MEDO

Faz frio.
Que barulho é este que se esconde atrás da porta?
Que alma e esta que invade minha alcova?
O que existe de triste no corredor?
É noite, estou só.
Um vento assassino invade pela fresta
Trazendo notícias do além porta.
Meu torso, meu corpo arde em gelidez.
Que barulho é este que se esconde atrás da porta?
E o feto não fecundado?
E a masturbação que não ejaculou?
É um homem que precisa gritar e o calaram?
Seria alguém que de pena abortou?
E o amor que fugiu?
É um ladrão?
Que barulho é este que se esconde atrás da porta?
Na roça, quando criança, no quarto escuro do
(casarão da fazenda,
Eu não teria o que perguntar.
Saberia que o barulho era apenas o uivar dos
(ventos frios
a confundir-se com os pingos da chuva que vinham
(refrescar
o calor gostoso das madrugadas serenas.
Mas que barulho é este, que se esconde atrás da
(porta, afinal?
É o mundo?
É a liberdade que não se encontrou?
É a vida?
É a paz perdida na infância?
É o ódio?
É um ladrão?
Faz frio,
Frio de media.
Calafrio…

Abril de 1975, do livro “POETA MODERNO”, por Bosco Martins

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