23 Jul 2019

União faz o menor investimento desde 2007

No primeiro semestre deste ano, o governo federal destinou R$ 12,8 bilhões aos investimentos. É o menor valor no período desde 2007. O ano de maior investimento foi 2014, com R$ 36,7 bi. Há questões legais envolvidas. A restrição do teto de gasto impõe um limite de crescimento das despesas à inflação de 12 meses até junho do ano anterior. Mesmo com a aprovação da reforma da Previdência, que diminuirá a médio e longo prazo o peso das despesas do governo federal, o espaço para investimentos não deve ter aumento relevante nos próximos anos. (Poder 360)

Aliás… O governo começou a recuar na decisão de autorizar saques das contas de FGTS. Pressionado pelo setor de construção civil, que é parcialmente financiado pelo fundo, os técnicos do ministério agora cogitam limitar em R$ 500 os saques de contas ativas e o mesmo valor das inativas. Ou seja, se somados, até mil reais. (Estadão)

Um hacker começou a operar, ontem à noite, uma conta de Telegram baseada no celular do ministro Paulo Guedes. O ministro da Economia não usa o app — sua preferência é pelo WhatsApp. Mas o hacker estava minimamente informado. Quando o jornalista Renan Barbosa tentou avaliar se era ele mesmo, a pessoa listou nomes de assessoras do ministério. (Gazeta do Povo)

Na região da cidade de São Paulo, dois perfis específicos de eleitores marcam aqueles insatisfeitos pelo voto que deram a Jair Bolsonaro. A conclusão é da antropóloga Isabela Oliveira Kalil, da FESPSP, que realiza há sete anos um estudo etnográfico na região metropolitana da capital. Por um lado, há jovens que se decepcionaram com a política educacional do governo. Por outro estão homens na faixa de 40 anos. Estes esperavam um governo mais radical. Esperavam a manutenção de forma mais agressiva do discurso antistablishment. “São situações corriqueiras” que incomoda, ela explica. “Como quando uma dessas lideranças eleitas aparece em uma foto ou conversando com alguém que não é do mesmo espectro político. Eles têm de ir para as redes sociais se explicar. Eles vêm explicando isso de forma muito didática, dizendo que lá, no Congresso ou na Assembleia, você tem de conversar com todo mundo, até mesmo com a oposição. Uma parte do eleitorado esperava uma mudança política radical, que culminaria com o fim de instituições. Grupos que acompanhamos pedem o fechamento do Supremo, do Congresso.” (Valor)

Então… O debate sobre como lidar com a nova direita pelos círculos literários ainda se estende na revista literária Quatro Cinco Um. O Meio pescou trechos.

Ponto — de Paulo Roberto Pires: “Em 2019, Paraty chamou as coisas por seus nomes. Na Folha, Anna Virginia Balloussier reclamou da falta de autores ‘de direita’, o que seria flagrante evidência da falta de espírito democrático da festa. A se aplicar seu raciocínio, o extermínio indígena teria que ser discutido com quem facilita invasão de terras, pensar a tragédia de Mariana seria mais rico quando se ouvisse um defensor do interesse de mineradoras e uma conversa sobre o autoritarismo ganharia em legitimidade ao incluir quem defenda exílio de seus opositores. Aos que supostamente oprimem e silenciam os pobres conservadores, a repórter chama de ‘esquerda’. E, em outro artigo, lembra que o fato de o jornalista Glenn Greenwald ser recebido por bolsonaristas como alvo de rojões deve ser contextualizado porque a ‘esquerda’, sempre ela, também já fez muito disso — e, como exemplo, compara escracho e agressão física. Aos seus olhos, a Flip é o lugar em que a ‘esquerda’, essa incorrigível, ‘dá as mãos numa ciranda de energia positiva‘ enquanto o Brasil ‘acontece lá fora‘. O busílis é que, desta vez, o Brasil aconteceu ali. Se a matilha de predadores da democracia ficou de fora da festa é porque fez-se a política como desentendimento, tomada de posição que não se confunde com ironia hipster.” (Quatro Cinco Um)

Contraponto — Anna Virginia Balloussier: “Corrijam se eu estiver enganada, mas desconfio que o brasileiro já teve a esquerda em mais alta conta. Se ela quer virar o jogo, tem que sacar o que deu errado. E como vai destrinchar a cabeça do adversário se só ouve os que já pensam igual a ela? Achei que meu ponto estava claro. Dias atrás, Paulo Roberto Pires escreveu um artigo mostrando que não. Acho, sim, que ter um ponto de vista mais distante daquele que impera na Flip é estrategicamente importante para decifrar que porra é essa que está acontecendo no Brasil. Decifrar, por exemplo, como algumas das lideranças mais reacionárias vieram de periferias, são negras e pardas, segmentos nos quais a esquerda costuma surfar. A esquerda não tem dado conta de desvendar fenômenos como esse, e credito essa dificuldade, em parte, ao fato de não falar a mesma língua dos conservadores. Se insistir na surdez voluntária para outras posições, a esquerda vai ficar falando sozinha. Há uma direita no Brasil que também critica a corrosão dos valores democráticos, mas que pode analisá-lá sob outro ponto de vista, enriquecendo o debate. Nas eleições, progressistas falavam em virar voto. Onde foi parar essa propensão para o encontro?” (Quatro Cinco Um)

A advogada Rosângela Moro, mulher do ministro da Justiça, esteve ontem em um shopping de alto padrão de São Paulo para falar sobre empreendedorismo social. “O Estado não gera dinheiro”, ela explicou às mulheres presentes, “as ONGs precisam de dinheiro e não é o Estado quem tem que dar. O dinheiro circula no mercado.” Segundo a repórter Talita Marchao, a cada resposta Rosângela era aplaudida. Foi chamada de ‘gloriosa’. Chegou à reunião vestindo vermelho, escoltada pela Polícia Federal, e com uma bolsa Gucci. As empresas que investem em empreendedorismo social, ela explica, “não têm prejuízo, não vão distribuir lucro, vão gerar empregos e executar projetos que façam bem para a comunidade, além de agregar valor à marca e ao serviço.” (UOL)

HEALTHTECH

Dr. Fernando Gomes Pinto: “Há mais de 15 anos, o médico italiano Alberto Dolara escreveu um artigo intitulado Convite a uma ‘Slow Medicine’. Entende-se que o quesito tempo é crucial para a formação do vínculo e até mesmo para a significação dos estados de doença e saúde num contexto mais amplo na vida das pessoas. Atualmente, há evidências que cerca de 40% do tempo em uma consulta médica, o profissional não está envolvido diretamente com o paciente, mas sim com o preenchimento de formulários, registro das observações clínicas e fichas burocráticas. Mas a boa nova é que a inteligência artificial aplicada à saúde vem justamente como resultado do trabalho conjunto dos registros de dados com o avanço da tecnologia. Ao reconhecer padrões de doenças, os sistemas computacionais oferecem dados aos pacientes e aos médicos que ajudam na prevenção e no tratamento mais adequado. A inteligência artificial aplicada é uma realidade que amplia a qualidade do contato entre o médico e o paciente. É uma ferramenta necessária para o futuro da saúde, porque todo o conhecimento produzido, documentado, publicado ou não, é incorporado e incrementa sobremaneira o método clínico em todos os aspectos, mas principalmente na humanização do tempo dispendido. A medicina exercida será não mais apenas a consultoria sobre doenças, mas a partir de agora, consultoria sobre saúde.”

A angústia do médico brasileiro é replicada por Naomi Shah, investidora da Union Square Ventures. “Saúde, no fundo, é uma série de histórias”, ela explica. As histórias que vivemos, que contamos a nossos médicos, que ouvimos dos amigos. Os pequenos e os grandes dramas. Quando reduzidos a dez minutos de consulta perante um médico que digita códigos num sistema, há uma perda importante. Seu fundo decidiu investir na startup Abridge. O app grava a conversa do paciente com o médico, transcreve, e extrai do que foi dito a informação essencial. Sem precisar anotar, o médico pode simplesmente ouvir. O app, por enquanto apenas em inglês, está disponível para Android e iOS.

Foram registrados, nos EUA, 46 ataques de hackers a bancos de dados ligados a saúde no mês de abril. São números em queda. Ainda assim, para médicos, o digital ainda é uma cultura sendo construída. Segundo a Symantec, 75% das organizações ligadas a saúde, lá, gastam 6% ou menos de seu orçamento de TI com segurança. A lógica por trás da decisão é de que uma invasão é tratada como uma possibilidade. No mundo digital, porém, não se trata de se, mas de quando – e vale para qualquer negócio, não importa a indústria. Analista de segurança voltada para o setor, Alyssa Miller sugere que grupos de health tech tenham um plano escrito por seguir para lidar com a situação que ocorrerá. É importante, inclusive, para educar pacientes e o público em geral sobre os ganhos — imensos — do digital, mas também com os riscos que por ventura existam.

CULTURA

Rennan da Penha, DJ Polyvox e Iasmin Turbinininha são alguns dos artistas que mudaram a cena do funk brasileiro com o 150 BPM. O documentário Por Dentro do Funk 150 BPM, da Vice, conta a história do ritmo. É só dar o play.

Na semana passada, a Ancine foi alvo de Jair Bolsonaro, que ameaçou extingui-la caso o governo não possa impor algum “filtro” sobre as produções audiovisuais brasileiras. A ameaça veio junto à redução do Conselho Superior de Cinema e sua transferência do Ministério da Cidadania para a Casa Civil. Mas ele tem esse poder de ‘fechar’ a Ancine? Sozinho, não. “Para fazê-lo, seria necessária a criação de outra Medida Provisória ou Projeto de Lei e, em ambos os casos, teria de passar pela análise e votação do Congresso”. Ou seja, o Governo não pode simplesmente extinguir nenhuma agência reguladora. E, ainda que consiga aval do Congresso, muitas das leis do audiovisual são anteriores à criação da agência e continuariam existindo. Para entender como essas medidas e ameaças podem afetar uma atividade que movimenta cerca de 25 bilhões de reais ao ano, segundo estimativas do setor, o El País separou o que é viável, e só depende do presidente, do que não é.

Um príncipe, Hamlet, tenta vingar a morte do pai, morto pelo próprio irmão, Claudio, que toma o trono para si. Basta trocar, agora, pelos nomes dos leões Simba, Mufasa e Scar. Rei Leão X Hamlet: quais as semelhanças entre os dois? O pesquisador Galen Cuthbertson, da Universidade de Adelaide, na Austrália, criou uma lista que mostra semelhanças óbvias (e outras nem tão óbvias) entre a produção da Disney e o clássico de Shakespeare.

Os últimos meses de Frida Kahlo, passados 65 anos da morte da artista, pelas lentes de Werner Bischof.

Vaquíria, interpretada por Tessa Thompson, foi confirmada como primeira heroína LGBTQ+ da Marvel. Atriz revelou que Thor 4 vai mostrar a nova rainha de Asgard em busca de uma parceira para governar ao seu lado.

VIVER

O governo aprovou ontem o registro de 51 novos pesticidas, totalizando 262 de janeiro a julho. É o maior número para o período nos últimos 10 anos.

E Vadão não é mais técnico da seleção brasileira feminina de futebol. A decisão do presidente da CBF aconteceu um mês depois da eliminação para a França nas oitavas de final da Copa do Mundo.

COTIDIANO DIGITAL

Circula na Assembleia Legislativa de Santa Catarina um projeto de lei para impedir a instalação do 5G no Estado. Os deputados Marcius Machado e Nilo Berlanda acreditaram em uma notícia falsa que afirma que 500 pássaros morreram em 2 minutos, na Holanda, após um teste da tecnologia. (PC World)

Fonte: @Meio

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