Bonito, 12 de abril de 2021

VIVER

Muitas das pessoas que receberam a CoronaVac no Brasil apontavam como vantagem o intervalo relativamente curto entre as duas doses, três semanas, antecipando a imunização. Mas pode ser o contrário. Estudo feito pelo próprio Instituto Butantan, que fabrica a vacina no Brasil, indica que a eficácia do imunizante cresce conforme o intervalo entre as doses. A eficácia geral, por exemplo, salta de 50,7% para 62.3%.

Já a China, onde a CoronaVac foi desenvolvida, estuda misturar vacinas para aumentar a eficácia. O diretor dos Centros de Controle de Doenças da China, Gao Fu, admitiu que os imunizantes produzidos no país não têm eficácia alta. A ideia não é nova ou estapafúrdia. Pesquisadores britânicos estudam combinar as vacinas da Pfizer/BioNTech, que usa a nova tecnologia de RNA mensageiro, com a de Oxford/AstraZeneca, feita com o tradicional sistema de vírus inerte.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admite dificuldades para cumprir o cronograma de vacinas no segundo semestre, atribuindo o problema à carência mundial de imunizantes. Queiroga acredita que, conforme os EUA completem seu próprio programa de vacinação, mais doses se tornem disponíveis. Sobre as posturas negacionistas do presidente Jair Bolsonaro, o ministro nega atritos, mas diz que uma de suas funções é “persuadir o chefe”.

E neste domingo o Brasil registrou a segunda maior média móvel de morte em sete dias desde o início da pandemia: 3.109, com alta de 17% em relação ao período anterior. Foram 1.824 óbitos em 24 horas, elevando o total a 353.293, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de comunicação junto aos estados.

Painel: “Gestores de ao menos 1.604 cidades do Brasil disseram que há possibilidade de faltar luvas para os profissionais de saúde nos próximos dez dias caso a curva de internação por Covid-19 continue alta. O número pode ser maior porque menos da metade dos municípios do país, 2.411, responderam à pesquisa do conselho de secretarias. Em São Paulo, estado mais rico brasileiro, 160 das 302 cidades ouvidas até a terça afirmam ter problemas para adquirir o item —a capital é uma delas.”

E virou piada a “campanha de conscientização” feita pelo governo do Estado do Rio. Ao custo de R$ 13 milhões, a campanha tem como um dos carros chefes um cartaz em que um médico aparece usando uma máscara… de cabeça para baixo. O governo reconheceu a gafe e recolheu os cartazes.

Mas os problemas não param por aí. Segundo o repórter Ruben Berta, há suspeita de direcionamento na escolha da agência Propeg, responsável pela campanha. Ela foi a única a responder no prazo de apenas dois dias dado pelo governo, o que indicaria conhecimento prévios das regras da licitação. Ah, e nas peças originais, os modelos sequer usavam máscaras. (Blog do Berta)

BOLSONARO PRESSIONA PARA MUDAR FOCO DE CPI DA COVID

A abertura de uma CPI para investigar a conduta do Executivo na pandemia, determinada pelo ministro do STF Luiz Roberto Barroso, acendeu um sinal amarelo no Palácio do Planalto. A estratégia adotada pelo presidente Jair Bolsonaro é de pressionar senadores a ampliar o escopo para investigar também governadores e prefeitos. Sem isso, diz o presidente, a CPI “só vai ouvir gente nossa” e produzir “um relatório sacana”. A pressão (e os termos) estão numa conversa por telefone com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que a gravou e divulgou no YouTube. Bolsonaro pediu também que Kajuru cobrasse andamento para os pedidos de impeachment contra ministros do Supremo, como forma de contra-atacar a Corte.

E a pressão parece surtir efeito. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), protocolou um pedido à Mesa Diretora do Senado para que a comissão investigue também as condutas de prefeitos e governadores, o que não consta do pedido original. (Poder360)

Bem que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), resistiu, mas, diante da ordem de Barroso, anunciou para terça-feira a leitura em plenário da CPI. É o primeiro passo para sua instalação, mas não garante que ela funcione. Para isso, os partidos políticos precisam indicar seus representantes na comissão, algo geralmente usado para atrasar os trabalhos. Mas a pressão é grande. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, marcou para quarta-feira a sessão virtual em que o Plenário vai decidir se mantém ou não a ordem de Barroso. (G1)

Bela Megale: “Sob forte pressão de Bolsonaro, a maioria do STF indica que manterá a decisão de Barroso sobre a instalação da CPI da Pandemia. Magistrados avaliam que a conversa por telefone entre o presidente e o senador Kajuru deixou mais evidente o medo de Bolsonaro da investigação que será aberta para analisar omissões do governo federal no combate à Covid-19.”

Independentemente do escopo, há uma avaliação nos bastidores de que a comissão aumenta o poder de barganha do Senado, especialmente de Pacheco, diante do Executivo. Normalmente, os olhos do Planalto estão voltados para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em cuja gaveta hibernam os pedidos de impeachment. Agora, dependendo das investigações, os senadores terão de ser agradados também.

Malu Gaspar: “Depois de fracassar na primeira tentativa de impedir a CPI da Covid-19, convencendo senadores a retirar assinaturas do requerimento por sua criação, o governo Bolsonaro agora tenta interferir na escolha dos integrantes, garantindo que a maioria seja a seu favor. Nesse xadrez, o bloco formado pelo PSDB e pelo Podemos é hoje o fiel da balança.”

Para ler com calma. Existe uma instituição do Estado brasileiro que operou no extremo oposto ao negacionismo do Planalto da pandemia de Covid-19: o Exército. Aplicou amplamente testes de contágio, implementou regras de distanciamento e impôs o uso de equipamentos de proteção. O resultado foi que a taxa de letalidade pela doença na Arma foi de 0,17%, contra 2,6% da população em geral. E esse foi um dos motivos para o comandante Edson Pujol ser trocado. (Piauí)

Divergir do governo virou um risco para funcionários públicos, mesmo concursados, protegidos pela estabilidade. Levantamento mostrou pelo menos 650 casos de profissionais perseguidos ou vítimas assédio moral por motivos ideológicos nos últimos dois anos.

 

Um dos maiores temores na eleição para o comando da Câmara era que, entronizado um aliado de Jair Bolsonaro, a pauta de costumes ultraconservadora avançasse na casa. Aconteceu o contrário. Diante da pandemia de Covid-19 e da queda de braço do Orçamento, Arthur Lira (PP-AL) adiou sine die a maioria dos temas caros a esse grupo, em especial à bancada evangélica. Apenas o projeto que regulamente a ensino doméstico dá sinais de prosseguimento.

ECONOMIA

O Brasil deve fechar o ano com a 14ª maior taxa de desemprego do mundo. É o que aponta levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating com 100 países. A taxa de desemprego brasileira deverá subir para 14,5% este ano caminhando na contramão da taxa média global, que deve recuar para 8,7% este ano. A piora do Brasil é devido principalmente ao agravamento da pandemia e também o risco fiscal do país, com a crise do Orçamento. O resultado projetado para 2021 é pior do que de 2020, quando ficou na 22ª colocação.

Pois é… A tendência é que o desemprego — e a pobreza — continue alto no país porque o Brasil ainda tem 86% dos trabalhadores em empregos que necessariamente são presenciais. Essa parcela, ou seja, 79,7 milhões de trabalhadores, perdeu mais empregos com a crise, na comparação com os 12,9 milhões de trabalhadores em vagas que podiam ficar em home office, segundo a consultoria IDados. Em sua maioria, são trabalhadores mais jovens e de menor escolaridade. Enquanto o perfil do trabalhador remoto é composto majoritariamente por mulheres brancas que completaram o ensino superior.

Os trabalhadores por conta própria também foram bem prejudicados pela pandemia em 2020. Segundo o Ipea, receberam apenas 76% da renda média habitual no segundo trimestre do ano passado em comparação com o mesmo período de 2019. Enquanto saíram-se melhor os trabalhadores da iniciativa privada com carteira assinada e os servidores públicos.

Para não ficarem sem renda, os brasileiros têm se apoiado em aplicativos. O Brasil tem hoje aproximadamente 20% de sua população adulta – o equivalente a 32,4 milhões de pessoas – que utilizam algum tipo de app para trabalhar. Em fevereiro do ano passado – ou seja, pré-pandemia –, essa fatia era de 13%.

A pressão contra Jack Ma continua. China aplicou uma multa recorde de US$ 2,8 bilhões no Alibaba por monopólio. Após abrir investigação contra o ecommerce em dezembro, os reguladores chineses concluíram que o Alibaba exige exclusividade dos comerciantes que queiram vender seus produtos na plataforma. Desde suas críticas públicas ao sistema regulatório do país, em outubro, Ma vem sendo pressionado pela China. Como consequência, o IPO da sua fintech Ant Group foi cancelado e terá que ser reformulada como uma holding financeira supervisionada pelo banco central da China.

Celso Ming: “A inflação de março medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,93%, algo abaixo do esperado. Mas esse número mostra coisas que apontam para direções opostas. Quando em março decidiu puxar pelos juros básicos (Selic) em 0,75 ponto porcentual e, ao mesmo tempo, acenou com aumento igual em maio, o Banco Central combate os efeitos colaterais dessa inflação de custos. Mas o que mais preocupa é a pressão proveniente da desorganização das contas públicas. O projeto do Orçamento da União montado pelo Congresso é arranjo artificial que lembra as pedaladas da presidente Dilma. O nível de confiança, já precário, derreteria e as cotações do dólar iriam sabe-se lá para que alturas. Embora a inflação tenda a cair, o momento é de fragilidade e de aumento de incertezas, o que pode puxar os preços novamente para cima.”

As Bolsas ficaram pressionadas antes do início da temporada de balanços corporativos nos EUA. Na Ásia, com exceção da Coreia do Sul que fechou em +0,12%, Tóquio ficou em -0,77%, Shangai em -1,09% e o Hong Kong em -0,98%. Na Europa, pela manhã, Frankfurt estava em +0,08%, Londres em -0,53% e Paris em -0,01%.

Fonte: Canal Meio, Abraji, Blog do Bosco

 

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