MARCIANA
Tinha uma boca que engolia estrelas
e trazias um sol na testa
que iluminava a escuridão
de teus olhos profundos
Naquela manhã gelosia taciturna
ansiavas roubar a lua
e deitada sobre uma rede de palha
inventavas um cheiro
que devia ser incenso
ou alecrim
Chegastes assim
através do mar áspero
com seus dentes de marfim
e trazias do horizonte
o som estridente
de uma bem tocada valsa de Strauss
Principiei crer miragens
trafegamos inefável e merencórios
Diante do claro do dia
e os mistérios da noite
Buscavas conhecer
da fruta do amor
que ainda não havia
causado tanta dor
Aproximei de ti
em teu peito nu
e sobre o travesseiro da imensidão
percebi a pureza de tua alma
Falamos da liberdade
do nosso mundo de quimeras,
dos oprimidos
nos trigais da deses