23 Fev 2019

A Netflix no Oscar

Com Roma disputando a estatueta de melhor filme (assista) no Oscar domingo, a estratégia de conteúdo da Netflix vem sendo muito comentada. O colunista de tecnologia do New York Times publicou ontem um artigo de opinião sobre o que considera o principal diferencial da empresa em relação tanto à Hollywood, como ao Vale do Silício. Trechos:

Farhad Manjoo: “Praticamente isolada das outras empresas de mídia e tecnologia, a Netflix pretende capitalizar em cima de um novo modelo cosmopolita de fronteiras abertas e digitais. A maioria de seus assinantes, e de seu faturamento, já vêm de fora dos Estados Unidos. Para atender essa audiência, a empresa tem bancado a produção de centenas de programas produzidos nos mercados onde está presente. Nesse processo, a Netflix descobriu algo surpreendente: apesar do suposto crescimento do nacionalismo ao redor do mundo, muitas pessoas gostam de assistir a programas de TV de outros países.”

“Hollywood e o Vale do Silício têm uma longa tradição de expansão internacional, mas a estratégia da Netflix é fundamentalmente distinta. Em vez de tentar vender ideias americanas para o mundo, busca vender ideias internacionais para uma audiência global. Existe uma diferença crucial entre ela e as outras gigantes de tecnologia: a Netflix faz dinheiro com assinaturas, não com publicidade. Isto muda todos os incentivos. Significa que a Netflix tem motivos para satisfazer cada um de seus assinantes, não apenas aqueles de mercados mais prósperos.”

“Por estar investindo pesado em programas de todo o mundo, a empresa tem razões para distribuí-los para o maior número possível de assinantes. Seus algoritmos estão preparados para expandir os interesses de clientes, em vez de estreita-los. Como resultado, muitos dos programas produzidos acabam sendo vistos muito além de seus mercados locais.”

E nós selecionamos algumas séries de todo o mundo que valem a pena conferir para além das já manjadas Casa de Papel e Dark. Para quem curte thrillers políticos, três boas dicas são: a israelense Fauda, comparada com 24 horas, a francesa Marseille, em que Gerard Depardieu faz o prefeito da cidade lutando pela reeleição contra um ex-aliado, e a indiana Jogos Sagrados, na qual um policial corre contra o tempo para salvar Mumbai da destruição.

Para quem gosta de mergulhar no passado, duas opções: Kingdom, passada na Coréia medieval, e a espanhola Ministério do Tempo, em que os agentes deste ministério secreto voltam para diferentes momentos da história para impedir que ela seja alterada.

Não faltam futuros distópicos, como os da brasileira 3% e o da dinamarquesa The Rain. Nem comédias, como a polêmica série de standup australiana Nanette ou a também brasileira Samantha. Todas boas opções para um binge nesse fim de semana, ou mesmo para o carnaval, que vem aí.

Galeria: Um casal inglês que mantém viva a delicada arte de relojoaria. Restaurando antigos mecanismos e criando e produzindo novos projetos de relógios mecânicos.

O Guia para seu novo Celular

Aqui somos geeks — geeks de notícias, geeks de história, geeks de ciência e geeks de tecnologia. Por conta, com frequência estamos entre as pessoas que os amigos consultam: ‘que celular compro?’

Não é só.

Mesmo entre nós, quando o momento chega de trocar o aparelho, nos perguntamos: ‘estou pensando neste, mas e se fosse aquele?’ E de presto nasce, seja entre chopes, seja em nosso sistema de chat ao qual nos entregamos todos os dias, uma conversa e muitos pitacos.

Para quem pergunta e não vive o mundo de debater tecnologia toda hora, parece coisa que vai trazer uma resposta simples. O aparelho X é o perfeito, esqueça todos os outros. Só que não é uma pergunta simples, porque cada pessoa tem uma expectativa diferente. Agora, na segunda-feira, abre em Barcelona o Mobile World Congress. É o evento anual da indústria e, por conta disto, por toda a semana se falará muito sobre novos celulares. É um bom gancho para nós: hora de inaugurarmos cá uma tradição anual.

Nos permitam de cara estabelecer um princípio: o melhor celular é aquele com o qual a pessoa está acostumada. Quem gosta de Apple, que permaneça na Apple. Quem vai de Samsung, continue. Motorola? Fique nesta.

Mas, por vezes, desperta em nós uma curiosidade: quando uso esta marca, com a qual me habituei ao longo dos anos, o que é que não estou vendo? O que é que perco?

Pois de partida há uma pergunta que salta:

iOS ou Android?

Esta não é uma discussão técnica. iOS é o sistema dos iPhones, desenvolvido pela Apple. Só roda em aparelhos Apple ao ponto de que, basta afirmar, iOS é iPhone. Todos os outros são Android. Os aparelhos da Apple são caros. São também populares.

Nos últimos anos, a Apple investiu em transformar seus produtos em objetos de desejo. iPhones se tornaram símbolos de status e, de presto, todo mundo à mesa reconhece quem tem um iPhone. Alguns identificam, até, se é último modelo. Reduzir o aparelho, porém, apenas ao status construído pelo marketing e pelo preço é pouco. São peças tecnológicas excepcionais. Só há, no mercado, outras três linhas de aparelhos que, em tecnologia, se equivalem aos iPhones. Destas, só uma é vendida no Brasil. (Chegaremos lá.)

iOS é um sistema mais simples de usar. Muda muito discretamente, de uma versão para a outra, configurar é sempre mais fácil do que Android.

Os aparelhos também duram. Upgrades de sistema não tornam um iPhone antigo lento, às vezes até melhoram a performance. Como a Apple produz tanto hardware quanto software, os aparelhos são seguros. Se há uma versão nova do sistema, celulares com até seis anos serão capazes de baixá-la imediatamente. Estão sempre atualizados. Se o usuário resiste à tentação de permitir que qualquer um conserte seu celular, há também uma garantia muito decente para bateria, vidros quebrados.

Há uma última vantagem: os apps. Os aplicativos à disposição na App Store são mais estáveis e mais frequentemente atualizados. Tem motivo: embora muito mais gente use Android, as estatísticas apontam que usuários de iPhone gastam mais com apps. Por conta disto, os desenvolvedores investem mais na plataforma. Esta é uma diferença cada vez menor e tende a desaparecer. Mas ainda tem relevância.

Tudo isto posto, há uma variedade de razões para não usar iOS. A primeira é que iPhones não são os melhores celulares em nenhuma categoria. São excelentes — mas, em nada, os melhores. Há aparelhos com tela melhor, com câmeras melhores, com mais vida de bateria — além de muitos, muitos que são mais baratos.

Além disto, ninguém tem um Android igual. São muito mais configuráveis por dois motivos. O primeiro são os launchers — é possível fazer o download de uma ‘cara’ do sistema. O segundo são os widgets. Na tela de um celular Android, além dos ícones de apps, é possível colocar também janelas de apps — ter a agenda aberta entre os ícones, ou ter ali o resultado do app de corrida, não importa. Aparelhos Android são mais versáteis. Mas isto quer dizer, também, que são mais difíceis de escolher.

Há uma última diferença relevante: o Google, fabricante do Android, é muito melhor de software do que a Apple. Assistentes de voz, que estão para se tornar peças fundamentais de nosso cotidiano digital, dão mostra disso. Siri, a assistente da Apple, está duas gerações atrás da equivalente do Google. Os mapas da Apple, embora tenham melhorado muito, são também bastante inferiores. É possível ter, num iPhone, a assistente do Google, assim como Google Maps. Mas estão encapsulados dentro de apps. Num aparelho Android, são onipresentes, estão sempre à disposição.

Android puro?

O sistema Android é desenvolvido pelo Google e, todo ano, uma versão nova é lançada, assim como atualizações saem a toda hora. A empresa que quiser construir um celular seu e decidir implantar nele o Android pode. Há algumas condições, mas é gratuito. Por isto, a maior parte das fabricantes adapta o sistema, cria uma cara própria — em geral com muitas cores e novos recursos. Raros usam o que chamamos Android puro: o sistema clean, minimalista, exatamente como o Google o imaginou.

Existe um programa chamado Android One. Todo aparelho Android One usa este Android puro. Isto quer dizer que, sempre que o Google faz uma mudança em seu sistema, os celulares são atualizados imediatamente — exatamente como ocorre com iPhones. Aqui no Brasil, a linha Motorola One segue este padrão.

Aparelhos com Android puro são mais seguros por isto. Quanto mais modificado for o Android, mais demora para um fabricante adaptar a nova versão ao seu estilo.

Outra vantagem dos aparelhos com Android puro é que não há o que chamamos bloatware: inúmeros fabricantes, além dos apps oficiais Google, incluem suas próprias versões de email, agenda, aplicativos de exercícios. Tudo dobrado, raramente melhores.

A questão do preço

O que atordoa, no mundo Android, é a questão do preço. Por que, afinal, o excelente Moto G7 Plus custa menos do que R$ 1.700 com tela de 6,24”, e o Samsung Galaxy S9, com tela de 5,8”, sai por mil reais mais?

Os fabricantes dividem celulares em três níveis de preço. O topo do segundo nível costuma sair, mais ou menos, estes mil reais menos do que a base do terceiro. O que se leva com esta diferença?

Dentre os aparelhos vendidos comumente no Brasil, o que faz destacar a linha Galaxy S, da Samsung, são os materiais usados. A sensação do aparelho na mão é de uma solidez ímpar, comparável com iPhones e nenhum outro dente os que temos no mercado. A linha Galaxy S tem, também, a melhor câmera facilmente encontrável no mercado daqui.

O Moto G7 Plus tem uma câmera excelente e é um aparelho que recomendamos com gosto. Equivalente ao iPhone 8, inferior apenas aos iPhones X e Galaxies S9.

Mas as fotografias feitas com a família dos iPhones X e dos Galaxies S são excepcionais. E, no cotidiano, isto faz diferença.

Outra característica da linha Galaxy S é a elegante tela que curva nas bordas — até muito pouco tempo atrás exclusividade Samsung. Tanto Apple quanto Google adorariam ter esta esta característica de design. Mas, como não fabricam seus próprios aparelhos, não encontram quem lhes venda.

Mercado brasileiro?

O que se compra com facilidade no Brasil não encerra o universo dos bons celulares. Há pelo menos três marcas de acesso restrito, por aqui, que merecem ser citadas: as chinesas Xiaomi e Huawei, e a linha Pixel, do Google.

Todas estão à venda no Mercado Livre ou podem ser trazidas do exterior. Xiaomi e Huawei também são vendidas, com promessa de garantia, por revendedoras.

Das três, vale mencionar duas. Porque tanto a linha Huawei P20 quanto a Pixel 3 produzem fotografias com melhor qualidade do que Samsung e iPhone do mesmo ano.

A Huawei tem planos de entrar brevemente no Brasil. Seus aparelhos estão no mesmo nível dos melhores, os P20 têm como os Galaxies telas curvas, e a sensação, à mão, é de aparelhos sólidos. Também como a Samsung, a Huawei faz um Android muito particular, com seus próprios apps e uma cara específica. Mas, nos mercados em que está na Ásia, Europa e América Latina, costuma cobrar menos do que a concorrente sul-coreana. É muito mais negócio.

Nenhum aparelho tira retratos, porém, como os aparelhos do Google. As melhores fotos do mercado por um preço consideravelmente menor. E, claro, Android mais puro não é possível. É, afinal, o celular Android feito pelo próprio Google. Há dois poréns relevantes. São aparelhos com uma cara de qualquer outro. Não parecem exclusivos, a tela de bom padrão se equivale a tantos outros, não há nada que grite: ‘sou diferente!’ O Google vende tecnologia pura como seu sistema, não vende design.

A segunda questão é provavelmente mais relevante: vendido no exterior ou no Mercado Livre, não tem qualquer garantia no Brasil. Deu problema na bateria ou na tela, para resolver só uma viagem ao exterior.

Ainda há a bateria…

Tecnologia de bateria mudou muito nos últimos anos. Há duas características novas nas quais vale prestar atenção.

Uma é a de turbo charge, o carregamento rápido. Muitos aparelhos ali pelo topo do nível dois carregam a bateria toda em menos de uma hora. Os de topo de linha fazem o mesmo.

Outra é a do carregamento sem fio. Tenha uma tábua de carregar à mesa, não é preciso ligar o celular em cabo, basta depositá-lo acima. São peças adicionais ainda caras, mas que tendem a se popularizar. Para algumas pessoas, pode fazer diferença.

E os mais clicados da semana:

1. O Globo: Reforma da Previdência: calculadora faz simulação de aposentadoria.

2. G1: Reforma da Previdência: Entenda a proposta ponto a ponto.

3. NY Times: Relatos de padres gays que começam a sair do armário.

Fonte: @Meio

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