POEMA DE DOIS AMORES

Vera foi a única mulher que realmente amei.

(Onde está Vera leia Lúcia)
Havia nela,
No seu olhar
Tudo quanto de poético
Se possa imaginar.
Na verdade Lúcia foi o escotomo dos meus olhos.

(Onde está Lúcia leia Vera)
Vera por demais, me marcou.
Havia nela,
No seu falar,
Alguma coisa de nostálgico.

(Onde está Vera leia Lúcia)
No seu corpo havia agerasia,
Era sempre belo
E provocava afrodisia.
Lucia era o desejo quimérico dos masturbadores.

(Onde está Lúcia leia Vera)
Sua índole era bastante forte.
Pobre do coitado, que por ela se apaixonasse!
Poderia prostrar-se genuflexo diante dela,
Milhares de vezes, que não conseguiria
Mais que um perspicaz modo de olhar.
Vera foi a única mulher que realmente amei.

(Onde está Vera leia Lúcia)
Não sei se Lúcia foi a cachoeira
E eu o peixe,
Ou se fui eu o peixe,
E Lúcia a cachoeira.

(Onde está Lúcia leia Vera)
No jogo de hipóteses da vida,
Seu espírito tábido
Era resplandecente.

Não sei realmente quem amei: Se Lucia ou Vera.
Só sei que o meu instinto
De fisignomonia faria,
Reconhecê-ias (qualquer das duas)
Mesmo que elas estivessem
Em estado de necrofilia

Vera Lúcia foi o primeiro modo de eu
(desconfiar da vida,
Suas personalidades eram bastantes fortes
(e mesquinhas,
O que me fêz compor um prolóquio:
“Mulher com olhos de gato,
P. mais falsa do que cobra
Humilhe-a como se fosse rato
Ou então fique com o que sobra.”

Agosto de 1975, do livro “POETA MODERNO”, por Bosco Martins

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