No repertório da dupla, que tem como influência Tião Carreiro o som da viola caipira, estão clássicos do sertanejo raiz
Diante de tantas opções, não seria desperdício de tempo e até mesmo intolerância cultural criticar a escolha da dupla Jads e Jadson para abrir o evento? A divulgação da atração musical foi bem recebida e comentada positivamente nas redes sociais
“Mas sertanejo não é Música Popular Brasileira, não deveria fazer parte de festivais pagos com dinheiro público”! Mas o que é Música Popular Brasileira e quem define o que deve ou não tocar em festivais financiados pelo governo? Bom, o grande Belchior, que foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional, em meados da década de 1970 diz que ‘Música Popular Brasileira é aquilo que representa a alma lírica de um povo’, e neste caso, quem definiu que o sertanejo deveria fazer parte da programação da 18ª edição do Festival de Inverno de Bonito, foram os próprios bonitenses.
O pedido foi feito e reforçado durante as reuniões realizadas no município para debater a realização do FIB 2017, que é válido lembrar, eram abertas para quem quisesse participar, inclusive na que o secretário do Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery participou, onde também foi solicitada a presença de artistas locais no evento e uma inserção mais concreta da comunidade local.
Atendendo a essas revindicações, a programação do evento foi ampliada e de 83 atrações e em 2016 para 149 neste ano, sendo 130 dela de Mato Grosso do Sul, representando a valorização da cultura local e marcando os 40 anos de emancipação política de MS. O show “Canta Bonito”, será produzido especialmente com artistas da própria cidade e a mostra gastronômica é oportunidade da culinária local mostrar seu talento. As sessões itinerantes de cinema em caminhão adaptado para receber o público infantil, jovem e adulto volta depois de alguns anos, também atendendo a pedidos da comunidade local.
O FIB ainda vai expandir suas atividades além da Praça da Liberdade, chegando ao distrito Águas de Miranda, ao Assentamento Guaicuru e ao Bairro Marambaia, além é claro, do uso do CMU (Centro de Múltiplo Uso), que das 9h às 17h, vai servir como ponto de encontro entre os estudantes bonitenses para participarem de oficinas, atividades culturais e espetáculos. Oficinas essas, ministradas por educadores da cidade.
E derrubando de vez as polêmicas sobre diversidade cultural, o local ainda será palco para artistas de todos os gêneros, como o poeta, escritor e ator Emmanuel Marinho, a banda Muchileiros, a cantora Juci Ibanez, os palhaços Anderson Lima, Pietro Lara e Pepa Quadrini & Junior de Oliveira, o mágico Tabajara, o grupo Arte e Riso Cia de Animação e Grupo Guavira com teatro de bonecos, a atriz Ramona Rodrigues com um varal de poesia com a obra de Manoel de Barros e o instrumentista Marcos Assunção com a sua viola pantaneira.
Mas além deles, o palco principal também será divido por dezenas de artistas de diferentes gêneros, incluindo as grandiosas Beth e Betinha, que formaram a primeira dupla musical feminina do Estado e tem em seu repertório o sertanejo raiz. Isso sem falar é claro, de Ney Matogrosso, Gabriel Sater, Karol Conka, que na cidade é a menos popular entre os artistas escolhidos.
O acordeonista Dino Rocha, Maria Peralta, DJ Toulouse 84, as irmãs Tetê Espíndola e Alzira, Marcelo Loureiro e o maestro Eduardo Martinelli completam a lista de apresentações musicais do FIB.
Diante de tantas opções, não seria desperdício de tempo e até mesmo intolerância cultural criticar a escolha da dupla Jads e Jadson para abrir o evento? Afinal, a dupla atende o pedido feito pela cidade e divulgação do nome foi bem recebida e comentada positivamente nas redes sociais.
Autora: Kemila Pellin/Portal da Educativa