‘Manoel foi figura única e inventor da literatura pantaneira’, diz Martins em homenagem ao centenário do poeta

Reportagem publicada no Portal da Educativa em 26 de novembro de 2016.

Por Kemila Pellin

“Até hoje quando me chamam para falar de Manoel eu digo e repito: não é nenhum ‘despropósito’ afirmar que ele inventou sua própria literatura, a “literatura pantaneira”, destacou o jornalista e diretor presidente da da Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul, Bosco Martins ao homenagear o centenário de Manoel de Barros durante abertura do II Fórum Nacional de Jornalistas da Mídia Eletrônico, Turismo e Meio Ambiente que aconteceu em Bonito em Mato Grosso do Sul.

Ao lado da compositora e cantora Lenilde Ramos, Martins usou a poesia de Carlos Drummond de Andrade para se referir ao poeta, afirmando, sem nenhum receio, que sua vida foi ‘mais bonita do que a de Robinson Crusoé’. Segundo o jornalista, Manoel ‘tido como reinventor da poesia e aclamado pela crítica e por colegas como Drummond, do qual o poeta também era um grande fã’.

Já Lenilde, emprestou a poesia de Manoel para dar vida a sua melodia, cantando palavras ‘não tão doces’, mais de beleza incomparável. “Quando eu disse para ele que queria musicar seus poemas, ele já me respondeu de cara: Lenilde não me venha com nada bonitinho”, brincou a amiga, antes de começar sua apresentação.

Bosco e Lenilde foram escolhidos para prestar a homenagem em meio a renomados representantes da mídia sul-mato-grossense e nacional, por fazerem parte do seleto grupo de pessoas que conviveram e frequentaram a casa do poeta Manoel de Barros, na Rua Piratininga em Campo Grande.

Mesmo tendo a natureza e vida pantaneira como inspiração para seus poemas, Manoel não gostava de quando ‘limitavam-no’ ‘como poeta do Pantanal’. Como amigo próximo, Bosco conta que tiveram várias discussões sobre isso, onde frequentemente reforçava a importância desse estereótipo. “Eu sempre insistia e discordava dele sobre esse ‘limitante’, argumentando que na verdade a associação de sua literatura com o universo pantaneiro também é um diferencial de sua poesia. ‘Foi essa ‘regionalidade’ que projetou o poeta, Mato Grosso do Sul e o Brasil para dimensões universais”, destacou.

Ainda de acordo com o jornalista, os poemas de Manoel eram tão peculiares e ‘de tamanha competência’, que foi capaz de criar um vocábulo próprio, revolucionando a linguagem. Só para dar um exemplo, na ‘literatura pantaneira’, segundo Bosco, “a tríade denominada próclise, mesóclise e ênclise nunca mais foi  a mesma  depois de sua  escrita”.

Martins finalizou afirmando que a poesia de Manoel de Barros é de  um lugar onde a natureza não se anuncia através de clichês. “Mais que um espaço íntimo de poesia  pessoal e bucólica, Manoel criou  uma poesia irreverente,  uma escuta silenciosa de uma realidade até então desconhecida que era o Pantanal”.

A cerimônia de lançamento do Fórum aconteceu no Zagaia Eco Resort, na segunda-feira (21) e contou com a presença ilustre do governador Reinaldo Azambuja e do ministro do Turismo Marx Beltrão, além de importantes nomes do turismo sul-mato-grossense e de cerca de 50 jornalistas de todo o país.

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