Soneto I

Zoa ainda mistério das sombras
Entre a solidão do céu, o infinito,
Nefando clamor morrente nas alfombras,
Ais, soluços que, das saudades é o grito!
Imagem como num alvo sudário velada,
Declino para ver passar este tétrico cortejo,
Este místico funeral na imensa calada.

Alvíssima passa ela, leve como o beijo,
Levando em suas asas a diafanêz da lua,
Vestida qual das aureolas o fulgor lampejo
Esbranquiçando a noite com a luz sua,
Sibilando a morte com os olhares dardejos.

Chega-se ela e num sussurro me dia:
Alegrias, venturas e felicidades não terás;
Soluços apenas para o destino te fiz
Tirando-te as alegrias que jamais reencontrarás
Rosário de lagrimas serás sempre infeliz
Onde quer que estejas, a saudade de abrigarás!

Por Bosco Martins

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