18 de Janeiro de 2021

ECONOMIA

A suspensão da produção da Ford Brasil é só o mais recente marco de um processo de desindustrialização que ocorre há anos, segundo especialistas. Por dia, pelo menos 17 fábricas fecharam as portas nos últimos cinco anos. Só no ano passado, foram 5,5 mil. Ao todo, entre 2015 e 2020, foram extintas 36,6 mil, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “Além do custo Brasil, mais recentemente a produtividade caiu, e parte do parque industrial não se modernizou”, explica o economista Fabio Bentes. A fatia da indústria da transformação no PIB deve descer a 11,2% em 2020 — o menor patamar da série iniciada em 1946. Com a pandemia, ficou abaixo dos 10% pela primeira vez entre janeiro e julho de 2020.

As multinacionais estão entre essas fábricas. Desde 2018, ao menos 15 de vários setores deixaram o país. A participação de estrangeiros na compra de empresas no Brasil, que já foi de 50,9% em 2015, caiu para 23,6% em 2020, mesmo com condições favoráveis, como o câmbio, segundo a consultoria PwC. (Globo)

Os pedidos de falências no Brasil cresceram pela primeira vez desde o fim da dupla recessão de 2015 e 2016. Tiveram alta de 12,7% em 2020, e os pedidos de recuperação judicial subiram 13,4% na comparação com 2019. As micro e pequenas empresas são as mais afetadas: representam cerca de 85% do total de falência. E entre os setores, os serviços responderam por 40% dos fechamentos.

Pois é… Com o fim dos estímulos governamentais, a distância entre as grandes e pequenas empresas vai aumentar em 2021, segundo especialistas. As maiores empresas iniciaram a crise em situação mais “confortável — acessaram rapidamente as linhas bancárias e também operações de mercado para ampliar o colchão de liquidez. E essa potencial concentração de renda e poder nas grandes corporações já preocupa. “As pequenas e médias são grandes empregadoras”, diz Leonardo Coelho, sócio-diretor da Alvarez & Marsal. “Mais de 50% da mão de obra estão com elas.”

Alguns setores já estão se concentrando. Segundo a GfK, de janeiro a outubro, a participação de mercado dos cinco maiores clientes de varejo de bens duráveis da consultoria subiu de 50% em 2019 para 57% neste intervalo em 2020. Entre as líderes estão Via Varejo e Magazine Luiza.

VIVER

Aconteceram ontem as primeiras provas do Enem, a despeito de pedidos de governos estaduais e da Defensoria pública para o adiamento em função da pandemia. O exame teve a maior abstenção de sua história: 51,5% dos inscritos. Apesar disso e das salas lotadas, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, considerou o Enem um sucesso. Ele atribuiu a ausência recorde ao medo de contágio, a decisões judiciais e, claro, à mídia..

A Covid-19 não foi ignorada apenas na manutenção dos testes, ela ficou de fora também das questões, que tradicionalmente abordam assuntos da atualidade. O tema da redação, “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, foi elogiado por especialistas. A segunda prova acontecerá no próximo domingo.

Em pelo menos quatro estados (PR, RS, SC e SP), estudantes não puderam fazer a prova porque as salas a que tinham sido destinados estavam lotadas. Eles terão de fazer uma reaplicação em fevereiro, mas dizem não terem recebido qualquer comprovante de sua situação. Candidatos que faltaram por terem Covid-19 vão ter um novo prazo para pediram a reaplicação.

Antônio Gois: “No caso da atual edição do Enem, a fonte maior de turbulência até agora foi um evento externo imprevisível, a pandemia. Mas, desde o vazamento da prova em 2009 até o erro no cálculo das notas de 6 mil candidatos em 2019, foram vários os problemas enfrentados. Todos eles derivam ou foram agravados por uma deficiência na origem: o fato de a prova ser concentrada em apenas uma data (dividida em dois dias), em todo o país.”

CULTURA

Morreu ontem, aos 81 anos, Phil Spector, um dos mais importantes produtores musicais do século 20. Ele estava internado há quatro semanas em hospital de Los Angeles, para onde fora transferido da prisão onde cumpria pena de 19 anos pelo assassinato da atriz Lana Clarkson, em 2003. Nos anos 1960, Spector revolucionou a produção musical com o conceito de “parede de som” (explicado neste vídeo no Youtube). Foi o que ele fez em um de seus trabalhos mais famosos, Let It Be, último disco lançado pelos Beatles. Paul McCartney odiava os corais e orquestras que ele inseriu em The Long And Winding Road (Youtube). Em 2003, porém, Spector mudou-se das páginas de cultura para as de polícia quando Clarkson morreu a tiros em sua mansão. O produtor disse que ela se matou, mas acabou condenado em 2009.

Fãs do quarteto vocal Boca Livre, fundado em 1978 e um dos mais importantes da MPB, ficaram arrasados com uma publicação da empresária Memeca Moschkovich no Facebook na noite de sábado. Ela informou que Zé Renato, fundador do grupo, e Lourenço Baeta, que substituiu Cláudio Nucci em 1980, estavam deixando o Boca Livre. Maurício Maestro, dono da marca, e David Tygel, devem seguir com o grupo. Embora a mensagem não explicasse os motivos, não eram segredo os crescentes atritos entre Zé Renato, crítico ferrenho de Jair Bolsonaro, e Maurício Maestro, apoiador fervoroso do presidente e de Olavo de Carvalho.

COTIDIANO DIGITAL

Google vai ser alvo do seu quarto processo antitruste nos EUA. Segundo a Reuters, procuradores-gerais de Utah, Carolina do Norte, Nova York e mais estados americanos, se preparam para abrir, em fevereiro ou março, um processo focado na Play Store. A ideia é avaliar a política do Google, que requer que alguns aplicativos usem as ferramentas de pagamento da empresa e paguem ao Google até 30% de sua receita. Essa prática, inclusive, virou centro de críticas de desenvolvedores, e a Epic Games chegou a processar o Google e a Apple após ser excluída das plataformas por utilizar meios alternativos de pagamento.

Após reações negativas, o WhatsApp adiou para 15 de maio a mudança de regras de privacidade. Segundo a empresa, o adiamento é porque houve uma confusão dos usuários sobre o que vai mudar. Desde 2016, o WhatsApp já compartilha informações com o Facebook, incluindo o número de telefone — a menos que o usuário tenha sido um dos que optou, na época, por não compartilhar. Já essa recente atualização é um novo consentimento dos usuários para permitir que seus dados também sejam compartilhados em conversas com contas comerciais. Porém, o novo texto prevê mais coleta de dados, como operadora de celular e identificação da localização, mesmo se o usuário não utiliza esses recursos. Entenda.

Fonte: Meio

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