O corpo é o patrimônio do artista e durante o Festival de Bonito a expressão corporal deu o tom dos espetáculos nos palcos e nas ruas

O maior instrumento de trabalho de um artista é o seu próprio corpo. É com a linguagem corporal que a arte toma forma e rompe limites inimagináveis. Cada movimento e cada voz entoada estabelecem uma conexão entre o artista e o seu público. No 20º Festival de Inverno de Bonito essa interação está presente nos espaços dedicados aos espetáculos. No palco de um teatro, na praça ou na rua, o corpo pede passagem e mostra seu poder de encantar plateias.

No terceiro dia de FIB, grupos de teatro e dança se apresentaram com montagens que exploraram a expressão corporal ao máximo. O Teatral Grupo de Risco, de Campo Grande, trouxe a peça “Guardiões”, que conta a história de Mato Grosso do Sul a partir da relação do homem pantaneiro com o território em que vive. Em cena, três atores usaram seus próprios corpos em movimentos intensos para levar ao público uma mensagem de conscientização sobre o desequilíbrio causado ao meio ambiente com a chegada do desenvolvimento.

Fernanda Kunzler, atriz do grupo, disse que o teatro é uma forma de resistência e tratar de temas polêmicos nas peças é uma forma de protesto. “A arte precisa resistir e festivais como esse, que abrem espaço para todas as expressões artísticas, é a oportunidade que temos de mostrar nosso trabalho e fazer nossa mensagem chegar ao maior número possível de pessoas”, afirmou a atriz.

No palco da Liberdade, o Grupo Quasar Cia. De Dança, de Goiânia, apresentou o espetáculo “O que ainda guardo” e mais uma vez o corpo foi a grande estrela. Ao som de músicas da bossa nova, os bailarinos flutuaram no palco em uma mistura de movimentos que variaram entre o suave e o vibrante. O resultado foi uma apresentação cheia de estilo que agradou ao público presente.

De Minas Gerais, o Grupo Galpão, um dos mais conhecidos grupos de teatro do Brasil, trouxe para o festival a fábula “Os gigantes da Montanha”. Com cenário montado no meio da rua, os atores contaram a história de uma companhia teatral decadente que chega a uma vila cercada de magia onde os moradores são fantasmas e o comando está nas mãos do Mago Cotrone. Escrita por Luigi Pirandella, a peça é uma alegoria sobre o valor do teatro, e por extensão da arte como um todo, e sua capacidade de comunicação com a modernidade.

A peça tem muito de expressão corporal. Dança, interpretação e canto escancaram os muitos talentos dos seus atores. Para compor o repertório musical da peça foram selecionadas algumas árias e canções italianas, popular e moderna. O cenário foi todo construído com madeira de demolição e traz objetos e móveis que materializam a vila imaginária. Para Eduardo Moreira, ator e um dos fundadores do Grupo, o teatro de precisa de popularizar e ocupar os espaços e o Festival de Bonito cumpre esse papel. “O teatro tem de estar nas ruas, nos palcos. As pessoas precisam cada vez mais assistir peças teatrais. Isso é aprendizado para a vida. É um costume que precisa se criar na sociedade”, afirmou Eduardo.

A professora Cândida Paes, de Curitiba, estava ansiosa à espera da apresentação do grupo e ao final ficou satisfeita com o que viu. “Já conhecia o Grupo Galpão de outros espetáculos. Quando soube que eles estariam em Bonito para esse festival, coloquei a apresentação no meu roteiro. Eles são excelentes. O figurino, o cenário, as músicas agradaram a mim e aos meus amigos”, afirmou Cândida, que veio a Bonito com um grupo de mais seis pessoas especialmente para o FIB.

Autora: Eliane Nobre. Fotos: Fernando Antunes.

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