29 Ago 2019

Boris Johnson se move para calar Parlamento

O premiê britânico Boris Johnson pediu ontem à rainha que prorrogasse o Parlamento entre 9 de setembro e 14 de outubro. Em essência, o movimento suspende as sessões nas quais os deputados se reuniriam neste período. Johnson alega que é para organizar seu governo. O motivo é outro: quer impedir que os parlamentares aprovem uma lei que proíba a saída do Reino Unido da União Europeia sem algum tipo de acordo que garanta, ao menos, que a fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte continue a operar com livre comércio. Johnson quer evitar que a Câmara dos Comuns interfira com seus planos. (BBC)

Da última vez em que aconteceu por um período tão longo foi em 1945 — a vitória militar na Europa já estava garantida, ainda faltava aquela no Japão, e os britânicos ansiavam por um novo governo sem o perfil militar de Winston Churchill. (Wikipedia)

De presto tomou corpo uma revolta. O Speaker of the House, parlamentar cuja missão é manter o diálogo entre as facções fluido, fez um raro comentário político. “Este movimento é uma aberração constitucional”, afirmou John Bercow. “É evidente que o objetivo é impedir o debate parlamentar sobre o Brexit.” Líder do principal partido de oposição, o Trabalhista, Jeremy Corbyn afirmou que o gesto “nega aos eleitores a oportunidade de ter seus representantes questionando o governo”. A repulsa também está no Partido Conservador de Johnson. “É uma aberração constitucional”, tuitou Philip Hammond, que foi ministro da Fazenda no gabinete Theresa May. Utilizou a mesma expressão que o Speaker — outrage. Um abaixo-assinado aberto online já recolheu 1,3 milhão de assinaturas. (Guardian)

O sisudo diário Financial Times publicou, nas horas seguintes, um editorial pedindo que o Parlamento derrube o premiê e convoque novas eleições. “Boris Johnson detonou uma bomba no aparato constitucional do Reino Unido. O pedido do primeiro-ministro à rainha não tem precedentes modernos. É uma tentativa intolerável de silenciar o Parlamento até o ponto em que ele não possa mais evitar a desastrosa saída do UK da União Europeia. Ao assento da democracia britânica, há muito admirada em todo o mundo, está sendo negada a palavra na decisão mais consequente que o país encara em mais de quatro décadas. É hora de os parlamentares derrubarem o governo com um voto de não-confiança, abrindo caminho para eleições nas quais a população possa manifestar seu desejo. A história mostra que charlatães, demagogos e os que desejam ser ditadores não têm tempo para governo representativo. Buscam caminhos para driblar o Parlamento por o considerarem uma inconveniência. Mr. Johnson pode não ser um tirano, mas está abrindo um precedente perigoso. Ele e os conspiradores ao seu redor que escolheram o caminho revolucionário deveriam ter cuidado com o que desejam.” (Financial Times)

O ministro da Fazenda argentino, Hernan Lacunza, anunciou ontem um processo para renegociar os prazos de vencimento de sua dívida com credores privados e começou processo similar para os empréstimos com o FMI. O país pretende quitar as dívidas de curto prazo com pessoas físicas, as também de curto prazo com pessoas jurídicas serão postergadas em três parcelas pagas até seis meses após o vencimento. O Fundo Monetário Internacional informou que compreende as necessidades do país para garantir liquidez e manter reservas mínimas. (G1)

Falando ao programa Em Foco, da repórter Andréia Sadi, o ministro Sergio Moro afirmou que Maurício Valeixo segue como diretor-geral da Polícia Federal. “Veja, como tenho as várias funções aqui do ministério, as coisas eventualmente podem mudar”, explicou. “Mas ele permanece no cargo, tem a minha confiança.” (G1)

Mas… O superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, será transferido para a Europa. Será o oficial da PF na Europol, que trabalha na relação entre as duas organizações. A exigência de sua substituição pelo presidente Jair Bolsonaro que provocou uma crise interna. (G1)

Aliás… Bolsonaro ficou preocupado com o vazamento da conclusão da PF para investigar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “Não pode”, comentou ao saber que a notícia estava na imprensa. “Não pode”, repetiu, de acordo com Lauro Jardim. Está tenso com vazamentos. (Globo)

Enquanto isso… Ainda são incertas as consequências da nova interpretação feita pela Segunda Turma do Supremo, que liberou o ex-presidente do BB, Aldemir Bendini. Tanto as defesas de Lula quanto as de José Dirceu e de João Vaccari estudam também buscar anulação de sentenças. (Globo)

Porém… O ministro Edson Fachin, voto solitário pela manutenção da sentença de Bendini na Segunda Turma, ordenou que o processo do ex-presidente Lula sobre o Instituto com seu nome deve voltar atrás para que a Defesa tenha mais prazo. Faltava só a sentença. Já é consequência da decisão de ontem. “Vamos insistir para que o mesmo entendimento seja aplicado às outras duas ações”, afirmou o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin. Ele se refere aos processos pelos quais Lula já foi condenado em Curitiba. (Folha)

Carlos Fernado dos Santos Lima, ex-procurador da Lava Jato: “O que está acontecendo é simples: 1. Bolsonaro, para proteger o filho, escolhe para PGR alguém sem compromisso com a instituição; 2. Intimidam juízes e procuradores com sanções em conselhos que estão sob ordens de senadores envolvidos em irregularidades; 3. Criam crimes que vão obrigar juízes e procuradores a se defenderem se fizerem sua obrigação; 4. Mudam as leis em um pacote anti-lava jato, com o objetivo de que investigações dessa natureza nunca mais aconteçam; 5. Os tribunais superiores voltam a achar nulidades inexistentes para anular investigações; 6. Cria-se um falso escândalo para assassinar reputações de quem ousou enfrentar o sistema. Simples assim. Vergonhoso assim.” (Facebook)

Vera Magalhães: “A anulação da primeira sentença proferida por Sergio Moro pela Segunda Turma do STF, com o voto simbólico dado pela ministra Cármen Lúcia, antes tida como ‘aliada’ da operação, mostra que sim, houve consequências concretas do estado de coisas demonstrado pela Vaza Jato. Cármen fez uma modulação técnica no caso específico de Bendini ou de fato virou a chave e passou a ver abusos da Lava Jato?” (BR Político)

Pois é… o ministro Gilmar Mendes, na noite de ontem, suspendeu a decisão que impôs ao ex-ministro Guido Mantega o uso de tornozeleira eletrônica.

E por falar… A procuradora Jerusa Viecili, que segundo vazamentos publicados pelo Intercept ironizou da morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, se desculpou no Twitter. “Errei”, ela escreveu. “E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula.”

O fogo que ainda come solto na região sul do Amazonas, uma das áreas com mais focos da floresta, pode ter sido motivado por fazendeiros locais. Só no município de Santo Antônio do Matupi, há 355 focos. O repórter André Borges ouviu dos donos de dois sítios por lá a informação. “Os caras passaram em casa meio-dia, dizendo que iam atear fogo”, disse José Silva de Souza a respeito de vizinhos. “Quando cheguei, já estava esse fogaréu todo. Consegui retirar meus cavalos, não pude fazer mais nada.” Para profissionais de combate a incêndio, a maioria das queimadas foi originada por pessoas. Muitas das fazendas e sítios da região não estão regularizadas e vários produtores locais estão indignados com a criação, em anos recentes, de unidades de conservação ambiental pela União. (Estadão)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar seu par francês. “Essa inverdade do Macron ganhou força porque ele é de esquerda e eu sou de centro-direita”, afirmou a repórteres. Quando um dos jornalistas argumentou que o francês é um liberal de centro, o presidente retrucou. “Para você, para mim, não. A gente sabe que é de esquerda por causa do comportamento.” Ontem, o porta-voz do Planalto recuara a respeito da exigência do presidente de que Macron devia se desculpar. Voltou-se ao ponto inicial. O brasileiro diz que não há conversa possível. “Somente após ele se retratar do que falou no tocante à minha pessoa, que representa o Brasil como presidente eleito, bem como o espírito patriótico do nosso povo. Havendo isso aí, sem problema, voltamos a conversar.” (Folha)

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deu entrada na Unidade de Emergência do Hospital das Forças Armadas às 23h30 da terça. Tinha, de acordo com os médicos, um “quadro de mal-estar”. (G1)

José Roberto de Toledo: “Liberalismo em vertigem: Argentina declara moratória; Premiê inglês suspende o Parlamento; EUA declaram guerra comercial à China; Brasil… deixa pra lá.” (Twitter)

CULTURA

Um belo dia, o mundo inteiro se esquece dos Beatles. De uma hora para outra, todos os resquícios da passagem do grupo desaparecem. O jovem britânico Jack Malik parece ser o único imune a essa bizarra amnésia coletiva. Trata-se de uma fábula moderna. Segundo a crítica, o diretor Danny Boyle e o roteirista Richard Curtis criaram uma história diante da qual não é preciso gostar dos Beatles para se envolver. “Yesterday é um filme encantador e corajoso. Insere uma discussão sobre ética e moral numa história que todos acompanham com sorriso no rosto, admirando como o roteiro costura a música dos Beatles de forma divertida. E tem coragem de não explicar muito (ou quase nada) o estranho fenômeno que apresenta”. Estreia hoje nos cinemas. (Folha)

Por falar… o protagonista passa boa parte do filme tentando lembrar a letra de uma canção sobre uma mulher solitária. Também conhecida como Eleanor Rigby.

Apenas 4,5% dos personagens com falas foram destinados a atores latinos em 1220 filmes populares entre 2007 e 2018. É o que revela uma pesquisa realizada em parceria entre a Universidade do Sul da Califórnia (USC), a Associação de Produtores Independentes Latinos e a Wise Entertainment. Os dados indicam um descompasso com a realidade da população americana. Latinos representam, segundo o censo mais recente, 18,3% da demografia dos EUA, e a estatística é ainda mais chocante quando comparada com o estado da Califórnia (39%) e a cidade de Los Angeles (49%).

Um gênio do R&B voltou. Depois de oito anos, Raphael Saadiq lançou JimmyLee, seu mais novo álbum. Ouça. (Spotify)

COTIDIANO DIGITAL

Em 2018, a parcela da população brasileira online chegou a 70%, ou 126,9 milhões de pessoas. Nas zonas urbanas, esse percentual chega a 74% e, nas rurais, 49%. Dentre as classes D e E, a população mais pobre, 48% está na internet. De todo mundo que usa internet, 97% diz acessar via celular; 43%, pelo computador; 30% com uma smart TV. Dentre os serviços, os mais usados são apps de carros e táxis: 32% dos usuários de internet os têm e utiliza. Em sequência, serviços de streaming de vídeo — 28% —, e pedido de comida — 12%. Em 2008, 34% dos brasileiros estavam online. Em 2017, 67%. Os dados são da pesquisa TIC Domicílios, realizada anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação.

A ANAC proibiu o embarque em aviões de MacBook Pros, modelos de 15 polegadas, que fazem parte do recall de bateria anunciado pela Apple. São aqueles fabricados entre setembro de 2015 e setembro de 17 — suas baterias podem incendiar. Confira se o seu está na lista.

VIVER

O número de cirurgias bariátricas no País cresceu 85% entre 2011 e 2018. No período, 424.682 pessoas foram operadas. Apesar do crescimento, o número de cirurgias é considerado baixo diante da quantidade de pessoas que poderiam ser submetidas à técnica não só para reverter o quadro de obesidade, mas para tratar problemas de saúde, como diabete tipo 2. No Brasil, 13,6 milhões de pessoas têm o perfil para se submeter ao procedimento. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Fonte: @Meio

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *