29 de Outubro de 2020

COTIDIANO DIGITAL

Durante quase quatro horas, os líderes do Facebook, Twitter e Google responderam perguntas, pela segunda vez no ano, no Congresso americano. A audiência era para discutir possíveis mudanças na Seção 230, da Lei de Decência nas Comunicações, mas a discussão foi marcada pela polarização política. Os republicanos, que acusam as empresas de censurar suas ideias, chegaram a perguntar se as equipes de moderação de conteúdo são formadas com base em convicções ideológicas — o que foi negado pelas big techs. Do outro lado, os democratas criticaram que as empresas têm ajudado a dar mais voz aos conservadores. Dentre os três líderes, Sundar Pichai, do Google, foi o menos interpelado pelos congressistas. Enquanto Jack Dorsey foi o mais pressionado pelos republicanos. Foi questionado especificamente por esconder tuítes de Donald Trump e por proibir, e depois voltar atrás, os links para a reportagem do New York Post sobre Joe Biden. Já Mark Zuckerberg ficou na mira dos democratas. Foi perguntado sobre a Seção 230 — ele se mostrou favorável a uma mudança, sugerindo maior transparência nos processos de moderação de conteúdo — e sobre as políticas do Facebook para as eleições do dia 3.

CULTURA

A área de Cultura ganhou mais um integrante com ampla experiência em… quartéis. O coronel da reserva Paulo Cezar Dias de Alencar foi nomeado substituto eventual do secretário nacional de Desenvolvimento Cultural, o escritor olavista Maurício Waissman. Engenheiro formado pelo IME, ele já estava no DC desde agosto, como diretor do Departamento de Desenvolvimento, Análise, Gestão e Monitoramento. Sua visão de cultura, além de críticas aos “autoproclamados iluministas”, está exposta nas redes sociais do tipo “a cultura é um insight espiritual de primeira grandeza, é o evento teofânico em que o culto (cultura) brota em uma sociedade e define todos os demais aspectos da existência humana”. (Folha)

Estreia hoje no Brasil, após vários adiamentos, Tenet, de Christopher Nolan, aclamado diretor de InterestelarA Origem, Amnésia e da trilogia Batman – Cavaleiro das Trevas, entre outros. Desde que foi lançado no Canadá e em países da Europa em agosto, Tenet, que custou US$ 200 milhões (R$ 1,14 bilhão), vem dividindo a crítica. Chamar sua trama de “complexa” é gentileza: um agente secreto chamado apenas “O Protagonista” (John David Washingnton) precisa evitar a terceira guerra mundial, prenunciada por objetos e pessoas que vêm do futuro num processo de “inversão”, claramente inspirado na primeira cena de Amnésia. No Rotten Tomatoes, que faz um balanço das críticas, Tenet aparece com 71% de aprovação, longe de ser uma unanimidade.  A Folha o classificou como “uma decepção”, apesar de trazer “tudo o que se espera do cinema-espetáculo”. Apenas não estaria à altura de Nolan. Já o Globo botou seu bonequinho aplaudindo sentado, afirmando que “é o filme mais audacioso do diretor — e que mais uma vez vai dividir opiniões, algo essencial no cinema.”

VIVER

Com os 487 óbitos registrados até as 20h de quarta-feira, o Brasil atingiu a marca de 158.468 mortos pela Covid-19. É o segundo país com o maior número de vítimas fatais, atrás apenas dos EUA, onde já morreram 227.604 pessoas. O total de infectados chegou a 5.440.903, e a média móvel voltou a cair. Isso, no entanto, significa apenas que o total de óbitos está estabilizado. Santa Catarina, Amapá e Amazonas são os estados com tendência de alta nas mortes.

Entre os mortos de ontem está Vani Terezinha Ferreira, mãe de Rosângela Silva, namorada do ex-presidente Lula. Vani, de 80 anos, havia sido internada em São Bernardo do Campo com uma infecção urinária e contraiu a Covid-19 no hospital.

A situação segue grave nos Estados Unidos e na Europa. Alemanha e França anunciaram novas medidas de contenção, com fechamento de bares e restaurantes, mas manutenção das aulas presenciais. Já os EUA tiveram um recorde de mais de 500 mil novos casos da doença em apenas uma semana.

Dois brasileiros entraram para a lista de futuros beatos e possíveis santos. Em decreto divulgado ontem, o Papa Francisco reconheceu o martírio da mineira Isabel de Campos e as virtudes heroicas do religioso paulista Roberto Giovani. O reconhecimento abre caminho para a beatificação dos dois e para um posterior processo de canonização. A estudante Isabel, vinda de uma família de forte tradição católica, foi assassinada aos 20 anos, em 1982, em Juiz de Fora durante uma tentativa de estupro. Após um processo de oito anos, aberto a pedido de fiéis de Barbacena, onde ela está enterrada, a Santa Sé reconheceu que ela foi morta por “ódio à fé”, o que qualifica o martírio. Já o irmão Giovani, da ordem dos Estigmatianos, morreu em 1994, aos 90 anos, após décadas de atividades junto aos pobres de Casa Branca (SP). Muitos fiéis atribuem a ele graças, mas será preciso a comprovação de um milagre para a beatificação. De Isabel, por ser mártir, não será exigido um milagre.

A hora da Panelinha no Meio. O fim de semana está chegando, o que significa tempo de preparar uma receita mais longa e de curtir uma lombeira depois do almoço. Para isso, um prato que é a alma do Nordeste, com a vantagem de levar ingredientes facilmente encontráveis no país inteiro: o baião de dois. Arroz, feijão e carne seca num refogado arretado de toucinho, queijo coalho, cebola, coentro — vai ter coentro, sim. Dá vontade até de cantar Luiz Gonzaga.

ECONOMIA

O mercado financeiro tem reagido as incertezas com o ajuste fiscal no Brasil. Os investidores estão se desfazendo da moeda brasileira e das ações, o que tem levado um movimento quase sem paralelo no mundo este ano, segundo a Bloomberg. Estão cada vez mais se recusando a comprar, exceto os títulos do governo de curto prazo. A demanda dos traders premium para manter dívida de prazo mais longo disparou em meio ao aumento do risco, com as taxas de swap expirando em cerca de cinco anos a 6,82%, ante 5,39% em julho. E o real caiu quase 30% neste ano, puxando para baixo os retornos das ações em dólares. Apesar de outros países, como EUA e Japão, também terem problemas de dívidas, o Brasil não tem a mesma credibilidade das nações ricas: tem um histórico de gastos excessivos e permite que os aumentos dos preços ao consumidor inflacionem sua dívida — apenas nos últimos cinco anos, a dívida brasileira subiu 30%. (Bloomberg)

Pois é… O TCU alertou que a falta de uma meta fixa para o resultado primário em 2021 fere a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, o governo colocou uma previsão de déficit de R$ 149,6 bilhões, mas apenas como referência. O governo tem 10 dias para apresentar estratégia para evitar uma parada da máquina pública na hipótese de a LDO não ser aprovada até 31 de dezembro. (Globo)

Para economistas, se o governo cumprir o ajuste fiscal, com o fim do auxílio este ano, a alta do dólar e dos preços podem ser contidos. (Folha)

Enquanto isso… Como esperado, o BC manteve a Selic em 2% ao ano. Avalia que a inflação é só no curto prazo, mas deixou a porta aberta pra baixar mais os juros. (Valor)

Nos EUA, a pobreza já tem se aproximado da classe média. Um estudo da Universidade Columbia mostrou que o pacote de US$ 3 trilhões aprovado no começo do ano pelo governo foi tão eficaz que reduziu a taxa de pobreza de 10,5%, registrada oficialmente em 2019, chegando ao menor nível em 60 anos. No entanto, grande parte da ajuda expirou nos últimos meses. E, com o impasse nas negociações no Congresso, oito milhões de pessoas já se somaram aos 34 milhões de pobres no ano passado.

Pois é… As falências de empresas americanas neste ano já atingiram o maior número desde 2010. Porém o ritmo permanece bem aquém do que foi visto durante a crise financeira de 2008. (Axios)

Na temporada de balanços… A Boeing registrou o seu quarto prejuízo trimestral consecutivo: teve perdas de US$ 449 milhões no terceiro trimestre, sob pressão da pandemia e da crise do 737 MAX. A empresa ainda anunciou que cortará mais sete mil empregos até 2022.

A Petrobras reverteu lucrou e fechou o terceiro trimestre com prejuízo de R$ 1,5 bilhão. O cenário na indústria do petróleo melhorou, mas não o suficiente. A perda bilionária do terceiro trimestre ainda é 43% menor do que a do trimestre anterior. (Estadão)

Fonte: Meio

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *