26 de Outubro de 2020

ECONOMIA

Com a pandemia, a participação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil caiu ao menor nível em 30 anos. A parcela de mulheres que estão ocupadas ou em busca de um trabalho chegou a 46,3% no segundo trimestre, segundo o IBGE — desde 1991 esse número não ficava abaixo de 50%. Um dos motivos é a obrigação que recai sobre as mulheres de cuidar dos familiares e das tarefas domésticas. (Estadão)

O Brasil não está sozinho. Nos EUA, as mulheres representam a maior fatia das pessoas que abandonaram o mercado por causa dessa sobrecarga. Do 1,1 milhão de pessoas com idade superior a 20 anos que deixaram a força de trabalho, em agosto e setembro, mais de 800 mil são mulheres. (New York Times)

O cenário pós-pandemia também não é positivo. Segundo a consultoria McKinsey, apesar de a participação feminina em posições de nível sênior ter aumentando no mundo corporativo americano, uma em cada quatro mulheres disse que considera rebaixar a própria trajetória profissional ou sair totalmente do mercado de trabalho com a pandemia.

Em até um ano, o Brasil precisa rolar dívidas equivalentes a 44,1% de seu PIB, segundo contas da economista Margarida Gutierrez. Isso representa um esforço financeiro inédito de R$ 3,17 trilhões. “O fato de a dívida pública estar em 100% do PIB não é um problema em si”, diz. “O problema é a projeção dela, que não parece controlada”. Segundo o Instituto Fiscal Independente (IFI), ligado ao Senado, a dívida pública não deve se estabilizar antes do fim da década. (Globo)

Essas incertezas sobre a dívida e o endividamento elevado das empresas ainda devem causar mais um indicador ruim para o Brasil: entre 2011 e 2020, os investimentos deverão ter registrado queda média de 2,2% ao ano, segundo o Ibre/FGV. Será a primeira queda do investimento para um período de dez anos desde 1980, conhecida como a década perdida.

Affonso Celso Pastore: “A dificuldade na administração da dívida é uma primeira manifestação da dominância fiscal, que leva à inflação e à repressão financeira (a obrigatoriedade imposta aos intermediários financeiros de comprarem títulos com vencimentos mais longos), que já existiu nos anos 70 e 80, quando muitos dos que atuam no mercado financeiro não haviam nascido e desconhecem a magnitude das distorções que provoca. Os prêmios de risco se manifestam também na taxa cambial, que desde o início do ano já se depreciou perto de 40%. Diante de uma depreciação cambial, os produtores de soja, carne, milho, arroz, açúcar, entre muitos outros, elevam os seus preços no mercado interno e se não conseguirem vender o que produziram exportam todo o excedente àquele preço. Para os 66 milhões de brasileiros que por quatro meses se beneficiaram de uma ajuda emergencial de R$ 600 ao mês, há enorme diferença. Isto significa que o peso da alimentação no domicílio na sua cesta de consumo será maior do que o usado pelo IBGE no cômputo do IPCA. Se o País não reafirmar com ações concretas, e não com palavras, a sua determinação de atender ao teto de gastos, não há como impedir uma curva de juros mais inclinada e um câmbio mais depreciado. O Banco Central seria colocado na incômoda posição de ter de elevar a taxa de juros quando a economia ainda se encontra fortemente deprimida, e para fugir desta armadilha pode ser forçado pelo governo a taxar as saídas de capitais ou mesmo impedi-las para evitar uma sangria nas reservas.” (Estadão)

A nova onda de casos de coronavírus na Europa levou as Bolsas ao vermelho. Na Ásia, Tóquio ficou em -0,09%, Shangai em -0,82% e Coreia do Sul em -0,72%. Hong Kong não abriu por causa de feriado local. Na Europa, pela manhã, Frankfurt estava em -1,97%, Londres em -0,06% e Paris em -0,31%.

CULTURA

Já está disponível desde domingo na HBO o primeiro episódio da série The Undoing, estrelada por Nicole Kidman e Hugh Grant. As comparações com o sucesso anterior da estrela, as três temporadas de Big Little Liessão inevitáveis. Além de os dois roteiros serem escritos por David Kelley, a história transita no mesmo universo de ricos brancos dos EUA cheios de esqueletos no armário. Talvez por isso os críticos estejam divididos. O episódio de estreia ganhou uma pontuação de 65% no Rotten Tomatoes, com o consenso de que o roteiro ainda não está no nível do elenco.

Nicole Kidman, claro, não está nem aí para polêmicas. Em entrevista a Ana Maria Bahiana, a atriz conta como foi concluir as gravações praticamente na véspera das quarentenas impostas pela Covid-19 e de como a pandemia atrapalhou seu novo projeto, Nine Perfect Strangers. (Globo)

Se por aqui as lives de artistas para campanhas políticas estão vetadas, nos EUA aconteceu na noite de ontem um verdadeiro showmício virtual com o objetivo de conclamar o público a votar e ainda arrecadar mais fundos para a já bilionária campanha do democrata Joe Biden para a Casa Branca. Por qualquer doação (a média foi de US$ 25 por pessoa) foi possível assistir a performances de um leque de artistas que ia do Foo Fighters a Cher (Youtube), passando por Jon Bon Jovi (Youtube), John Legend (Youtube), Ciara (Youtube), Dave Matthews, Jennifer Hudson e Black Eyed Peas (Youtube), Andra Day, Jermaine Dupri (Youtube), Ben Platt, Ne-Yo, Aloe Blacc, A$AP Ferg (Youtube), Sara Bareilles, Macy Gray, Darren Criss (Youtube) e Pink (Youtube), entre outros. O eleitorado jovem é um público alvo importante para os democratas, e, como o voto nos EUA não é obrigatório, motivar o eleitor é fundamental. A campanha de Biden ainda não divulgou quanto foi arrecadado.

Milhares de pessoas estão rindo com “Borat 2” desde que o filme estreou na sexta-feira na Amazon Prime. Donald Trump não está entre elas. Furioso por ver seu aliado e advogado Rudolph Giuliani exposto numa cena constrangedora do filme, o presidente chamou o ator/roteirista/diretor Sacha Baron Cohen de “farsante” e disse “não achá-lo engraçado”. O troco do comediante veio via Twitter: “Donald, agradeço a publicidade gratuita. Admito que também não te acho engraçado, mas ainda assim o mundo todo ri de você. Estou sempre procurando gente para interpretar bufões racistas, e você vai precisar de um novo emprego a partir de 20 de janeiro. Vamos conversar.”

Dois meses após sua inesperada saída da Rede Globo, o comediante, roteirista e diretor Marcius Melhem ficou no olho do furacão este fim de semana quando a jornalista Mônica Bérgamo revelou que um grupo de seis mulheres o acusa de assédio sexual e moral no tempo em que trabalhava na emissora. Melhem nega e afirma que todos os casos foram investigados pelo compliance da Globo, mas ao mesmo tempo se diz disposto a “reconhecer seus erros”. Cobrado nas redes sociais a tomar uma posição, Marcelo Adnet, parceiro de Melhem, publicou no Twitter seu apoio às vítimas, como já fizera Gregório Duvivier. Uma das acusadoras é Dani Calabresa, ex-mulher de Adnet.

COTIDIANO DIGITAL

A decisão do Facebook e do Twitter de restringir a reportagem do New York Post continua repercutindo. Tanto Mark Zuckerberg quanto Jack Dorsey terão que testemunhar perante o Comitê Judiciário do Senado americano no dia 17 de novembro para a explicar suas decisões. O Facebook reduziu o alcance da história que afirma haver contato entre Joe Biden e um grupo corrupto ucraniano. Enquanto o Twitter proibiu totalmente os links para a reportagem, mas acabou revertendo essa decisão.

Esse não é único compromisso dos CEOs com a Justiça americana. Na quarta (28), eles, junto com o CEO do Google, Sundar Pichai, vão se apresentar ao Senado para discutir a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações, que poupa as empresas de tecnologia de serem responsabilizadas pelos conteúdos publicados pelos usuários.

Jony Ive será consultor do Airbnb. O designer saiu oficialmente da Apple ano passado e esteve por trás de produtos icônicos, como o primeiro iMac, iPod e iPhone. Agora, vai trabalhar, nos próximos anos, com o Airbnb por meio de sua consultoria LoveFrom.

E morreu, ontem, o presidente da Samsung, Lee Kun-hee, aos 78 anos. O sul-coreano transformou a pequena empresa de seu pai em um dos maiores conglomerados de tecnologia do mundo.

VIVER

O Brasil amanheceu com 12.535 novos casos e 237 novas mortes provocadas pelo coronavírus, segundo dados de um consórcio de veículos de imprensa. Embora sejam números altos, a média móvel de mortos nos últimos sete dias foi de 468, uma queda de 17%. Desde o início da pandemia foram 5.393.759 infectados e 157.163 óbitos. Amazonas e Amapá são os únicos estados em que a curva de mortes está em alta.

E nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro fez piada, dizendo: “Vacina obrigatória só aqui no Faísca”, seu cão.

Em geral, o número de novos casos de Covid-19 é menor nos fins de semana. Não que o vírus tire folga, mas muitos serviços de saúde só fazem o cômputo no dia útil subsequente. Por isso causou grande alarme a notícia de que seis estados americanos registraram no último sábado o maior número de novos infectados desde o início da pandemia. Alaska, Ohio, Oklahoma, Colorado, Novo México e Illinois enfrentam surtos tanto em grandes cidades, como Chicago e El Paso, quanto em áreas rurais e comunidades menores, onde a capacidade dos serviços de saúde é reduzida. (New York Times)

Já a Casa Branca não parece muito preocupada com esse cenário. Em entrevista à CNN, Mark Meadows, chefe de gabinete de Donald Trump, disse que o país não vai controlar a pandemia e comparou a Covid-19 a uma gripe. Uma “gripe” que, segundo o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, já matou mais de 225 mil americanos.

Do outro lado do Atlântico a nova e até o momento incontrolável onda da Covid-19 leva governos de países como Itália e Espanha – ambos muito criticados pela estratégia no início da pandemia – a adotarem medidas restritivas mais sérias. Os espanhóis estão desde domingo em toque de recolher entre 23h e 6h, menos nas Ilhas Canárias, e os governos regionais foram autorizados a implementar mais restrições que julguem necessárias. A medida faz sentido diante do grande número de infecções entre jovens, que ignoram quaisquer regras de distanciamento social em festas (legais ou não) e bares. Já a Itália fechou academias, mandou os alunos do ensino médio de volta para aulas remotas e determinou que bares e restaurantes só podem servir para viagem. O país quer evitar um lockdown completo.

E uma boa notícia. Testes preliminares da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca mostram que ela produz uma resposta imunológica “robusta” em idosos. Esse é o grupo mais vulnerável à Covid-19.

E uma nova frente de combate à pandemia – e talvez outras – foi aberta por pesquisadores da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Eles capturam morcegos em matas na Zona Oeste da cidade para investigar a presença do Sars-CoV-2 e de outros vírus potencialmente perigosos para os seres humanos. Em todo o mundo, mais de 200 tipos de coronavírus foram identificados em morcegos ao longo dos anos, embora pesquisadores não garantam, por exemplo, que o Sars-Cov-2 já pulou para o ser humano na atual e letal configuração ou se sofreu uma mutação no organismo de pessoas, adquirindo sua letalidade e velocidade de transmissão. Em tempo, o Brasil tem 178 espécies de morcegos, 15% do total no mundo. (O Globo)

O Papa Francisco segue quebrando tabus. Neste domingo ele anunciou a elevação do norte-americano Wilton Gregory, arcebispo de Washington (DC), ao cardinalato no dia 28 de novembro. Além de o anúncio desta e de outras 12 elevações ter sido feito de surpresa, o fato é importante porque Gregory será o primeiro cardeal negro da Igreja Católica dos EUA – da qual já era o único arcebispo negro, aliás. Embora a maioria dos americanos seja protestante, os católicos representam 22% da população.

Fonte: Meio

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