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Parque Nacional da Serra da Bodoquena poderá ser aberto para turistas após 18 anos da criação

Reunião foi realizada em Bonito e reunião empresários da região, guias turísticos e população interessada. Foto: Kemila Pellin.

A privatização de serviços de apoio ao turismo no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, localizado nos municípios de Bonito, Bodoquena, Jardim e Porto Murtinho, poderá significar a abertura de visitações e exploração do turismo de forma controlada. Segundo apresentado em reunião promovida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Bonito nesta quinta-feira (28), a ideia é conceder, através de licitação, a possibilidade de uma empresa ou consórcio explorar o potencial turístico da parte já pertencente a União, e em contrapartida deve investir um valor estimado de R$ 4,6 milhões em infraestrutura adequada para recepção e segurança dos visitantes.

O Parque Nacional da Serra da Bodoquena foi criado em 21 de setembro de 2000 e tem uma área total de 77.021,58 hectares de Cerrado, dividido em dois fragmentos: um ao norte, com área de 27.793 hectares e outro ao sul, com 48.688 hectares. Apesar de sua vasta extensão, apenas uma parte dele está disponível para exploração turística. “Nós temos o planejo de manejo já há algum tempo, conforme exige a Lei, e no ano passado nós lançamos um Procedimento de Manifestação de Interesse (PNI) e ele detalhava ações de uso público em vários pedaços do Parque, vários trechos junto com um estudo de viabilidade econômica e nós analisamos e recortamos do estudo o que a gente achava que podia ser feito agora, ampliando algumas atividades e restringindo outras, deixando para outro momento, por exemplo, porque a terra não é nossa ainda. Tem uma parte do parque que ainda não foi indenizada e nós não podemos desenvolver atividades nessas áreas”, destacou Paulo Henrique Marostegan e Carneiro, presidente da instituição.

Trecho do Rio após ressurgência que poderá ser explorado de forma controlada é repleto de corredeiras e cachoeiras. Foto: Kemila Pellin.

Conforme o projeto apresentado pelo ICMBio na reunião, a parte passível de exploração no momento abrange um dos rios mais misteriosos da região, o Rio Perdido, tanto no local do sumidouro, como da ressurgência e um determinado trecho a partir daí, onde poderão ser desenvolvidas atividades como banho, canoagem, boiacross, flutuação e stand up paddle. A concessão também prevê o espelhomergulho na caverna onde o rio ressurge e tirolesa sobre a área de sumidouro, para contemplação do fenômeno.

Ainda no projeto estão previstas trilhas, tanto para caminhada como para contemplação da fauna local, principalmente de aves, e ciclismo, área de camping, lanchonete, loja de conveniência e estacionamento, que devem ser instalados junto a uma central de visitantes, com banheiros e espaço de descanso. O valor estimado dos investimentos é de R$ 4,69 milhões, sendo R$ 3,32 nos três primeiros anos de concessão. A estimativa de público para o primeiro ano é de 16.900 visitantes, com um crescimento aproximado de 3% ao ano. A capacidade do Parque no plano apresentado será de 50 mil visitações por ano.

Paulo Henrique Marostegan e Carneiro, presidente do ICMBio em reunião em Bonito. Foto: Kemila Pellin.

O consociado, por sua vez, poderá lucrar com ingressos de entrada do Parque, que tem valores já fixados pela ICMBio de R$ 40 para visitantes estrangeiros, R$ 20 para visitantes brasileiros e R$ 4 para moradores das cidades abrangidas pelo local. O ingresso dá direito de acesso as trilhas e ao banho de rio. Já as atividades extras poderão ser cobradas separadamente, assim como o estacionamento e camping.

“É muito importante destacar isso, que não a gente não está privatizando a Unidade de Conservação, o que estamos fazendo é terceirizar os serviços que não são nossos”, acrescenta Paulo, ao destacar que o ICMBio vai continuar sendo responsável por estudos impacto ambiental e atividades de monitoramento da fauna e flora local.

A reunião, realizada na Câmara Municipal de Bonito, tinha como objetivo ouvir a população sobre a viabilidade da proposta apresentada. Para quem não participou, é possível ainda, manifestar sua opinião pelo período de 30 dias, através do site do ICMBio.

O Instituto Chico Mendes é responsável por executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as UCs instituídas pela União.

Proposta de Concessão

A proposta de concessão para prestação de serviços de apoio a visitação nos parques nacionais foi apresentada pela União no plano de incentivo ao turismo em UCs do País na última semana. O governo federal anunciou que iria abrir uma consulta pública para definir como passará a ser a gestão do parque, que se estende pelos municípios de Bodoquena, Bonito, Jardim e Porto Murtinho, além dos parques de Itatiaia (que estende por RJ, SP e MG), Caparaó (na divisa entre MG e ES), Lençóis Maranhenses (MA) e Jericoacoara (CE).

Já os parques nacionais da Chapada do Veadeiros, no Cerrado de Goiás, e do Pau-Brasil, na Mata Atlântica da Bahia, estão com editais para a privatização prontos e os parques de Brasilia (DF) e Pau Brasil em Porto Seguro (BA) foram entregues à iniciativa privada para aumento do turismo em 2017.

Autora: Kemila Pellin/Portal da Educativa

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