29 Nov 2018

PF prende Pezão, governador do Rio

Por volta das 6h de hoje, a Polícia Federal bateu à porta do Palácio Laranjeiras, no Rio, e de lá saiu com o governador Luiz Fernando Pezão preso. Surpreendidos, motoristas que passavam por ali começaram a buzinar em celebração. Uma equipe faz ainda busca e apreensão na casa do político, em Piraí, e no Palácio Guanabara, sede do governo. A ordem foi dada pelo ministro Felix Fischer, relator da Lava Jato no STJ. Carlos Emanuel Carvalho Miranda, que operava para o ex-governador Sérgio Cabral, acusa Pezão de ter recebido uma mesada de R$ 150 mil entre 2007 e 2014. A propina incluía décimo-terceiro, além de dois bônus de R$ 1 milhão cada.

Há os outros presos que incluem o secretário de Obras, José Iran, e operadores financeiros ligados ao governador. (Globo)

O vice-governador, Francisco Dornelles, está internado. O presidente da Alerj, Jorge Picciani, está em prisão domiciliar. Em se confirmando esta leitura, a Constituição estadual estabelece que, na ausência de ambos, assume o presidente do TJ-RJ, desembargador Milton Fernandes de Souza.

O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou, ontem, mais três ministros: Marcelo Álvaro vai para o Turismo, Gustavo Canuto para o Desenvolvimento Regional e, Osmar Terra, para a Cidadania. Ele chega, assim, a 19 nomes. Durante a campanha, havia prometido um ministério de 15 pastas — mas vai passar ainda mais. Faltam, pelo menos, os ocupantes das cadeiras de Meio Ambiente e Minas e Energia. Talvez ainda um Ministério das Mulheres. “A gente aumenta mais um ou não?’, brincou Bolsonaro ontem, quando anunciava os novos membros do time. Mesmo que sejam 22, ainda assim começará o mandato com menos auxiliares diretos do que Sarney, FH, Lula, Dilma e Temer. Collor iniciou com 12 pastas e, Itamar, com 16.

A bancada evangélica contava com a indicação de Magno Malta para a Cidadania. Demonstrou força ao vetar o nome de Mozart Nunes, do Instituto Ayrton Senna, para o MEC. Desta vez, não deu. Malta deixou Brasília com rumo um sítio. Se diz ‘magoado e machucado’. (Estadão)

Helena Chagas: “Para surpresa do mundo político, Bolsonaro confirmou que o general Santos Cruz irá dividir com o deputado Onyx Lorenzoni a articulação política do governo. Nos bastidores a explicação é de que Santos Cruz vai ficar lá para evitar o toma-lá-dá-cá — está sendo colocado ali para vigiar esse cofre. Da mesma forma, houve estranhamento com a designação do general Floriano Peixoto Vieira Neto para cuidar da Secom. Floriano está passando um pente fino em todos os contratos de publicidade e, ao que parece, vai controlar a verba de quase R$ 2 bilhões que é sonho de consumo de políticos das mais variadas tendências. Movimento semelhante é o de entregar o programa de parcerias e concessões ao futuro vice-presidente, Hamilton Mourão. No mesmo pacote, está a nomeação do técnico, ex-funcionário do Dnit e ex-militar para a pasta da Infraestrutura. Vai tomar conta do cofre que está até hoje na mão do PR de Valdemar Costa Neto. Por enquanto, há uma única certeza em relação a tudo isso. O novo mapa do poder poderá agradar aos que elegeram Bolsonaro com a bandeira contra a corrupção, mas não vai ajudar em nada a formar a sonhada maioria parlamentar do outro lado da rua para aprovar as reformas.”

Consciência de que a briga no Congresso será muito difícil o novo governo tem. Foi o que disse, em reunião fechada com investidores nos EUA, o deputado Eduardo Bolsonaro. “Não mentirei a vocês”, afirmou, tratando da reforma da Previdência. “Será difícil, será uma briga, talvez não consigamos fazer.” Quando o Estadão trouxe a notícia à tona, o filho do presidente eleito foi ao Twitter negar. “Alguém atribuiu a mim essa falsa declaração.” O jornal tinha o áudio gravado.

Um tweet surpreendente do vereador Carlos Bolsonaro: “A morte de Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após de sua posse! É fácil mapear uma pessoa transparente e voluntariosa. Sempre fiz minha parte exaustivamente. Pensem e entendam todo o enredo diário!”

Para ler com calma: Nascido em 1995, o jornalista Daniel Salgado conta na última Serrote sobre sua adolescência passada no Fórum UOL Jogos, um dos berços da nova direita brasileira. Lá, ele lembra, um grupo de jovens tímidos que se sentiam excluídos do mundo aos poucos criou uma cultura de humor agressivo e selvagem. Entre eles, muitos dos primeiros alunos online de Olavo de Carvalho, que nesta turma, encontrou um público para formar. “O jovem conservador de hoje não tem paralelo com aquele que, nos anos 1960, repudiou a cultura hippie ou que, nos anos 1980, abraçou o mundo yuppie”, explica Daniel. “O novo jovem conservador busca a transgressão. Não quer ser parte do status quo das famílias tradicionais e nem do mainstream cultural que ele condena como ‘gramsciano’ e liberal. Seu objetivo primeiro é chocar, abalar as estruturas. Seu combustível preferencial é o rancor, independentemente de suas posições políticas.”

Foi rápido: apenas dois ministros votaram, ontem, no julgamento pelo Supremo do indulto de Natal publicado em dezembro último por Michel Temer. O relator, Luís Roberto Barroso, pôs-se contra a possibilidade de o presidente da República liberar do cumprimento de pena condenados por corrupção. Segundo a votar, Alexandre de Moraes seguiu o caminho contrário. Ele argumentou que o plenário não avalia se o indulto está correto ou não. “Está julgando se o indulto concedido observa ou não os limites constitucionais.” Para o ministro, é uma prerrogativa do presidente. Hoje, às 14h, os ministros voltam à discussão.

Caso saia, o indulto poderá beneficiar 22 dos 39 condenados pela Lava Jato em Curitiba — entre eles, Eduardo Cunha deixaria a prisão.

Sem precisar do artifício, quem vai para casa é o ex-ministro Antonio Palocci. Por dois votos a um, a 8ª Turma do TRF-4 autorizou que ele cumpra o resto da pena em prisão domiciliar, com tornozeleira. Sua pena foi reduzida de 12 para 9 anos. Benefícios por conta do acordo de delação premiada.

Independentemente do resultado, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou no Twitter que não pretende continuar a prática. “Se houver indulto para criminosos nestes ano, certamente será o último.”

COTIDIANO DIGITAL

A Amazon já tem sete lojas físicas sem caixas. São as Amazon Go — o cliente entra, faz o check-in com seu app, pega o que quer, sai. Os sensores no espaço sabem que produtos ele pegou e cobra do cartão de crédito pré-cadastrado. E não está mais sozinha neste mercado. Abriu em San Francisco a Standard Store, uma loja de conveniências que funciona da mesma forma. Entra, check-in, pega e sai. O negócio não é a loja: trata-se de uma demonstração física da tecnologia que a startup Standard Cognition oferece para lojistas em todo o mundo. Outras três, também nascentes, são AiFi, Zippin e Trigo Vision. É o novo filão para startups no qual o Vale do Silício está mergulhando.

Pois é… Talvez seja cedo para dizer que é uma tendência. Mas, durante a semana da Black Friday americana, alguns twitteiros com grande número de seguidores começaram uma campanha para que consumidores cancelem suas contas Prime, o sistema premium da Amazon. Em troca de um valor anual, todas as entregas lá são gratuitas e os consumidores ganham acesso ao serviço de streaming de áudio e vídeo. Há motivos: maus salários pagos pela empresa a seus funcionários, a tática de convocar a polícia para enfrentar grevistas na Europa, e o fato de que o monopólio conquistado no e-commerce começa a ficar claro para todos.

Aliás… Tem outro motivo fazendo futuros pais e futuros casais ficarem indignados com a gigante. Nos serviços gratuitos de listas de presentes, sorrateiramente, a Amazon vem incluindo publicidade de produtos para casas ou bebês que parecem fazer parte dos desejos de quem pede.

Utilizando-se dum algoritmo de inteligência artificial que reconhece o que está numa imagem, o Instagram vai implantar um serviço que oferece a descrição em áudio das fotos publicadas. É para deficientes visuais.

Prefeituras poderão, em breve, enviar alertas via Facebook para quem circula por cantos específicos. Utilizando a localização geográfica via GPS do celular, quem passa por um canto pode ser informado de desastres naturais, estradas interrompidas ou outros riscos próximos.

VIVER

Minneapolis 2040 é o nome de um ambicioso projeto de zoneamento que pode mudar radicalmente o rosto da cidade. A Câmara local passará a permitir a construção de edifícios residenciais em locais onde, antes, apenas casas tinham espaço. Não são prédios altos — na maioria dos casos, três andares — mas o objetivo final é combater o aumento dos aluguéis. Viver na maior cidade do estado de Minnesota está cada vez mais caro, um problema comum a boa parte dos EUA. O número de pessoas sem teto só cresce, a distribuição de renda piorou, há maiores sinais de pobreza. Hoje, 75% das residências são casas unifamiliares. Isto mudará, com o aumento da densidade urbana.

Então… San Francisco está para mudar a legislação e não vai mais exigir um número mínimo de vagas de estacionamento para novos prédios. O problema que mira é o mesmo. Com carros autônomos e sistemas tipo Uber se popularizando, as novas gerações não têm automóveis. A iniciativa deve baratear os projetos imobiliários.

O diplomata Igor Abdalla defende, no Nexo, a nacionalização do Rio de Janeiro. Ele lembra que a cidade já tem mais servidores federais do que o Distrito Federal, além de dois terços do patrimônio líquido das empresas federais. Já ficam na capital carioca Petrobras e Vale, BNDES, CVM, metade do Banco Central e Casa da Moeda. “Não há patriotismo estadual ou oligarquias regionais fortes”, afirma, “como em outros estados, forjados em revoltas e guerras contra o poder central, representado pelo Rio.” Já é a cidade que o Brasil lança como seu rosto internacional — ECO92, Panamericano, Olimpíadas, final da Copa. Assim como a inépcia administrativa nascida da falta de cultura política local, ao invés da nacional, provoca constantes intervenções federais, que já ocorreram na Saúde e na Segurança. Outros países dividem em duas cidades sua administração federal — o Chile, a Alemanha, a própria Rússia. Sua proposta é de que o Rio volte a ser a segunda capital do Brasil, junto a Brasília.

E Magnus Carlsen venceu Caruana, mantendo o título mundial de xadrez. Na primeira rodada de desempate, uma melhor de 5 partidas de xadrez rápido, ele ganhou os três primeiros, terminando de forma decisiva a disputa que se arrastava desde o início do mês. No FiveThirtyEight: um resumo das três partidas. Na New Yorker: Magnus Carlsen venceu o campeonato mundial de novo, mas algo mudou. E, na BBC Brasil: Quem é esse norueguês que repaginou o xadrez?

CULTURA

A escritora feminista canadense Margaret Atwood lança, em setembro do ano que vem, The Testaments. Seu novo romance é o novo capítulo de The Handmaid’s Tale, tornado popular como série em 2017. Desde 1985, quando foi lançado, O Conto da Aia (Amazon) vendeu mais de oito milhões de exemplares só em inglês. A história se passa num futuro distópico no qual os EUA foram substituídos por uma teocracia que oprime mulheres chamada Gilead. The Testaments se passará 15 anos após a história do livro — não da série, que foi além.

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