25 de Agosto de 2020

VIVER

Humanos podem ser infectados mais de uma vez com o coronavírus. O primeiro caso documentado é de um homem de 33 anos em Hong Kong que contraiu o vírus no final de março e, mais de quatro meses depois, foi infectado novamente durante uma viagem à Europa. A prova está no sequenciamento do genoma do vírus das duas infecções, que os pesquisadores descobriram ser significativamente diferentes. A segunda cepa era uma que circulava na Europa quando ele estava lá. A possibilidade teórica de reinfecção não é uma surpresa segundo especialistas. “Não podemos simplesmente obter imunidade de rebanho de forma natural, porque apenas as vacinas podem ser capazes de produzir o tipo de resposta imunológica que pode prevenir a reinfecção”, aponta Mandavilli, repórter de Ciência do New York Times.

Ainda não se sabe muito sobre o caso. Os pesquisadores anunciaram sua descoberta em um comunicado à imprensa. O detalhe mais importante: o homem não era sintomático durante sua segunda infecção, o que mostra que seu sistema imunológico respondeu ao vírus. “Isso não é motivo para alarme”, tuitou a imunologista de Yale Akiko Iwasaki sobre os novos resultados de Hong Kong. “Este é um exemplo clássico de como a imunidade deve funcionar”.

A confirmação do 1º caso de reinfectado pode ter impacto direto no desenvolvimento de uma vacina. A reinfecção indica que a imunidade contra o vírus seria temporária. Assim, uma dose única do imunizante não seria suficiente para garantir proteção por longo prazo. Além disso, quem já teve a doença também teria de receber a vacina. No Brasil, a Universidade de São Paulo e a Fiocruz investigam 20 suspeitas de reinfecção.

Mas o fato não deixa de levantar mais dúvidas sobre os testes de anticorpos. Considerados imprecisos, alguns procuram os anticorpos errados e mesmo os anticorpos certos podem desaparecer, aconselharam especialistas da Infectious Diseases Society of America. E porque os testes de anticorpos não podem dizer se você está imune a infecções subsequentes, eles são inúteis como justificativa para flexibilizar o uso de máscara e distanciamento social.

Quase todos os países do mundo — exceto 10 — tiveram casos de Covid-19. Palau, Micronésia, Ilhas Marshall, Nauru, Kiribati, Ilhas Salomão, Tuvalu, Samoa, Vanuatu e Tonga. (BBC)

E era o oceano azul-celeste que mantinha Palau ocupada por conta do turismo. Antes da pandemia, os 54 quartos do hotel mais antigo da pequena ilha tinham uma taxa de ocupação de 70% -80%. Mas quando as fronteiras se fecharam, não havia mais hóspedes.

O Brasil registrou 679 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 115.451 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 971 óbitos, uma variação de -3% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 3.627.217 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 21.491 desses confirmados no último dia.

Na linha de frente. A cada minuto um profissional de saúde é infectado pelo novo coronavírus no Brasil. São 258.190 trabalhadores com a Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Os profissionais mais atingidos são técnicos de enfermagem.

E mais registros de pessoas aglomeradas e sem máscara, desrespeitando decretos estaduais. Dessa vez no Piauí, durante uma vaquejada.

Enquanto isso, os casos de coronavírus estão diminuindo nos EUA e a explicação estaria nas restrições: máscaras e distanciamento. Entenda o porquê segundo especialistas. (New York Times)

Hora de Panelinha no Meio. Tem aniversariante em casa? Visite o especial com receitas para festinhas em versão quarentena. Tem bolo, brigadeiro, sanduíche, drinques. Aí é só marcar o Zoom com os convidados e exibir a linda mesa (e se deliciar enquanto comemora). Não tem aniversariante? Um bolo gostoso pode virar um projeto para o fim de semana, para sair da rotina nesses tempos tão estranhos. Muita gente tem encontrado na cozinha um refúgio, para desligar um pouco da dura realidade. Confira o especial Festa em casa no site da Rita Lobo.

COTIDIANO DIGITAL

A pressão contra o TikTok nos EUA teve um ajudante: Mark Zuckerberg. Segundo o Wall Street Journal, em reuniões privadas com legisladores americanos no ano passado, o CEO do Facebook argumentou que a ascensão das empresas chinesas de internet ameaçava a economia americana e deveria ser uma preocupação maior do que controlar o Facebook. A conversa deu resultado. Dias depois senadores que estavam presentes escreveram uma carta a autoridades de inteligência pedindo um inquérito sobre o TikTok. O Facebook tem muito a ganhar com a pressão contra a chinesa e já aproveitou e lançou o seu competidor, o Feels, no Instagram. A big tech ainda criou um grupo de defesa, chamado American Edge, que começou a veicular anúncios exaltando as empresas de tecnologia dos EUA e no primeiro semestre deste ano, gastou mais em lobby do que qualquer outra empresa.

Enquanto, como esperado, o TikTok entrou na Justiça contra o decreto do governo americano.

Ficou sem Zoom? Ontem a principal plataforma de videoconferência saiu do ar durante a manhã em diversas partes do mundo, principalmente no Reino Unido e nos EUA, mas também com vários casos por aqui. O problema foi na autenticação, que impediu a conexão dos usuários.

CULTURA

Precisamos falar de Luster, livro de Raven Leilani, talvez a estreia mais elogiada do ano na literatura americana. É um livro que tem sido tão elogiado que talvez desagrade alguns. Normal…

Edie, a protagonista, é uma mulher negra, de 23 anos, desiludida e cética, que trabalha como editora assistente e não alimenta sonhos sobre a indústria. Ela se apaixona por Eric, um homem branco muito mais velho que vive um casamento aberto. O enredo nos leva de seu namoro online para Edie indo morar com ele e sua esposa, Rebecca. É um ménage tenso, iniciado por Rebecca – uma mulher que tem um interesse frio por Edie e espera poder aconselhar a filha adotiva de 12 anos do casal. É a estranha atração entre Edie e Rebecca – “dois ímãs de carga idêntica” – que impulsiona a história. Ainda sem tradução para o português, mas disponível no Kindle.

Lang Lang, um dos mais bem pagos artistas da música clássica, retorna gradativamente após a lesão sofrida em 2017 – e com um novo repertório. Este ano, isso significou focar em uma turnê com as Variações Goldberg, de Bach, e uma gravação deste trabalho na Deutsche Grammophon no próximo mês.

Sobre o que aprendeu com as Variações Goldberg: “Bach é um outro planeta. Quando me encontrei com Andreas (Andreas Staier, organista alemão), ele me disse que essa peça exigia um conhecimento real por trás da estratégia. Não se pode pensar nela como uma peça ou concerto de 10 ou 30 minutos. Ele disse que eu tinha de aprender cada variação com calma e não ficar agitado na Variação 1.”

A SP-Arte realiza desde ontem sua primeira edição virtual em 16 anos de existência – criada pela empresária Fernanda Feitosa, ela continua sob sua direção, abrigando agora em ambiente virtual 136 galerias, número ligeiramente menor que o registrado na edição física do ano passado (164 expositores). A feira pode ser visitada no site .

ECONOMIA

A recuperação econômica da América Latina deve ser a pior do grupo de países em desenvolvimento. A região adotou uma quarentena muito mais longa, mas pouco efetiva no controle da pandemia, agravando ainda mais os impactos econômicos. O PIB da região deve cair 8,2% neste ano, de acordo com o Bank of America, um resultado muito pior do que o Oriente Médio, África ou Ásia. No próximo ano, a recuperação não vai nem mesmo compensar a metade da produção perdida, crescendo apenas 3,5%. O Brasil e o México são exceções que tiveram melhoras nas estimativas para as suas economias. Mas o cenário para 2021 não é otimista. “Ou o Guedes fica, há austeridade, mais reformas e o Bolsonaro perde a eleição”, diz William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics em Londres. “Ou há política fiscal mais frouxa, Guedes pede demissão e os mercados entram em pânico. Não há meio-termo.” (Financial Times)

Aliás… O mercado voltou a subir projeção para a Selic no fim de 2021 para 3%, apontou o Boletim Focus. Também reduziu pela oitava vez a projeção para o PIB de 2021, de 5,52% para 5,46%. (Valor Investe)

Nove estados descumpriram o limite de 60% do comprometimento de suas receitas com pessoal em 2019. Segundo o Tesouro, o campeão é o Rio Grande do Norte. Do total, 72,80% foram usadas para pagar salários e aposentadorias dos seus servidores. Ele é seguido por Minas Gerais (69,40%), e Rio Grande do Sul (66,40%). O rombo na Previdência dos estados ainda cresceu 7% em relação a 2018, para R$ 111 bilhões. Nos últimos nove anos, as despesas com funcionalismo cresceram 10,87%, em média. A situação de 2019, porém, é melhor do que o ano anterior, quando 12 estados ultrapassaram o limite. (Globo)

Essa melhora, no entanto, pode não continuar em 2020. A preocupação do Ministério da Economia é que o dinheiro transferido pela União para o combate à pandemia seja usado para criar mais despesas obrigatórias, como salários, em um cenário no qual terão de voltar a pagar as parcelas da dívida da União. (Estadão)

Pois é... Já caiu em 2020 o número de estados e municípios com boa situação fiscal e aptos a obter crédito do Tesouro. (Folha)

Enquanto… O caixa do Tesouro está acabando. O seu “colchão de liquidez” caiu neste ano para um patamar muito próximo do nível mínimo de segurança de cerca de três meses de vencimentos para a gestão da dívida pública. Não haverá problemas para pagar os vencimentos de títulos até o fim do ano, que somam, na dívida interna, pouco mais de R$ 250 bilhões. Mas para os quatro primeiros meses de 2021, a situação é difícil: tem ao menos R$ 443 bilhões de vencimentos previstos – sem contar as últimas emissões feitas neste mês. (Valor)

O otimismo no exterior com o tratamento e a vacina contra Covid-19 anunciados pelos EUA levou o Ibovespa fechar em +0,77% e o dólar caiu para R$ 5,59. Em Nova York, o S&P 500 ficou em +1,01% e o Dow Jones +1,35%.

Na Ásia, os índices fecharam sem uma direção clara. Enquanto o Nikkei japonês ficou em +1,35% e o Kospi coreano em +1,58%, o Shanghai chinês ficou em -0,36% e o Hang Seng de Hong Kong em -0,26%. Na Europa, os índices abriram em alta ajudados pela queda no PIB alemão no segundo trimestre não tão ruim quanto esperada, bem como informações positivas sobre negociações comerciais entre os EUA e a China. Pela manhã, o DAX alemão estava em +0,59%, o FTSE 100 inglês em +0,14% e o CAC 40 francês em +0,66%.

Fonte: Meio

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