a Manuel Bandeira
Quem roubou minha bandeira?
Quem roubou o meu Bandeira?
Hoje quando fui alimentar minha alma
Não encontrei o meu Bandeira
Fiquei impaciente e perdi a calma.
Cadê minha bandeira, o Bandeira?
Quem roubou minha bandeira?
Não a bandeira pedaço de pano
Hasteado num pau
Não bandeira da corporação
Não bandeira do partido
E muito menos o distintivo da nação!
Devolvam o meu Bandeira,
Ele é meu afinal
Devolvam-no por bem
Ou então terá que ser por mal.
Não o bandeira, tamanduá
Cuja cauda se parece com uma bandeirola
Nem o cata-vento metálico no alto das torres
Muito menos a bandeira ensinada na escola!
Eu quero minha bandeira, o Bandeira.
Quem roubou o meu Bandeira?
Não a bandeira da expedição
Não o estandarte
Nem a passeata religiosa
Tampouco o glorioso pendão!
Eu exijo o meu Bandeira
O Bandeira anti-opressão
O Bandeira do perdão
O Bandeira da vida amarga
O Bandeira de Passárgada
Quem roubou de minha estante o livro?
Do Bandeira, Manuel
O Bandeira de Souza
O MANUEL BANDEIRA
O Manuel Bandeira de Souza.
Tragam-me o evangelho que n’alma tenho escrito
Devolvam o meu livro do MANUEL BANDEIRA
Tragam-me o alimento lírico de meu espírito
Devolvam a minha “Estrela da vida inteira”.
Novembro de 1975, do livro “POETA MODERNO”, por Bosco Martins