Homenagem a Manoel de Barros foi justa, mas tardia, avalia professora

Reportagem publicada no site Campo Grande News em 26 de julho de 2012.

Por Elverson Cardozo

“Acho que deveria ter sido feita em condições dele estar presente”, afirmou a professora Claudia Cariaga. Foto: Rodrigo Pazinato.

Justa homenagem ao poeta Manoel de Barros, mas foi tardia, avaliou a professora de séries iniciais Claudia Cariaga, de 40 anos, que foi à Bonito para a 13ª edição do Festival de Inverno.

Para a professora, que leciona em Dourados e na cidade de Nova Alvorada do Sul, a homenagem ao poeta deveria ter sido feito há muito tempo, mas a tendência à valorização das “coisas de fora” não deixou.

“Acho que deveria ter sido feita em condições dele estar presente”, afirmou. E esse desinteresse, declarou, reflete no ensino. Claudia Cariaga, que é professora do estado e município, disse que tenta levar para as salas de aula os “nomes de Mato Grosso do Sul”, mas o material didático fornecido não supre essas necessidades.

São poucas as obras de Manoel de Barros, por exemplo. E as que os colégios dispõem precisam ser constantemente atualizadas. “O governo precisa injetar mais na nossa cultura”, comentou.

Réplica de livro gigante traz um pouco da vida e da história de Manoel de Barros. Foto: Rodrigo Pazinato.

Homenageado – As homenagens a Manoel de Barros começam na entrada da cidade. No cruzamento das ruas Nelson Felício com a Pilad Rebuá, um túnel de 100 metros convida o visitante a mergulhar na poesia do poeta.

O espaço, formado por uma estrutura em forro e madeira, tem 4,50 metros de altura por 7,0 de largura e traz, a cada 5 metros, poemas impressos em módulos. A decoração com tecidos e vinis, aliada ao paisagismo e iluminação trazem ainda mais vida ao túnel “Nas Nuvens com Manoel de Barros”, assinada pelo cenógrafo José Carlos Serroni.

Lounge na rua Pilad Rebuá. Foto: Rodrigo Pazinato.

E a homenagem a um dos maiores poetas do mundo se estende até a rua XV de Novembro. No caminho, fotos e painéis que contam um pouco da vida do poeta, além de um lounge onde é possível encontrar trechos de suas obras.

História – Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em 1916, na cidade de Cuiabá (MT), no beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá. Aos 4 anos se mudou com a família para uma fazenda na região do Pantanal.

O menino cresceu brincando no terreiro em frente à casa, com os pés no chão, entre currais e “coisas desimportantes” que, anos mais tarde,viriam a marcar suas obras.

Manoel formou-se em Direito na cidade do Rio de Janeiro, viajou para a Bolívia e Peru e já morou em Nova York. “Poemas concebidos sem pecado”, seu primeiro livro, foi publicado há mais de 60 anos.

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