22 Abril de 2020

COTIDIANO DIGITAL

Novidade do Facebook. A empresa vai lançar um app de games para competir com o Twitch, da Amazon e o YouTube. O aplicativo será focado na comunidade streamer, feito para criar e assistir jogos ao vivo. Mas também dará espaço para jogos casuais que costumam ser jogados online. A plataforma deve ser lançada em breve. Com as quarentenas, o Facebook acelerou o seus planos que estavam previstos para junho.

Por falar no mundo de games… Fortnite vai sediar um show online. Por meio de um avatar, o rapper americano Travis Scott vai realizar uma série de shows na plataforma dos dias 23 a 25 de abril. Essa será segunda vez que o jogo organiza um evento desse tipo. O primeiro foi ano passado do DJ Marshmello. Os artistas lucram com as vendas de itens personalizados para o jogo. O Fortnite tem cada vez mais se tornado uma versão digital do mundo real. Os usuários socializam, compram e consomem conteúdo pelo jogo. Antes do lançamento do filme Star Wars: Episódio IX, por exemplo, um clipe exclusivo foi exibido na plataforma.

CULTURA

O serviço de streaming HBO Max teve um novo trailer revelado, que foca nas maiores produções que serão disponibilizadas na plataforma, e anuncia a data de lançamento nos EUA para 27 de maio. Confira.

VIVER

O mundo tem mais de 2,5 milhões de pacientes infectados pelo coronavírus, mais de 177 mil mortes e 660 mil recuperados segundo contagem mantida pela Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o país mais afetado, com mais de 825 mil casos da doença, seguidos de Espanha, com mais de 204 mil infecções, e Itália, com 183 mil. A França, por sua vez, tem mais de 159 mil casos confirmados, e a Alemanha, 148 mil.

Por falar em Alemanha, dez estados alemães, incluindo a capital, Berlim, vão impor a partir do próximo dia 27 o uso obrigatório de máscaras no transporte público como forma de prevenção contra a pandemia de covid-19. E a Oktoberfest de Munique, maior festival da cerveja do mundo, foi cancelada devido à pandemia. O evento recebe cerca de 6 milhões de pessoas por ano e rende 1,2 bilhão de euros à economia da cidade alemã. Segundo autoridades, o risco seria alto demais.

Pois é… a Áustria agiu cedo contra a pandemia de coronavírus e hoje está entre os primeiros a relaxar as medidas restritivas, permitindo desde a semana passada que algumas lojas reabram suas portas, incluindo aquelas com menos de 400 metros quadrados de área. O primeiro-ministro da Áustria anunciou ontem que o país permitirá a reabertura de restaurantes e cafés e a retomada de serviços religiosos a partir de 15 de maio. Segundo Sebastian Kurz, bares e restaurantes poderão retomar suas atividades nessa data, mas permanecendo abertos somente até 23h. O país soma 14.873 casos de covid-19 desde que a primeira infecção foi confirmada no país, em 25 de fevereiro. Mais de 10 mil pessoas já se recuperaram, enquanto 491 pacientes morreram.

Enquanto isso, Singapura prolongará por mais um mês o período de confinamento, que havia sido imposto no início de abril. O país já foi visto como exemplo global no combate ao coronavírus, mas agora assume a liderança como local mais afetado pela doença em todo o Sudeste Asiático.

A Itália alcançou na tarde de ontem a marca de 534 óbitos nas últimas 24 horas. O número diário foi superior ao dos três dias anteriores. Já o Reino Unido registrou ontem mais 823 mortes por coronavírus em hospitais, anunciou o Departamento de Saúde britânico. O dado eleva para 17.337 o total de mortos no país. Segundo dados do governo britânico, até o momento mais de 397 mil pessoas foram testadas em todo o país.

Com 166 mortes registradas nas últimas 24 horas, o Brasil tem, agora, 2.741 óbitos causados pelo novo coronavírus. A quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença subiu para 43.079. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério da Saúde.

Em Manaus, a rotina de 30 enterros por dia passou para 120 e já exige o uso de valas coletivas no Cemitério Parque Tarumã, na zona norte da capital do Amazonas. A prefeitura alega que a metodologia de “abertura de trincheira” é internacional. Diferentemente do que se convencionou chamar de vala comum, uma área de enterros sem identificações, essa medida “preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o distanciamento entre caixões e identificação de sepultura”.

E o novo coronavírus pode atacar também o sistema nervoso central causando problemas neurológicos graves a médio e longo prazo, como Alzheimer. O alerta foi feito em um artigo publicado ontem na revista Trends in Neuroscience (do grupo Cell), e assinado por cientistas brasileiros.

O médico Gilmar Calazans Lima, 55 anos, morreu em Ilhéus, sul da Bahia, dias após ter se automedicado com uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina. Ao comentar o caso, o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, afirmou que o uso do medicamento deve ser precedido de avaliação cardiológica e realização de eletrocardiograma. Ele foi a 45º vítima da Covid-19 e o primeiro profissional de saúde a morrer da doença na Bahia.

Até o momento, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) autorizou 12 estudos com a substância no país. Segundo contaram à BBC News Brasil os cientistas responsáveis por alguns dos experimentos, as primeiras pesquisas com o remédio só trarão resultados no fim de maio.

 Nos EUA, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas divulgou um documento no qual contraindica o uso de hidroxicloroquina e azitromicina para tratamento da Covid-19. A recomendação foi elaborada por um painel de especialistas com representantes de pelos menos 13 entidades, como agências governamentais (entre elas a agência que regula remédios, a FDA ,e o Centro de Controle de Doenças, o CDC) e associações médicas americanas.

Pois é…houve mais mortes entre aqueles que receberam hidroxicloroquina que aqueles que receberam tratamento padrão, relataram pesquisadores. Um estudo nos EUA  com 368 pacientes é a maior amostra até agora do uso de hidroxicloroquina com ou sem o antibiótico azitromicina e foi submetido ao New England Journal of Medicine, mas não foi revisado por outros cientistas.

Dr. Richard Levitan, médico intensivista: “Quando uma multidão com Covid-19 começou a sobrecarregar hospitais em Nova York, me ofereci para passar 10 dias em Bellevue. E o que realmente nos surpreendeu: muitos pacientes não relataram problemas respiratórios, apesar dos raios X do tórax mostrarem pneumonia difusa e oxigênio abaixo do normal. Como isso poderia acontecer? Durante esses dias, percebi que não estamos detectando a pneumonia mortal que o vírus causa e que poderíamos estar fazendo mais para manter os pacientes fora dos ventiladores — e vivos”. (NYT)

Errata. Um leitor observou ontem que nota publicada sobre a proporção de assintomáticos estava confusa. Ele tem razão. Os 2 ou 3% representam a população total que foi contaminada e desenvolveu anticorpos contra o covid-19. Devido à essa taxa, provavelmente a imunidade de rebanho não terá efeito. Obrigada pela observação.

ECONOMIA

Mais um dia de queda histórica na indústria do petróleo. O preço do barril do tipo Brent, referência para o Brasil, recuou abaixo dos US$ 20 — seu nível mais baixo desde 2002. Os contratos para junho desvalorizaram em 24,4%, sendo negociados no patamar de US$ 19,33. A queda é resultado da baixa demanda pela commodity. Na véspera, os contratos para maio do WTI americano foram negociados no negativo pela primeira vez devido ao excesso de estoques nos EUA. Para especialistas, o Brent não deve repetir o WTI, mas pode recuar no curto prazo ao patamar de US$ 10 — o que levaria a Opep a cortar mais uma vez a produção. (Globo)

O contrato de maio do WTI, que fechou ontem, deu uma recuperada para pouco acima de US$ 10. Enquanto o de junho, que estava no patamar de US$ 20, despencou mais de 40%, chegando a cerca de US$ 11. Para o Deutsche Bank, quedas desse tipo devem se manter por pelo menos mais um mês. (CNBC)

Para Petrobras, esse cenário significa ainda mais cortes nos investimentos, principalmente no pré-sal. Os planos da estatal foram elaborados para um barril a US$ 40, em média. A companhia, no entanto, tem cortado custos para lidar com cotações de US$ 20 a US$ 25. Sua produção diária foi limitada a 2,07 milhões de barris/dia. Para especialistas, o caixa dos estados e municípios também vão ser afetados com a queda na arrecadação de royalties e participações especiais. (Globo)

Com a B3 fechada pelo feriado, as bolsas internacionais sentiram os efeitos do petróleo. Em Nova York, o S&P 500 fechou em -3,07% e Dow Jones em -2,67%.

Com excessão de Tóquio, que caiu -0,74% a maioria das bolsas asiáticas fecharam em alta. Shangai subiu 0,60%, Taiwan 0,19% e Coréia do Sul 0,89%. Na Europa as bolsas também abriram em alta, animadas com a possibilidade da reabertura dos países. Agora pela manhã, Londres subia 1,73%, Berlim 1,61% e Paris 1,18%.

Com a crise em curso, especialistas já começam a desenhar quais serão as mudanças pós-pandemia. Para o diretor do Eurasia Group, haverá uma redução da globalização e da cooperação internacional. As maiores empresas e países enfrentarão e eliminarão concorrentes menores. Outras mudanças incluem um aumento significativo na oferta de títulos dos governos, arriscando uma crise da dívida. (Axios)

Beata Javorcik, economista chefe de Desenvolvimento do Banco Europeu: “Mesmo que sejamos capazes de combater a pandemia de coronavírus, seus efeitos provavelmente desencadearão nada menos do que repensar a maneira como o mundo faz negócios. Os choques que as cadeias de suprimentos globais estão enfrentando provavelmente repercutirão. O conflito EUA-China não foi resolvido e poderá reacender a qualquer momento. O Covid-19 expôs o que muitos podem considerar uma dependência excessiva de fornecedores localizados na China. O surto de coronavírus causou interrupções nas cadeias de suprimentos em todos os continentes antes que se tornasse uma pandemia. As empresas serão forçadas a repensar suas cadeias de valor globais. Essas cadeias foram moldadas para maximizar a eficiência e os lucros. E enquanto a fabricação just-in-time pode ser a maneira ideal de produzir um item altamente complexo, como um carro, as desvantagens de um sistema que exige que todos os seus elementos funcionem como um relógio foram expostas. Resiliência se tornará a nova palavra da moda. As empresas pensarão mais sobre diversificar sua base de fornecedores para proteger contra interrupções de um determinado produtor, região geográfica ou mudanças na política comercial. Isso significa construir redundância e talvez até se afastar da prática de manter estoques quase nulos. Os custos certamente aumentarão, mas, no mundo pós-Covid, as preocupações com a fragilidade da cadeia de suprimentos surgirão logo após aquelas sobre o custo. As empresas deverão avaliar a resiliência de seus fornecedores de segundo e terceiro níveis também. O coronavírus não vai acabar com a globalização, mas vai mudar.” (Financial Times)

BOLSONARO ENTRA NO JOGO E NEGOCIA COM CENTRÃO

O presidente Jair Bolsonaro está avançando rápido nas conversas para oferecer espaços no governo ao Centrão. Mesmo tendo garantido que não negocia aos manifestantes, domingo, está negociando. A Valdemar da Costa Neto do Progressistas, prometeu o comando do Banco do nordeste e a Secretaria de Vigilância Sanitária, um dos dois postos chaves do Ministério da Saúde. O PP terá o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ao PSD, o governo ofereceu a Fundação Nacional de Saúde. Por enquanto, os principais partidos do Centrão estão fora das conversas — são DEM e MDB. Mas o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, conversa hoje com Bolsonaro. E o presidente do DEM, prefeito ACM Neto, tem reunião marcada para amanhã. As conversas não são tranquilas. Os congressistas, de sua parte, temem que o presidente não cumpra com a palavra. Temem, também, que o objetivo de Bolsonaro seja esvaziar o espaço do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Uma das condições do Centrão, portanto, é de que o Planalto declare um cessar-fogo. (Folha)

José Casado: “Bolsonaro quer eleger o sucessor de Maia na Câmara. Sonha com novos sócios no Centrão, para dominar a pauta legislativa na campanha eleitoral em crise econômica, marcada pelo número de vítimas da ‘gripezinha’. Em público diz que não pretende ‘negociar nada’. Mas atravessou os últimos 15 dias em acertos com líderes do Centrão, entre eles Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (Progressistas), Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicano/Igreja Universal). Alguns são personagens do mensalão e da corrupção na Petrobras. Todos, como Bolsonaro, tentam garantir a sobrevivência política na crise pós-coronavírus, se possível culpando outros pela imprevidência — o número de mortos já é o dobro da semana passada.” (Globo)

Merval Pereira: “Bolsonaro tentou dar ares de apoio dos militares à sua presença na manifestação antidemocrática domingo, mas soube, antecipadamente, que a área militar se incomodava com a escolha como moldura de uma ação política o Quartel-General do Exército. Ele convidou os ministros general Fernando Azevedo e Silva e general Luiz Eduardo Ramos, que recusaram, por considerarem que a presença deles sugeriria que o Exército avalizava a manifestação. Os generais tiveram uma reunião com ele na noite do mesmo domingo, onde ficou combinado que Bolsonaro falaria no dia seguinte para desfazer o clima político tenso, e à noite o ministério da Defesa deu uma nota oficial garantindo que as Forças Armadas obedecem à Constituição. A frase proferida por Bolsonaro na manhã de segunda — ‘Já estou no poder, por que daria um golpe?’ — foi dita a ele na reunião. A investigação já em curso no Supremo sobre as fake news cruzará inevitavelmente com o novo inquérito aberto sobre as manifestações antidemocráticas, pois tudo indica que os mesmos que orquestram as notícias falsas são os que financiam essas manifestações que pedem a intervenção militar. O inquérito caiu, no sorteio eletrônico, para o ministro Alexandre de Moraes, o mesmo que já preside o sobre as fake news. O Procurador-Geral, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito para investigar os atos antidemocráticos, mas excluiu o presidente Bolsonaro do rol de suspeitos de os incentivarem, provavelmente para cacifar-se à vaga do Supremo que se abre em novembro. Mas bastará um parlamentar requisitar ao ministro que inclua Bolsonaro no inquérito que o pedido será encaminhado pelo Supremo à PGR, criando um constrangimento que possivelmente impedirá a não aceitação.” (Globo)

O Planalto começa a organizar um projeto de reestruturação da economia brasileira que ganhou o apelido de Plano Marshall. O ministro Paulo Guedes faz parte do grupo de trabalho, mas é contra. Diz que o país não tem recurso para bancar investimento público. Cuidam do plano, então, os ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, sob comando do chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto. O temor, segundo as jornalistas Thais Herédia e Raquel Landim, é de que, se não forem tomadas medidas de arranque da economia, a reeleição de Bolsonaro corra perigo. (CNN Brasil)

Fonte: @Meio

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