Olá, mulher maravilhosa do convés
tenho estado ás vezes em pleno mar
nem sei mais a quantos nós,
nós navegamos
Em que mar, que oceano
imantados no meio do barco
sem saber a quantos mil pés
anda o nosso rastro.
Não lhe tenho visto nos salões
provocando o equilíbrio acrobático
dos leques e salamaleques dos garçons.
Também não tenho deixado o camarote.
Ainda ontem pude ver pela escotilha
a quilha do teu navio flamulando
as cores de outra bandeira.
Antes de ontem,
anteontem, sei lá,
pude vê-la por instantes
bem na curva da ventania com as amendoeiras.
No entanto,
mulher maravilhosa do convés
pelo muito que a minha alma almeja
ainda velejar nas suas águas
meu coração,
se valendo de usucapião,
propõe uma ligeira concordata
um desvio nas cartas,
meia trava no timão.
Por Bosco Martins