos conhecidos na indústria, como retinol, ácido hialurônico e vitamina C; as embalagens 100% recicláveis e, os produtos, cruelty free. “Compradores de cosméticos na Amazon estão sempre procurando por uma coisa em vez de uma marca”, avalia Nancy-Lee McLaughlin, gerente sênior da CPC Strategy. Segundo artigo da Vox, há motivos de sobra pra achar que a empresa tenha usado esses dados para desenvolver sua linha própria. Não há uma associação direta que diga que a Belei seja uma marca da Amazon, diferente do que a AmazonBasics. No site da Belei não há menção, mas páginas de produtos individuais no site da Amazon indicam o contrário. “Seria uma maneira de se camuflar no momento em que políticos, como Elizabeth Warren, apontam para tendências cada vez mais monopolistas das empresas de tecnologia”.

CULTURA

Brasileiros em peso no mais importante evento de cinema do mundo, o Festival de Cannes. A seleção oficial de sua 72ª edição traz um mix maior de diretores em nacionalidades e gêneros – dos 47 longas, 13 são assinados por mulheres, com 4 na disputa oficial -, novos filmes de grandes nomes e 4 brasileiros nas duas mostras principais. Em 2019, a organização homenageia a grande cineasta belga Agnès Varda, falecida em Paris no mês de março.

O pernambucano Kleber Mendonça Filho volta à premiação com Sonia Braga e o filme Bacurau para disputar a Palma de Ouro. Sua última vez no Festival tinha sido em 2016, com Aquarius, também estrelado pela atriz. O nome curioso do longa está intrigando as pessoas, que não sabem o seu significado. Teve gente perguntando se Bacurau é o nome condomínio Aquarius, em referência a outro filme de Kleber Mendonça Filho. Outras pessoas preferiram fazer uma enquete: um passarinho, um ônibus noturno ou um doce de milho?

Os memes estão invadindo galerias, centros culturais e museus. Em maio, o Museu da República, no Rio de Janeiro, apresenta uma exposição do Museu de Memes, projeto da Universidade Federal Fluminense dedicado ao assunto. Já a mostra coletiva À Nordeste, que acontece a partir de 15 de maio, tem entre seus integrantes o coletivo Saquinho de Lixo, responsável pela conta homônima no Instagram. O encontro entre arte e internet tem sido frutífero —vide sites como Classical Art Memes, que reúne dezenas de memes relacionados ao tema.

COTIDIANO DIGITAL

Há uma guerra em curso no mercado de pagamentos por maquininhas de cartão. A operadora Rede, que tem por trás o Itaú, afirmou que vai parar de cobrar dos lojistas a taxa de antecipação no cartão de crédito à vista. O SafraPay, por sua vez, liquidou taxas no crédito à vista e parcelado para vendas até R$ 50 mil por mês. Desnorteada, e sem o lastro financeiro para sustentar a competição, a Stone entrou na Justiça, conta Sonia Racy. (Estadão)

São os grandes bancos começando uma guerra contra as fintechs — a Stone, avaliada em US$ 6 bi, é uma das startups do setor.

Há um novo player de podcasts na praça: se chama Swoot (Android e iPhone). A diferença: usuários podem fazer amigos, como se fosse uma rede social, e ver que podcasts seus amigos estão ouvindo.

Fonte: @Meio

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