9 de Outubro de 2018

Bolsonaro e Haddad defendem democracia no JN

O primeiro ato concreto de campanha dos dois presidenciáveis foi conceder entrevistas ao vivo no Jornal Nacional, ontem à noite. Ambos moderaram o discurso, fizeram uma apresentação e responderam a uma pergunta dos apresentadores, William Bonner e Renata Vasconcellos. Cada qual falou por pouco mais de seis minutos.

Na sua conversa, Bolsonaro encarou de frente a questão da democracia, que principalmente seu vice, o general Mourão, pareceu ameaçar em alguns momentos da campanha. “Eu sou o presidente e o desautorizei”, disse o candidato. “Jamais posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes. E a questão de autogolpe não sei, não entendi direito o que ele quis dizer. Estou disputando as eleições porque acreditamos no voto popular, e seremos escravos da Constituição.” O seu foi um discurso com tintas patrióticas. “Vamos unir o povo brasileiro, sob a bandeira verde e amarela, sob o nosso Hino Nacional, juntando todos que foram divididos no passado pela esquerda.” Assista.

Haddad foi questionado sobre o mesmo tema. Afinal, seu programa também fala em constituinte e ao menos um dos homens fortes do PT, José Dirceu, mencionou em entrevista uma ‘tomada de poder’. “Revimos nosso posicionamento”, afirmou falando de mudança profunda na Constituição. “Vamos fazer as reformas por emenda constitucional. Em primeiro, a reforma tributária — no Brasil, quem sustenta o Estado é o pobre.” Ele quer isenção do IR para quem ganha até cinco salários. “A segunda reforma importante é a bancária.” O petista deseja estimular o surgimento de novos bancos e ver os juros ao consumidor baixarem. Ele defendeu ainda o fim do teto dos gastos, além de negar que Dirceu terá qualquer papel em seu eventual governo. “O ex-ministro não participa da campanha, não participará do meu governo, e discordo da formulação da frase. A democracia está sempre em primeiro lugar.” Assista.

Quem tem o maior problema para resolver é Haddad. Muitos de seus aliados, informa Andréia Sadi, pressionam para ele abandone a bandeira do ‘Lula Livre’, de forma a poder se deslocar ao centro. Foi, ontem, pesadamente criticado por visitar Lula na cadeia. O ex-presidente o dispensou da necessidade, durante a campanha. Mas ele continua com problemas dentro do PT. Quer acenar para mais moderação econômica, seu partido não o permite.

Vários políticos se manifestaram a respeito de sua posição no segundo turno.

Fernando Henrique Cardoso: “Nenhum dos dois é do meu agrado, mas Bolsonaro está excluído. Ele é uma folha seca que vai com o vento e a ventania está forte. O PT levou o Brasil ao buraco e Haddad começou a campanha vestindo a máscara do Lula. Mas há exagero em afirmar que o PT vai transformar o Brasil na Venezuela.” (Globo)

Dentre os candidatos a presidente mais bem posicionados, dois falaram. Ciro quer ‘apoio crítico’, sem engajamento na campanha, a Haddad. O PT espera dos pedetistas bem mais do que isso. João Amoêdo se inclina para o outro lado. Afirma que não há possibilidade de apoio ao PT, mas conversas com Bolsonaro são possíveis. “A gente precisa entender um pouco mais as ideias.”

O mercado financeiro se animou com a diferença de 16 pontos percentuais entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad no primeiro turno. O Ibovespa teve alta de 4,57%, aos 86.083 pontos, maior nível desde 16 de maio e maior alta em mais de dois anos. A B3 registrou o maior volume financeiro nominal da sua história, com R$ 28,9 bilhões. Já o dólar fechou a segunda-feira no menor nível em dois meses, cotado em R$ 3,76, com queda de 2,40%. (Estadão)

Na primeira eleição da cláusula de barreira, mais de um terço dos partidos não atingiu o número mínimo de votos válidos ou elegeu deputados o suficiente. Os parlamentares destas siglas irão ao Congresso, mas suas legendas não terão acesso ao fundo partidário ou propaganda gratuita a partir do próximo ano. No Parlamento, não terão direito a liderança e, portanto, têm seu espaço de manobras regimentais limitado. Entre os 14 que entram na lista estão o PCdoB de Manuela D’Ávila, e a Rede de Marina Silva. Os critérios ficarão ainda mais rígidos em 2022. Hoje, siglas que passaram, como PPS e PV, tampouco teriam este acesso. A medida tem objetivo simples: diminuir a fragmentação partidária no Congresso Nacional. (Globo)

Ao todo, haverá 30 partidos na composição da Câmara. As maiores bancadas são do PT (56) e do PSL (52). De longe, o maior derrotado foi o MDB. Elegeu 66 em 2014 e 34, nesta. O PSDB também teve uma perda grande — caiu da terceira maior bancada para a nona. Dos 513 federais, apenas 240 se reelegeram. É a maior renovação da história recente.

Já no Senado haverá 21 partidos representados. MDB e PT perderam neste pleito, cada um, sete senadores. Os tucanos perderam dois. Ainda assim, o MDB continuará sendo o maior partido da Casa. A Rede foi bem — elegeu cinco.

Pois é… O Centrão encolheu. O conjunto composto por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, que reunia 164 deputados, passa a ter 142. (Estadão)

 


E… King Jong-un convidou o papa para visitar a Coreia do Norte.

 


HealthTech

O governo sueco tomou a decisão de investir pesado em tecnologia ligada à saúde. Há alguns motivos estratégicos. Mantendo a política escandinava de saúde pública com qualidade máxima para todos, e levando-se em consideração que a esperança de vida aumenta, é preciso diminuir custos. Mas vai além: local de nascença de empresas como Spotify e Skype, é o segundo maior produtor de startups bilionárias do mundo. Por conta, há linhas de financiamento específico para o setor. E algumas empresas promissoras. Uma é a Bonzun. Produz um app que informa com detalhes a mulheres grávidas sobre o estágio da gravidez. Encontrou um mercado inusitado na China, onde mesmo mulheres de classe alta não costumam frequentar ginecologistas para acompanhamento. (Só o mercado chinês de saúde digital é avaliado em US$ 2 bilhões.) Outro investimento pesado, voltado para as zonas rurais, é o da AstraZeneca, que promove consultas virtuais para quem não tem médicos próximos. Funciona como uma rede social.

Só nos EUA, nos últimos oito anos, ocorreram mais de dois mil ataques hackers envolvendo bancos de dados ligados a saúde. Vazaram 176 milhões de fichas ligadas a pacientes. Os dados completos de pacientes podem valer até, no mercado negro da web, entre US$ 300 e 400. Muito mais do que um número de cartão de crédito roubado, podem ser usados em movimentos de chantagem.

 


Cultura

O Banco de República da Colômbia, a Biblioteca Luis Ángel Arango e a FNPI divulgaram textos inéditos escritos por García Márquez entre 1948 e 1952. Eles estão reunidos em Los Papeles de Gabo, ao lado de textos datilografados e manuscritos do então jovem jornalista.

A pintura em spray Girl With Balloon, uma das mais conhecidas de Banksy, foi leilada por um milhão de libras na Sotheby’s, em Londres. Mas depois que o martelo foi batido, veio a surpresa: ela passou por um triturador que estava escondido dentro da moldura. Pois é. “Parece que fomos ‘Banksyficados’”, disse Alex Branczik, diretor sênior da Sotheby’s e diretor de arte contemporânea na Europa. O que se especula é se o ato não pode aumentar o valor da obra.

Veja, em vídeo, a obra triturada.

 


Viver

A edição de genes para corrigir o DNA defeituoso em embriões humanos deu um novo passo para se tornar realidade. Cientistas mostraram que é possível corrigir problemas genéticos em camundongos antes de eles nascerem. Eles usaram uma ferramenta de edição de genes para introduzir uma mutação em um gene que de outra forma causaria insuficiência hepática letal.

O prêmio Nobel de Economia de 2018 foi concedido a dois economistas norte-americanos por seus estudos sobre economia sustentável e sobre crescimento econômico a longo prazo. William Nordhaus, pesquisador da Universidade Yale, foi citado por seu estudo pioneiro sobre os efeitos econômicos do aquecimento global. E Paul Romer, ex-economista-chefe do Banco Mundial e professor da Stern School of Business, ligada à Universidade de Nova York, foi reconhecido por investigar como a inovação tecnológica requer condições específicas para surgir e evoluir. (Folha)

E por falar em clima… Um novo relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, mostrou que ainda é possível minimizar a catástrofe climática. Mas as mudanças precisam ser rápidas e radicais. Para limitar o aquecimento do planeta em 1,5 grau Celsius em relação ao período pré-industrial, as emissões humanas de dióxido de carbono terão que cair 45% até 2030, em relação aos níveis de 2010, e zerar até 2050. E isso só será possível com mudanças no estilo de vida das pessoas e o desenvolvimento de tecnologias capazes de remover CO2 da atmosfera. As fontes renováveis terão que produzir 85% da demanda global de eletricidade e um território quase do tamanho da Austrália, com sete milhões de quilômetros quadrados, será necessário para a produção de biocombustíveis. (Globo)

Correr a Maratona de Boston tornou-se mais difícil na última semana. A maratona é uma das raras que admite a maior parte de seus participantes com base no mérito — para se qualificar, os inscritos precisam ter completado outra maratona nos 12 meses anteriores à data de inscrição, abaixo de determinado tempo, calculado com base em sua idade e sexo. Acontece que, nos últimos anos, a prova vem recebendo mais inscrições do que pode aceitar. Os organizadores resolvem o problema admitindo apenas os corredores mais rápidos, excluindo as pessoas que mal conseguem cumprir o tempo de qualificação. Mas isso não tem sido suficiente. Agora, eles anunciaram que apenas as pessoas que tiverem tempos 4min52 mais baixos que as marcas mínimas para sua idade e sexo serão aceitas na prova em 2019. E em 2020, a nota de corte vai subir… (Folha)

O telescópio espacial Hubble, da NASA, está temporariamente offline. Um mecanismo importante na espaçonave, necessário para reorientá-lo no espaço e mantê-lo apontado para partes do céu por longos períodos de tempo, quebrou. Agora, o Hubble está em modo de segurança enquanto os engenheiros tentam resolver o problema.

 


entenda o que está em jogo agora —

Recuo e desautorização

A Constituição atual acaba de completar 30 anos. No programa petista, havia a proposta de fazer uma mudança ampla. Haddad recuou e disse que o plano agora está descartado. Já Bolsonaro desautorizou o vice, Hamilton Mourão, que havia sugerido uma nova Carta Magna feita apenas por “notáveis”, sem representantes eleitos. / o globo

O caminho do centro

Nos dois casos os candidatos tentam ampliar seu eleitorado, com concessões ao centro do espectro político. Nesta entrevista, o cientista político Carlos Melo, do Insper, fala dos problemas do petista. E discorre sobre as possibilidades de Haddad, que teve bem menos votos, conseguir virar o jogo contra Bolsonaro. / nexo

A ressaca eleitoral

No podcast “Durma com essa”, o tema é a ressaca eleitoral. O programa faz um resgate dos dias seguintes após votações presidenciais desde 1989 e lembra de um fato concreto: nunca, no período pós-redemocratização, um candidato que terminou na frente na primeira etapa sofreu uma virada na votação de segundo turno. / nexo

A onda no Congresso

Como fica a composição de forças dentro do novo Congresso, em que partidos como MDB e PSDB perderam espaço para o antes nanico PSL, de Bolsonaro? Quais os desafios do próximo presidente, seja ele quem for, na relação com os parlamentares? Este é o tema do “Politiquês”, o podcast de política do Nexo. / nexo

As surpresas estaduais

O resultado de dois estados chamaram atenção no primeiro turno. Estreantes, Romeu Zema, em Minas, e Wilson Witzel, no Rio, decolaram às vésperas da eleição e vão ao segundo turno como os mais votados em seus estados. Neste texto, dois analistas avaliam o que ocorreu. / nexo

 


olhe além da fronteira —

Crescimento sustentável

O Nobel da Economia foi anunciado ontem a William Nordhaus e Paul Romer que desenvolveram estudos sobre políticas de crescimento sustentável. Os economistas americanos, segundo a academia, dedicaram-se a destacar a importância das políticas públicas e o equilíbrio entre inovação e clima. / valor

Jornalista desaparecido

O governo turco pediu a Arábia Saudita provas de que o jornalista saudita Jamal Khashogg está vivo. O profissional desapareceu após ir ao consulado saudita em Istambul, na Turquia. Ele era crítico do governo saudita. / estadão

 


fique atento a isto —

Atualidades, Enem e o ‘Nexo’

Na reta final dos estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio, o Nexo traz de volta o Bot do Enem. Quem se cadastra recebe pelo Facebook Messenger, de segunda a sexta, uma seleção de conteúdos do jornal, divididos em temas. Os conteúdos ficarão abertos até o segundo dia de provas — ou seja, mesmo quem não é assinante do jornal, poderá acessá-los, quantas vezes quiser, até 11 de novembro. Clique aqui para se cadastrar.

 


opinião —

A bolsonarização da vida

“Talvez a questão mais preocupante da ‘bolsonarização da vida’ seja o despudor entre algumas pessoas em proclamar discursos de ódio.” Leia mais no ensaio da socióloga Esther Solano, autora de pesquisa com eleitores do candidato à Presidência pelo PSL. / nexo

 


desacelere —

Orquestras populares

A Rádio Batuta, disponível no site do Instituto Moreira Salles, lançou a segunda parte de sua série sobre orquestras populares no programa Casa do Choro. Neste episódio, o destaque são as orquestras de salão e de cordas dedilhadas. / rádio batuta

 


inspire-se —

Galileu e a Inquisição

Carta escrita por Galileu Galilei em 1613 trata de um de seus legados mais importantes, o modelo heliocêntrico, que colocava em xeque muito do pensamento da época sobre o universo. Um documento recém-descoberto revela como o astrônomo, físico e matemático italiano tentou proteger suas ideias da Igreja Católica. / nexo

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