Bonito, 31 de março de 2021

 

 

 

FOI GOLPE

Hoje faz 57 anos que um golpe civil-militar apeou do poder João Goulart, em 1964. A data, que voltou a ser celebrada no governo Bolsonaro, terá a leitura de uma Ordem do Dia escrita pelo novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto. Mais moderada que a de anos anteriores, o texto procura contextualizar o golpe no clima da Guerra Fria e diz que ação buscou “pacificar o país” e “garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”, conta Tales Faria.

PRÉ GOLPE?

Não é simples dar um golpe de Estado em 2021 — em 1964 era mais fácil. Numa edição extra do Ponto de Partida, explicamos por que Jair Bolsonaro teria muita dificuldade. Assista. E, na edição desta semana do Conversas com o Meio, Ricardo Rangel, colunista da Veja, ajuda a compreender o impacto da reforma ministerial e os últimos movimentos no cenário político. Confira no YouTube.

OU ESTADO DE SÍTIO

Enquanto as atenções se dividiam entre a tensão militar e horror da pandemia, o líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (GO), tentou emplacar um projeto dando poderes especiais ao presidente da República. O parlamentar queria incluir “crises na saúde pública” entre as situações em que o Executivo poderia decretar “mobilização nacional”, prevista hoje para casos de invasão estrangeira. Oposicionistas classificaram a iniciativa como tentativa de golpe, e o projeto não entrou na pauta.

NOVO MINISTRO

Carlos França, novo ministro das Relações Exteriores, vai mudar o discurso belicoso de Ernesto Araújo em relação à China e melhorar as relações bilaterais com os EUA, avaliam especialistas. Mas a ala ideológica, comandada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não vai ficar ao relento. Para agradá-la, França deve manter a postura ultraconservadora em relação a questões de comportamento, como tratados sobre direitos reprodutivos.

APOSENTANDOO

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio, marcou  para 5 de julho sua aposentadoria – uma semana antes de completar 75 anos, data-limite para a permanência de um ministro na Corte.

O mais cotado para substitui-lo é André Mendonça, que está trocando o Ministério da Justiça pela AGU, embora haja resistência de parte do Centrão a seu nome.

ECONOMIA

Na sua primeira manifestação pública desde a aprovação do Orçamento no Congresso, Paulo Guedes fez um apelo: “Esse é o meu pedido de entendimento a todos nós: para que os entendimentos políticos caibam nos orçamentos públicos, para que a gente cumpra o duplo compromisso, com a saúde dos brasileiros e responsabilidade orçamentária”, disse ontem. A ideia do governo é criar um PL após a sanção do Orçamento para corrigir os erros. Deputados e economistas criticaram a manobra fiscal no texto que inflou emendas parlamentares com base em uma estimativa de que gastos obrigatórios, como Previdência, serão menores do que o projetado pelo governo. Só que a equipe econômica já alertou que pode ser obrigada a fazer um bloqueio bilionário em despesas para corrigir o problema, colocando em risco o funcionamento da máquina pública. Enquanto o relator do Orçamento, Márcio Bittar, disse que não fez nada sem o conhecimento da Economia.

Pois é… Com o teto ameaçado, a equipe econômica ameaçou criar uma nova debandada caso o Orçamento seja sancionada como está. O movimento pode ser maior do que a primeira, quando, em 2020, secretários especiais Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização) deixaram os cargos ao mesmo tempo por dificuldade de avançar pautas liberais.

Mansueto de Almeida disse que “teria muito medo em assinar o Orçamento com os valores aprovados”. Para o ex-secretário do Tesouro, sem negociação política, as agências de classificação de risco podem aumentar as incertezas sobre o país com o texto atual.

Depois de mais de dois anos de sua tentativa de IPO, o WeWork se prepara novamente para a Bolsa americana. Dessa vez, está se fundindo com uma SPAC para fazer sua estreia no mercado. Em 2019, sua avaliação de US$ 47 bilhões despencou para U$ 2,9 bilhões quando sua documentação de preparo para o IPO mostrou que gastou mais que o dobro do que ganhou e não tinha um caminho claro para se tornar lucrativa no futuro. Com corte de gastos, mudanças no comando e socorro de um de seus maiores investidores, o SoftBank, a startup se reergueu e tem hoje uma avaliação de US$ 9 bilhões e deve fechar o ano com lucro. (Wall Street Journal)

Aliás… IPOs por meio de SPACs têm se popularizado. Nesse modelo, o investidor dá um “cheque em branco” para a gestora que seleciona em qual empresa investir. Essas ofertas ainda se concentram nos EUA — representaram praticamente a metade de todos os IPOs de 2020 no país. Mas os reguladores no Brasil já começaram a discutir o tema e a América Latina deverá ser alvo de ao menos US$ 3 bilhões de aportes vindos dessas gestoras neste ano.

A troca de ministros não pesou no mercado: o Ibovespa fechou em +1,24%, aos 116.850 pontos e o dólar caiu para R$ 5,76. Ajudaram alguns dados econômicos, como número positivo na criação de novas vagas com carteira assinada no Brasil e déficit do Tesouro melhor do que esperado. Enquanto nos EUA, os índices continuaram pressionados pela alta do mercado de títulos públicos. O S&P 500 ficou em -0,32% e o Dow Jones em -0,31%.

Seguindo Wall Street, as Bolsas asiáticas fecharam no vermelho. Tóquio ficou em -0,86%, Shangai em -0,43%, Hong Kong em -0,72% e Coreia do Sul em -0,28%. Na Europa, abriram pressionadas pela divulgação de dados econômicos. Pela manhã, Frankfurt estava em +0,06%, Londres em -0,25% e Paris em -0,14%.

FONTE: Canal Meio, ABRAJI e Blog do Bosco

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