Você conhece Bocajá?

Bocajá pode estar além da vida antropocósmica
Ou ser simplesmente
um lugar docemente silencioso
Com flores, fadas e gnomos
Sob a luz da lente de Raimundinho

A vida entre gelosias
Irradia nuvens azuis (cor d’alma de Raimundinho)
Em Bocajá, e busca numa interrogação muda
Onde estaria eu mesmo?

Bocajá seria o lendário mundo de duendes
Com castelos ornamentados de bronzes polidos
Ofuscando o Astro-Rei
Com suas paredes brancas
Negras, amarelas, griz
Formando um império onírico
Na lente de Raimundinho

Serpentes aladas
Sugam os seios sensusais das Vênus
Esculpidas por Buonarotti ou Vinci
País de fadas e querubins
Aves, luzes, natureza
Se misturam num aroma de terra mexida
Entrando pelo nariz e desordenando os pensamentos
Do amigo Raimundinho

No seu imaginário, em Bocajá,
Vênus não tem venda nos olhos
Personagens da mitologia habitam o lugar
Um disco solar
Coroa a cabeça mutilada de Akanateu
O sonhador rial das margens do Nilo;
Ou seria o rio Dourados?

O Filho de Tanatos,
Hipuos, Deus do sono,
Irmão da morte e filho da noite ,
passa seus dias de claridade,
contemplando o poente de Bocajá,
não é mesmo Raimundinho?

Quem nasce em Bocajá,
Não tenta compreender a morte,
Quem é de Bocajá sabe que sua cor não é negra,
Mas branca como a dama do Poeta Bandeira
Anjo bendito, bálsamo lenitivo,
Símbolo da paz e do sossego,
A morte em Bocajá soa como uma orquestra Edênica da eterninade
Bocajá seria o Olimpo?
Na verdade quando a gente morre,
volta a viver em Bocajá,
na paz crepuscular,
de mel nectarino do abandono,
não é mesmo Raimundinho?

Por Bosco Martins, à Raimundo Alves Filho

Em tempo: Companheiro há vinte anos (desde que cheguei ao MS), a notícia da morte do Raimundinho (ou Domá, apelido dado pelo pai) chegou pelo telefonema dado pela amiga. De repente não tinha mais o amigo. O artista que parava o tempo com suas fotos havia partido para sempre. Fragmentos da amizade juntaram-se ao rio de lágrimas. Lembrei-me de Bocajá. O nome, em Tupi Guarani, é o mesmo que o coquinho bocaiúva. Mas o que, com certeza, poucos companheiros de profissão sabem, já que praticamos um jornalismo mais voltado para o dia a dia da capital, é que Bocajá também é o nome de um distrito de MS, localizado no município de Douradina, perto de Dourados, cujo filho mais ilustre era o fotógrafo Raimundo Alves Filho, o Rai. A segunda-feira já não seria mais um dia qualquer.

O “Prosa e Segredos, Ontem, Hoje e Sempre, com Bosco Martins”, pós-produção/texto e edição de Allison Ishy e pós-produção/edição de vinhetas e pílulas de Roque Martins, divulga o Documento Regional – Raridades com o programa Poesia Total I e II, pílula 41, onde o poeta e jornalista Bosco Martins declama poemas de sua autoria e de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Astor Piazzolla, Vinicius de Moraes, Manoel de Barros e Antônio Maria.

Nesta pílula, Bosco Martins recita “Você conhece Bocajá? – a Raimundo Alves Filho –”, de Bosco Martins.

Ficha técnica:

Apresentação: Fernanda Guedes.
Declamação: Bosco Martins.
Direção: Carlos Diehl.
Produção: Lu Tanno.
Argumento: Bosco Martins.
Direção de TV: Vaner Lisboa.
Técnico de áudio: Evânio Vargas “Guarany”.
Vinhetas: Venise Melo.
Edição: Carlos Diehl.
Cinegrafista: Raimundo Dias.
Auxiliar de cinegrafista: Milton Xavier.
Iluminação: Valdir Maurício.
Apoio técnico: Safwan Al-Kass.
Gerente operacional: Jucimar Luiz.
Gerente de produção: Claudinei Pecois.
Diretor técnico operacional: Eduardo Grossi.
Diretor-presidente: Bosco Martins.
Apoio: Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundação Ueze Zahran e Fundação Barbosa Rodrigues
Realização: TVE Regional e Fundação Manoel de Barros.

Ficha técnica do Documento Regional:

Direção: Carlos Diehl.
Concepção e Argumento: Bosco Martins.
Produção: Marta Maria Basso e Lucilene Bigatão.
Assistente de produção: Danilo dos Santos.
Roteiro: Marta Maria Basso e Lucilene Bigatão.
Edição e autoração de DVD: Carlos Diehl.
Cinegrafista: Raimundo Dias.
Auxiliar de cinegrafista: Milton Xavier.
Iluminação: Valdir Maurício.
Arquivo de vídeo: Romualdo Pavão, Bruna Franciele e Jacson Luiz.
Apoio técnico: Ezequiel Holsback.
Gerente de produção: Claudinei Pecois.
Gerente operacional: Jucimar Luiz.
Diretor técnico operacional: Eduardo Grossi.
Diretor-presidente: Bosco Martins.
Parcerias: UFMS, UCDB, OAB, TV Comunitária, TV Assembleia, TV Tribunal de Contas, Produtoras Regionais e Fundação Barbosa Rodrigues.
Reproduzido por: Elohim Reproduções, sob licença da Fertel.
Realização: Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundação Ueze Zahran, TVE Regional e Fundação Manoel de Barros.

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